Eu estava parada na frente de casa faziam dois minutos. Dois minutos desde que ele saiu de lá. Dois minutos desde que ouvi aquelas palavras. Dois minutos desde que percebi o que eu mesma tinha dito.
E agora, eu estava aqui, imóvel, tentando absorver tudo.
Talvez eu tenha exagerado.
Ou talvez estivesse mesmo na hora de superar.
Minha respiração estava descompassada, e meus olhos começaram a arder. Antes que eu percebesse, minha visão já estava embaçada. Eu pisquei algumas vezes, tentando afastar as lágrimas, mas era inútil. Elas continuavam rolando, quentes e salgadas, e eu nem sabia exatamente porque estava chorando.
Tristeza? Raiva? Decepção?
Talvez tudo isso ao mesmo tempo.
Sem pensar muito, entrei em casa, passei pelo corredor apressada e subi as escadas direto para o meu quarto. Assim que fechei a porta, desabei na cama. As lágrimas que eu estava segurando finalmente caíram de verdade.
Não foi um choro exagerado, não era daqueles que deixam a gente sem fôlego. Foi silencioso, contido. Mas foi o suficiente para sentir o nó no meu peito afrouxar, pelo menos um pouco.
Eu não sabia como reagir. Schroeder tinha sido impiedoso.
— “Cresce”? — sussurrei para mim mesma, incrédula.
Mas que idiota.
Ele reduziu tudo o que eu sentia a um capricho infantil. Como se meus sentimentos fossem só uma fantasia que eu deveria ter deixado para trás junto com meus brinquedos de infância.
O problema era que, no fundo, eu sabia que ele não estava completamente errado.
Eu passei anos me agarrando a um sonho. Eu passei anos criando cenários na minha cabeça, anos acreditando que um dia eu seria a senhora Schulz. E, toda vez que a realidade tentava se intrometer, eu afastava os pensamentos negativos e continuava alimentando essa ilusão.
Mas agora ele tinha ferrado com tudo. Ele quebrou o encanto.
E o pior de tudo era que eu ainda gostava dele.
Por mais que doesse, por mais que ele tivesse me humilhado, meu coração insistia em continuar naquele mesmo lugar. E isso me deixava com mais raiva ainda.
— Qual é a porra do meu problema? — murmurei, apertando os olhos. — Por que eu estou chorando por esse garoto? O que ele já fez para me merecer? Mas que inferno… Por que é que eu gosto dele?
Eu não queria mais. Não depois de hoje.
Uma batida na porta me tirou dos meus pensamentos.
Rapidamente, limpei as lágrimas no lençol e pigarreei antes de falar, tentando manter a voz firme.
— Entra.
A porta se abriu, e eu vi Linus parado ali, segurando aquele paninho surrado que ele carregava consigo toda noite.
— Vou fazer pipoca. Quer também?— ele perguntou.
— Não irmãozinho, obrigada.
Pelo tom da minha voz, acho que ele percebeu que eu não estava bem.
Ele entrou no quarto, fechou a porta e se sentou na cama ao meu lado.
— Vem cá. Chega aqui.
Antes que eu pudesse reagir, ele me puxou para perto e passou um braço por cima dos meus ombros. Eu não resisti. Apenas me aconcheguei ao lado dele, sentindo o conforto da presença dele.

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Peanuts 2006: Notas de Beethoven | Schrucy
FanfictionOito anos se passaram desde que Lucy Van Pelt deixou sua cidade natal para viver em Londres com sua família. Agora, aos 17 anos, ela está de volta, mas tudo está diferente: seus antigos amigos cresceram, amadureceram, e o colégio não é mais como ela...