⋆° . 𐙚LUCY VAN PELT . ˚☆
Eu estava sentada nos degraus da entrada da escola faziam exatamente duas horas e meia. Minhas pernas já estavam dormentes e minha paciência inexistente.
Linus deveria ter terminado o teste do time de hóquei há séculos. Mas, até agora, nada dele aparecer.
Pior: ele não atendia o telefone.
— Mas que inferno, Linus! — resmunguei, bufando ao ver a tela do celular piscando sem resposta.
Eu já tinha deixado umas quinze mensagens de texto para ele. Algumas civilizadas.
Outras nem tanto…
Tentei ligar de novo.
Nada.
O mais irritante era que, quando estávamos em casa, esse idiota ficava grudado no celular o tempo todo, conversando com os amigos londrinos dele. Mas agora, justo quando eu precisava falar com ele, ele resolvia ignorar a existência do aparelho?
Meu pé batia no chão impacientemente. O que ele estava fazendo esse tempo todo? Conversando com os jogadores? Se exibindo na quadra? Morreu?
Queira Deus que sim. Porque se ele estiver vivo, eu mesma vou matar ele.
Suspirei fundo. Eu não ia ficar ali esperando pra sempre.
Levantei, estiquei as pernas e resolvi procurar por ele.
Primeira parada: a quadra de basquete.
Vazia.
Segunda parada: ginásio
Ninguém ali.
Depois, o gramado de hóquei.
Nada.
Minha paciência já estava tão esgotada que eu estava a ponto de invadir o vestiário masculino e arrastar Linus de lá pela orelha — Se ele estivesse ali, é claro —, quando avistei um grupo de meninos no estacionamento.
Reconheci Charlie Brown e, ao lado dele, Schroeder. Linus também estava lá, conversando com dois caras que eu já tinha visto antes, jogavam com os rapazes, eram altos e musculosos — O mínimo para estar no time de hóquei acadêmico mais bem-sucedido do estado.
Mas que…
Revirei os olhos e fui até ele.
Quando cheguei perto, cutuquei seu ombro com força.
Ele se virou e, no segundo em que olhou pra minha cara, soube que estava encrencado. Seu semblante havia mudado. Ele estava preocupado — com a vida que ele possivelmente deixaria de ter dependendo do que ele dirá daqui para frente.
— O que caralhos você tá fazendo aqui? — ele perguntou, confuso.
— Como assim “o que eu tô fazendo aqui”? — cruzei os braços, furiosa. — Linus, eu te avisei que ia ficar te esperando. Eu te mandei mensagem. Umas mil mensagens, na verdade. Qual é o seu problema?
Linus franziu a testa e pegou o celular.
Quando viu as notificações, arregalou os olhos.
— Ah…
— "Ah"?! — cerrei os olhos. — Tá vendo? Mais de dez mensagens e quatro ligações perdidas! O que raios você tava fazendo que não olhou seu telefone esse tempo todo?
Linus abriu a boca, mas eu não deixei ele falar.
— Sinceramente, quando a gente tá em casa você vive grudado nesse negócio, mas agora, justo agora que eu precisava falar com contigo, você simplesmente ignora a existência dele?! — levantei a voz, irritada. — Nem por um momento sequer, dentro dessas duas horas e meia que eu fiquei lá parada na escadaria, você pensou em olhar o telefone?! Minha bunda tá doendo, deve tá até quadrada de tanto que eu fiquei sentada naquela droga de escada, Linus!

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Peanuts 2006: Notas de Beethoven | Schrucy
FanfictionOito anos se passaram desde que Lucy Van Pelt deixou sua cidade natal para viver em Londres com sua família. Agora, aos 17 anos, ela está de volta, mas tudo está diferente: seus antigos amigos cresceram, amadureceram, e o colégio não é mais como ela...