⊹°.★ Capítulo 22: Negação e verdade ★.°⊹

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.° × SCHROEDER SCHULZ × °.

A estrada parecia se estender infinitamente à minha frente, as luzes dos postes passando rápido demais pelos cantos da minha visão. Meus dedos estavam apertados no volante, as juntas estavam brancas pela força que eu fazia. Meu pé pesava no acelerador.

Susan tinha me ligado desesperada. A voz dela ainda ecoava na minha cabeça.

"Schroeder, o seu... o seu pai... ele, meu Deus, o seu pai está no hospital, houve um acidente e... eu estou com ele."

Ela parecia em pânico. Mas o que me deixou mais tenso foi a parte final da frase. "Eu estou com ele."

O que diabos isso queria dizer?

Será que ela estava junto com ele na hora do acidente? Será que também estava machucada? Ou só tinha ido acompanhá-lo no hospital? Eu deveria ter perguntado. Mas na hora, minha cabeça congelou, e agora eu estava dirigindo feito um maluco, com o peito apertado pela incerteza.

Se Susan estivesse ferida, seria um problema. Se não estivesse, ainda era um problema. Porque, nesse caso, o estresse poderia acabar fazendo algo pior — um novo ataque cardíaco.

— Porra... — murmurei para mim mesmo, a raiva crescendo no peito.

O carro à minha frente estava indo muito devagar. Eu buzinava, apertava o volante, xingava mentalmente.

— Anda, caralho!

Nada.

O motorista parecia indiferente à minha urgência.

Minha paciência foi para o espaço. Desviei para a pista ao lado e ultrapassei sem hesitar.

O Schulz Private Hospital logo apareceu à frente. Assim que vi uma vaga, joguei o carro nela sem pensar duas vezes. Só quando já estava saindo percebi que era uma vaga para idosos.

Foda-se.

Corri para dentro do hospital, minha respiração acelerada, os olhos varrendo o saguão. Fui direto até a recepcionista.

— Susan Schulz. Onde ela está?

A mulher começou a digitar no computador, mas antes que ela respondesse, ouvi meu nome ser chamado.

— Schroeder!

Olhei para trás.

Susan.

Ela parecia pálida e tensa, mas não machucada.

Assim que a vi, fui direto até ela, puxando-a para um abraço.

— Graças a Deus, você tá bem.

Alívio.

Essa era a sensação.

— Eu disse que seu pai se acidentou, querido. Eu estou bem.

Menos mal então.

Eu me afastei e examinei seu rosto, certificando-me de que realmente estava inteira.

Ela parecia cansada, os olhos brilhando com preocupação.

— Eu ouvi. Mas não vim por ele, Susan. Achei que você estivesse machucada também. E você me pareceu tão desesperada que… achei que fosse... sabe… acontecer aquilo de novo.

Ela soltou um suspiro e colocou a mão no meu braço.

— Schroeder, eu estou bem. Não se preocupe comigo. Estamos aqui pelo seu pai.

Eu assenti devagar.

Houve um momento de silêncio antes dela me encarar com seriedade.

— Você... realmente não quer saber o que aconteceu com o seu pai?

Peanuts 2006: Notas de Beethoven | SchrucyOnde histórias criam vida. Descubra agora