⊹°.★ 14: Um conselho? Cinco pratas ★.°⊹

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⋆° . 𐙚LUCY VAN PELT . ˚☆

A noite passava, mas o sono não chegava.

Eu estava sentada na minha cama, abraçando um travesseiro, olhando para o espelho da penteadeira à minha frente, como se ele tivesse alguma resposta escondida para as perguntas que não paravam de girar na minha cabeça.

O que eu deveria ter dito para ele?

Revirei-me, puxando o cobertor até os ombros, mas a inquietação não me deixava dormir. Fechei os olhos, tentando afastar a memória daquele momento, mas tudo voltava com clareza absurda.

A sala de música. A pergunta dele. O olhar dele.

"Você é como todas as outras, Lucy."

O jeito que ele me encarou, esperando algo que eu não consegui dar. O peso daquele silêncio.

Eu deveria ter falado. Qualquer coisa. Mas não consegui. Não porque não soubesse a resposta, mas porque eu não sabia como transformar o que ele era para mim em palavras.

Suspirei, esfregando as mãos no rosto.

Fui despertada dos meus devaneios pelo som de batidas na porta. Antes mesmo que eu dissesse algo, Linus entrou no quarto, vestindo seu pijama de listras azuis e segurando aquele cobertorzinho velho que ele jurava que não precisava mais, porém, que vivia carregando para os lugares.

— Você ainda dá aqueles conselhos de psicóloga? — ele perguntou, encostando-se à porta com os braços cruzados.

Levantei uma sobrancelha, tentando disfarçar o quanto minha cabeça estava longe.

— Sim, irmãozinho. São cinco pratas.

Linus franziu a testa.

— Porra! Não eram cinco centavos?!

Dei um sorriso presunçoso.

— Meus preços aumentam à medida que meus conselhos são aprimorados.

Ele revirou os olhos.

— Tá, tá bom… caralho, que roubalheira — murmurou, andando até a cama e se sentando na ponta.

Apoiei o queixo na mão, olhando para ele.

— E então? O que tá tirando o seu sono?

Ele suspirou fundo, bagunçando os cabelos.

— A Sally.

Não pude evitar um sorriso malicioso.

— Oh, então temos um problema romântico?

Linus bufou.

— Não é isso… ou talvez seja. Sei lá.

Ele inclinou-se para frente, olhando para as mãos, como se estivesse tentando organizar os pensamentos.

— Passei o dia inteiro pensando no que falar pra ela se ela fosse pra escola hoje. Eu ensaiei um discurso inteiro pra… pra dar um fora nela. Mas eu simplesmente… não consegui me imaginar falando aquilo para ela. Ela não foi hoje, eu nem sequer vi ela. Mas o sorriso dela, os olhos brilhantes, é impossível não me lembrar. E quando lembro, eu sinto que não posso magoar um anjo feito ela.

Peanuts 2006: Notas de Beethoven | SchrucyOnde histórias criam vida. Descubra agora