capítulo 25

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{Margareth Sullivan}

Estava dentro do elevador da Velouría, conferi o horário em meu relógio que marcava ser 12:28. Vim do restaurante direto pra cá, já que a coisa é tão importante que envolve até polícia, o que confesso me deixar um pouco preocupada, já que já tenho passagem pela polícia.

Fui avisada que Fabian e Elizabeth estão me esperando no meu escritório, e pelo que meu amigo me informou, a mini Sullivan está prestes a infartar, e doida pra me matar antes disso.

Passei pela secretária que aparentava uma expressão nada boa, acabei por nem dar boa tarde, pelo visto Elizabeth surtou e sobrou até pra coitada.

- Margareth, eu vou te matar. - grita a morena assim que fecho a porta do escritório atrás de mim, avançando em mim.

- vai nada. - digo calma me desviando da morena, retirando meus saltos.

- conta o que houve naquele dia. - o loiro puxou minha irmã para se sentar na cadeira ao seu lado.

- eu encontrei a Cleópatra na boate. - me sento em minha cadeira.

- coitada dela, bota a menina no meio de tudo? - me olha indignada.

- deixa ela falar Beth. - Fabian diz.

"Beth"... Mó nome de velho.

- eu vi um cara beijando a Cleo, e...

- deixa eu adivinhar, e ai você resolveu bater na cabeça dele com uma garrafa de vidro? - fala com sarcasmo.

- é, exatamente isso. - concordo com o homem.

- e dentro da minha boate? - bate a mão na mesa irritada.

- perdi o controle. - passo a língua por meus lábios, os umidecendo. - experimentar tar gostando de alguém, ver a pessoa bêbada e outro ser beijando ela.

- precisava ser na minha boate? - cruza os braços.

- tava do lado de fora da sua boate, eu sou uma boa pessoa. - apoio minhas costas no encosto da cadeira.

- acontece que agora, provavelmente vão investigar a minha boate, e talvez descubram que aquele cara tava chapado, que sempre compra de mim, assim como outras pessoas. - chapado? Compra? A mulher esbraveja.

Estreito meus olhos na direção da garota, meu cérebro rodava igual a uma página de qualquer site quando a internet cai, e a pessoa fica tentando atualizar.

Eu não acredito que ela mentiu pra mim.

Solto um suspiro longo, estalando minha língua no céu da boca, enquanto uma caneta girava em meus dedos, mostrando meu incômodo com isso. Os lábios pressionados, a respiração presa, olhos arregalados e a perca de cor da minha irmã, fez com que tudo se confirmasse.

- voltou a fornecer esse tipo de coisa? - meu tom de voz saiu mais ríspida do que deveria.

Eu nem estou tão brava assim por ela estar vendendo drogas, estou mais brava por ela ter mentido pra mim.

- voltei. - prende os lábios inferiores entre os dentes, sua perna balançava, era notável seu nervosismo diante da situação.

- não confia em mim? - encaro a tatuada.

Desvio meu olhar brevemente para Fabian, que entende o recado, e se retira.

- claro que confio! - exclama.

- então, porque a mentira? - levanto as sobrancelhas.

Na minha visão, ela mentiu sim, até porque, em mimha opinião,  falar que não vai mais vender nada ilícito, e vender, é uma mentira sim. O que custava ela dizer que ia continuar? Eu ia apoiar? Não, ia gostar? Não, ia brigar com ela? Sim, mas mesmo assim, eu ia aceitar, a escolha é dela, ela já tem idade o suficiente pra saber das coisas e tem consciência do que é certo e errado.

O silêncio foi a única resposta que recebi, e sinceramente até entendo o medo que ela sentiu e que nesse momento deve estar sentindo.

- se você tivesse contado, levaria o garoto até outro beco. - se eu conseguisse levar ele pra outro beco com toda certeza faria se eu soubesse. Vi uma carranca se transformando no rosto da outra Sullivan. - e não teria feito em frente a boate, e agora você não precisaria se preocupar com policial investigando ou não a sua boate, ou pelo menos teria tempo pra se organizar ou fazer qualquer outra merda.

- não me dê sermão agora. - bufa. - você mesmo já foi presa, e talvez agora seja presa de novo, porque tá me dando sermão se nem exemplo você é?!

Me levanto respirando fundo, balançando un pouco a cabeça para evitar os fios de cabelo em meus olhos.

- eu nunca, nunca, fui presa por vender qualquer tipo de drogas, ou usar qualquer tipo de drogas. - gesticulo com as mãos, mantendo um tom de voz firme, e a expressão séria. - você já me viu usar drogas ou fumar? Já me viu vender alguma dessas coisas? - pauso. Tô parecendo aquelas velhas dando uma bronca motivacional. - eu já fui presa sim, não tenho vergonha nenhuma de falar, que já fui presa sim, não tem como apagar o passado... Ele sempre vai tar lá, o que eu fiz, tá feito, e se eu já passei por isso, e sei o que é, eu já tenho a absoluta certeza que não quero de maneira alguma que o mesmo aconteça com você!

Ando de um lado ao outro, recuperando pouco o fôlego, e tentando me acalmar, meu coração estava acelerado pela adrenalina, talvez medo, raiva, fraqueza, mas não é o momento pra parar e ver o que realmente tô sentindo.

- você acha legal perder sua liberdade? - apoio minhas mãos na mesa, ficando com o corpo inclinado. - acha legal só porque é taxada de "perigosa"? Eu já perdi minha liberdade, fui taxada de perigosa e outros diversos nomes, e eu te digo, não é legal. - olho ao redor. - acha difícil o peso que você carrega de não errar como eu? Não é esse o peso que você carrega Elizabeth, o peso que você carrega, é o do seu futuro, você ainda tem 25 anos, você tem tempo. - os olhos da mulher a minha frente brilhavam cheios d'água. - você pode errar sim, mas não erre, não seja burra de errar ao ponto de perder a sua própria liberdade.

- perdão... - balbuciou, abaixando a cabeça.

Porra, isso aperta meu coração.

Me aproximo de Eliza, a abraçando de lado, acariciando seus cabelos, ela pode ser retardada, mas eu faria de tudo pra proteger essa garota.

- não perca sua liberdade por burrice. - sussurro.

O silêncio toma conta do ambiente, dessa vez não é um silêncio constrangedor, e sim um silêncio confortável e acolhedor.

Pensando melhor... E se ela quiser ser como eu...? Não me admiraria se eu fosse inspiração dela até nas coisas ruins... muita maluquice eu pensar nisso?

Talvez sim, talvez não, vai se saber né.

Ela sempre disse que me admirava, e que com toda certeza era a minha fã número 1... Óbvio que quando criança, mas eu não tô na cabeça dela e nem sou irmã mais nova pra saber o que passa, o que ela sente, e afins.

- vem, vamos pra casa, depois eu resolvo o que tenho que resolver. - murmuro me afastando um pouco da outra.

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Pra quem achou que eu tinha morrido, que caiu raio, meteoro, que fui sequestrada, que fiquei sem celular, que abandonei a história, eu cheguei, demorei mais cheguei.

Recado do meu coração: não vai ter mais um dia definido pra mim postar, mas vou sempre postar dois de segunda à domingo, em qualquer dia, principalmente agora que eu tô tendo muitos trabalhos e coisas pra fazer do colégio, porque escrever um capítulo exige tempo e concentração, e se eu não tiver isso, além da criatividade vai sair um capítulo de péssima qualidade.

Espero que gostem do capítulo, gostei bastante de fazer ele, e ignorem alguns erros se tiver (eu revisei mil vezes, mas sempre escapa um erro).

Beijos.

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