Forensic Investigation

Irmandade

Mesmo para o primeiro dia... Primeiro dia não, primeiras horas. Mesmo para as primeiras horas juntos, já era notável o quão bem as famílias se deram.

Almoçaram num clima familiar extremamente feliz e contagioso, era como se já fizessem isso há anos e estivessem acostumados uns com os outros. Cora e Mary conversavam sobre a época que se encontravam nos tribunais, muitas vezes em lados opostos. Mary, sendo uma promotora aposentada, já enfrentou Cora muitas vezes no tribunal e era a única promotora que tinha o respeito da advogada.

Henry e David não se encontraram tanto quanto suas esposas, mas foi o suficiente para fazer nascer uma admiração e respeito mútuo entre os dois. Ambos se perderam em assuntos sobre a nova geração de policiais, juízes e detetives. Emma, Renata e Daniel ficaram envoltos em uma conversa aleatória, onde falavam sobre tudo e nada ao mesmo tempo, enquanto o pequeno Henry e Nicolas combinavam de assistir um filme depois do almoço. Regina e Grace, estavam mais quietas, apenas observando seus familiares, mas vez ou outra participavam de alguns assuntos.

Por insistência, ficou decidido que os Mills seriam responsáveis pela ceia do Natal, enquanto os Swan cuidariam do churrasco de Ano Novo. Depois do café, todos se dispersaram: os mais velhos foram descansar um pouco da viagem, enquanto Henry e Nicolas descobriram que Zootopia era o filme favorito dos dois e se acabavam de rir quando os personagens Flecha e Preguicila apareceram na tela. Emma estava com os dois, porque, secretamente, também amava aquele filme. Mas, ela iria dizer que estava lá apenas para supervisionar os dois e não deixá-los sozinhos.

Regina andava pela propriedade, pensando no momento que tinha compartilhado com Emma antes de Henry ir chamá-las no quarto. Por mais que tentasse se convencer do contrário, a morena sabia bem o que estava acontecendo e sabia que não ia conseguir parar nada daquilo. Seu coração, no fundo, nunca deixou de gostar da loira. Aquele sentimento estava apenas adormecido. Ela estava se apaixonando outra vez e não conseguia mudar o rumo daquela constatação. Renata estava certa, desde o começo e ela sempre soube, só não queria assumir isso. Porém, agora não tinha mais como negar algo que estava tão explícito.

E estava claro que Emma estava na mesma página. Mas, como tinham decidido, não falariam sobre isso naquele momento. Deixariam para depois das festas, quando teriam mais privacidade e tempo para realmente prestarem atenção no que seus corações diziam.

Em um determinado ponto de sua caminhada, os olhos de Mills foram atraídos para um ponto um pouco distante, onde uma adolescente estava sentada e parecia estar perdida em pensamentos. A morena estranhou um pouco, pois se lembrava de Emma falar que Grace era uma garota bastante comunicativa.

Caminhou até onde a cunhada estava, com calma, mas sem tentar se esconder. Não queria assustá-la. Faltando poucos metros para alcançar a jovem, Grace ergueu os olhos claros para Regina, que sorriu para a cunhada. Em resposta, a adolescente deixou um sorriso triste escapar.

— Está tudo bem, querida? — perguntou, assim que se sentou ao lado da jovem.

— Digamos que sim, mas ao mesmo tempo não. — respondeu.

— Eu não sou muito boa em psicologia, essa parte da medicina é com a Renata. — riram, apenas um pouco. — Você quer conversar?

A pergunta saiu leve e sincera. Regina já estava sentindo Grace um pouco distante desde o momento que chegaram. A garota pensou por alguns instantes, decidindo se iria falar ou não. Mesmo sem conhecê-la muito bem, Grace sentia que podia confiar em Regina e isso foi o suficiente para que ela conseguisse colocar o que estava sentindo para fora.

— Eu amo meu irmão, de verdade, e entendo que ele precisa de mais atenção e cuidado que eu. Eu sou muito mais velha que ele, a independência que eu tenho, ele está começando a conhecer agora. — respirou fundo. — Mas, às vezes eu sinto falta de passar mais tempo com a Emma. Nós não a vemos muito e quando isso acontece, o Nic acaba monopolizando muito a atenção dela. E eu entendo, mas... — cortou a fala.