⊹°.★ Capítulo 16: Sala de música... de novo ★.°⊹

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⋆° . 𐙚LUCY VAN PELT . ˚☆

Meus dedos tocaram a maçaneta, mas não a giraram.

Eu estava hesitando.

Eu vim até aqui decidida. Passei a manhã e a tarde inteira ensaiando o que dizer. Eu queria falar com ele. Precisava disso para me sentir aliviada. Então por que minha coragem estava se esvaziando?

Talvez fosse porque, no instante em que encostei na porta, a lembrança da expressão dele ontem à noite invadiu minha mente.

Aquele olhar de decepção.

Eu tirei minha mão da maçaneta,

E se eu dissesse algo que ele não quisesse ouvir?

E se minha resposta não fosse a que ele esperava?

E se-

— Posso saber por que não abriu a porta? Está me evitando?

Meu coração parou.

Puta merda...

Um arrepio subiu pela minha espinha, e eu me virei num susto. Schroeder estava ali, perto — perto demais. Meu cérebro processou o choque em câmera lenta, e tudo que consegui fazer foi encará-lo como se ele fosse uma assombração.

Ele franziu a testa.

— Lucy?

— O que você está fazendo aqui? — minha voz saiu ofegante.

Ele ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços.

— Não era pra você tá lá dentro? — perguntei.

— Saí um pouco mais tarde hoje, estava ocupado. Por isso só pude vir agora.

Foi só o que ele disse antes de abrir a porta da sala de música.

 Eu continuei parada, ainda tentando me recompor, ainda tentando entender por que diabos meu coração estava batendo tão rápido.

Porra Lucy, se recomponha. Essa menininha nervosa não é você!

Schroeder parou no batente e olhou para trás, os olhos verdes fixos nos meus.

— Entra. — ele disse, sem rodeios.

Respirei fundo uma ultima vez, e então entrei.

Assim que passei pela porta, ouvi o som da fechadura sendo girada.

E da tranca sendo travada...

Me virei imediatamente.

— Você trancou a porta?

Schroeder apenas deu de ombros, caminhando até o piano.

— Eu vou tocar. E eu detesto quando as pessoas entram e interrompem. Estragam o clima. Prefiro evitar essas situações.

Cruzei os braços, estreitando os olhos.

— Aham. Tá. Mas eu estou aqui.

Ele olhou para mim e hesitou antes de responder.

— Só que... você é diferente.

Fiz uma careta.

— Aé? Ontem mesmo você disse que eu era exatamente como as outras pessoas.

Schroeder apoiou a mão sobre o piano e me lançou um olhar divertido.

— O que eu quero dizer é que no seu caso, eu já estou acostumado a ignorar a sua voz. Eu desenvolvi essa habilidade na infância. 

Peanuts 2006: Notas de Beethoven | SchrucyOnde histórias criam vida. Descubra agora