A iluminação do quarto era fraca. Aquela manhã de outono era fria e escura, me fazendo estremecer mesmo sob as cobertas. Não fui capaz de me mover no momento em que acordei, então permaneci ali, deitado com o corpo virado para a porta do quarto. Nossa casa ficava numa área bem silenciosa e tranquila, então se não falássemos ou fizéssemos alguma coisa, os dias seriam completamente monótonos e calados.
Após um tempo, me virei para o lado em que minha esposa, Byeo-ri, estava a dormir. Me surpreendi ao vê-la acordada antes de mim. Eu fico preocupado porque ela não tem dormido bem ultimamente. O luto parece ter lhe causado insônia.
Ela permaneceu imóvel, recostada na cabeceira, olhando fixamente para a pintura na parede de frente para a cama. Decidi cortar o silêncio de forma suave, para não assustar ela.
"Bom dia, meu bem." - "por que está acordada a essa hora?" Meu tom de voz era baixo. Ela se virou pra mim, olhando em meus olhos.
"Eu não consegui dormir direito." - "dormi por umas três horas e acordei de repente. Acho que estou nessa posição há quase duas horas." Confessou.
Eu não consegui conter minha preocupação. "Só três horas? Meu bem... você precisa dormir." Me sentei ao seu lado, também recostando na cabeceira.
Ela já não olhava em meus olhos. "Eu tenho tido pesadelos com o choro agonizante dela. É por isso que não quero e não consigo dormir, porque tenho medo de ter outro pesadelo tão doloroso."
Me aproximei mais. "Eu sinto muito que você esteja passando por isso." Pensei por um momento. "Não faz bem pra saúde dormir por tanto pouco tempo. Eu não quero te ver doente." - "tente dormir só mais um pouquinho, você parece exausta."
Ela respirou pesadamente. "Não tô' com sono."
Eu não sabia como ajudar ela. Byeo-ri chegou a um ponto em que nenhuma palavra é capaz de confortar ela, muito menos as minhas. Eu só consegui respirar profundamente e olhar para o teto. Nossos rostos estavam sem expressão. Depois de alguns minutos, eu decidi tomar uma iniciativa.
"Quer café?" Sugeri.
Byeo-ri pensou por um momento. "Sim."
Me levantei primeiro da cama. Antes de ir a cozinha, passei no banheiro para lavar o rosto. Após jogar água no rosto, encarei meu próprio reflexo no espelho com a toalha seca em mãos. Meus olhar era vazio e minhas marcas de expressão estavam mais aparentes que o normal. O luto também doía no fundo de meu coração, mas eu precisava cuidar de Byeo-ri. Eu me preocupava tanto com ela que esquecia de mim mesmo.
Na cozinha, peguei um bule e coloquei a quantidade suficiente de água. Enquanto eu assistia o café ser coado, acabei não notando a presença de Byeo-ri. Ela colocou seus braços magros envolta de minha cintura e afundou seu rosto em minha nuca. Eu inconscientemente segurei suas mãos.
Sorri de forma fraca ao sentir sua respiração. "Já tá' quase pronto..." falei num tom suave.
Após um tempo, despejei o café pronto em duas canecas, entregando uma pra ela. Byeo-ri se encostou na ilha no meio da cozinha, dando alguns goles em seu café. Ela parecia distraída olhando para a janela. Sua figura estava um pouco mais magra que o normal, porque ela não estava se alimentando bem. Sua pele antes de um tom quente de marrom agora estava fria. Seu corpo demonstrava o quão triste ela estava.
"Quer comer algo?" Questionei.
Ela negou silenciosamente. Eu franzi o cenho. "Se ficar com fome, pode me avisar." No fundo, eu sabia que ela não me avisaria. Mesmo assim, eu sempre a encorajava a se alimentar.
"Querido..." me chamou. Eu não hesitei antes de olhar em seus olhos. "Eu quero te dar uma coisa."
A olhei com curiosidade, mas não respondi. Ela saiu da cozinha e foi até o quarto que havíamos feito para nossa filha. Byeo-ri voltou com uma caixa de papelão em mãos. Não era muito grande e não tinha coisas escritas. Eu silenciosamente peguei a caixa e a coloquei sobre a ilha. Byeo-ri foi para o outro lado e se sentou numa cadeira alta, colocando seus cotovelos sobre a bancada e descansando as mãos no rosto, olhando para a caixa com um fraco olhar de esperança. Eu abri a caixa com cuidado, me surpreendendo ao ver inúmeras cartas, todas com envelopes de cores diferentes, assim como seus pequenos detalhes.
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그녀가 여기 있었을 때 : Min Yoon-gi.
Roman d'amour"um dia desses, eu te vi nos meus sonhos e desejei dormir pra sempre."
