{Margareth Sullivan}
O som do carro estava no último, tocando "Highway to Hell", minha voz acompanhava a música, o bom é que posso ser a louca que quiser, gritar, dançar, ninguém vai saber quem está do lado de dentro do carro pelo vidro fumê.
Paro na rua um pouco abandonada, em frente a fachada desgastada e velha do restaurante, se é que isso pode ser chamado de restaurante. Assim que entro no estabelecimento, um garoto alto, magro, de cabelos loiros, e muito parecido com o salsicha do Scooby-Doo, gritou, gritou tanto, que eu precisei dar uma olhada para trás, só pra garantir se ele tava vendo alguma assombração atrás de mim.
Não, nenhuma assombração, povinho dessas gerações são esquisitos né.
Antes que eu pudesse falar pelo menos um "boa tarde", Athena abriu uma porta abruptamente, aparentemente preocupada com o que estava acontecendo.
- espanhola saradona? - levanta as sobrancelhas. - o que tá fazendo aq? - a ruiva tira o olhar de mim, analisando o loiro. - e o que aconteceu com você?
Meus olhos correram ao redor, algumas mesas quebradas no canto, eu não conseguia definir qual é a cor da parede, já que estava com tantas marcas de tempo, que cobriam praticamente a parede toda, e as partes que não cobriam, a tinta estava desgastada e descascando. Balanço a cabeça tentando tirar os olhos dali, e evitar a agonia que me causava.
Eu não teria coragem de comer aqui. Não mesmo, nesse estado nem que me paguem.
- ela... eu sou muito fã dela. - murmurou o garoto, apontando para mim.
Eu tenho um fã, além da minha irmã né... Se bem que ela tá mais pra inimiga do que fã.
- vá tomar uma água Levi, e se acalmar. - mandou Athena, girou bos calcanhares, e me encarou de cima abaixo. - e você? Tá fazendo o que aqui?
- vim fazer uma proposta para o dono daqui, soube que ele não é só o dono, como trabalha por aqui. - coloco as mãos no bolso da calça. Geralmente os donos trabalham no seu próprio estabelecimento né Margareth, vai trabalhar na concorrência?! - pode chamar ele?
- Cleópatra tem algo haver com isso? Ela que pediu para você vir aqui? - cruzou os braços.
- não, Cleópatra não pediu para mim vir aqui, eu vim porque minha irmã me pediu pra vir aqui. - me aproximo mais do balcão. A cara nem treme pra mentir. - ela quem quer fazer a proposta, mas como não pode vir, vim eu.
Mas vamos ver, por um lado, Cleo não me pediu pra vir aqui, ela pediu pra mim ajudar ela. Ou seja, não menti... Ok... Não menti totalmente.
- vou chamar o Manuel. - fala meio desconfiada.
Após um bom tempo da ruiva ter entrado lá pra dentro, ela voltou juntamente de um homem de meia idade, barrigudo, e com cabelos apenas nas laterais da cabeça, o famoso aeroporto de mosquito.
- bom dia, a senhora que queria conversar comigo? - gesticulou com as mãos. Ele tem cara de cachaceiro.
Vemos e não julgamos Margareth. Meu subconsciente diz, e eu sou obrigada a responder.
Vemos, ouvimos, e julgamos sim, e ainda rimos.
- bom dia, prazer senhor Manuel, me chamo Margareth Sullivan. - estendo a mão, e o senhor aperta em forma de cumprimento. - vim em nome de Elizabeth Sullivan para lhe fazer uma proposta, que talvez o senhor esteja interessado.
Manuel me levou até uma sala, que ele chama de escritório né, eu não sei se poderia dizer o mesmo sobre a sala que considerei ser para guardar coisas não eram usadas.
Expliquei as intenções de minha irmã, dei exemplos, contei um pouco de história de minha irmã nessa área do comércio de alimentação espanhol, não só do espanhol, mais também do brasileiro, e do italiano, onde ela também tem comércio, e é muito bem conhecida, lhe disse o valor que ela estaria disposta a pagar, e que ela não demitiria ninguém, nem mesmo ele. Até parecia que eu estava dando uma palestra.
- eu achei muito interessante a propos...
Meu celular tocou, alguém me ligava e novamente, em uma péssima hora.
- por favor, me dê um minuto. - peguei meu celular, me levantando, quem me ligava era Fabian.
– Margareth? Que porra você fez? - arqueio uma sobrancelha.
- hum? - sai da pequena sala.
– você está sendo intimada a comparecer na delegacia amanhã, às 15horas da tarde, por ser suspeita de espancar um playboy rico.
- eu?! Tem certeza que não confundiram? - ando de um lado ao outro.
– tenho absoluta certeza.
- pode ter certeza que foi engano. Eu nunca na minha vida toda agredi um playboy sem ser fora da escola ou faculdade, eu ju... - paro, fecho os olhos, levando a mão esquerda até minha testa.
O cara da boate.
– pelo jeito, lembrou que fez algo.
- sim, sim eu... - olho pra porta da sala onde minutos atrás eu estava. - Fabian, conversamos depois, eu estou no meio de uma reunião importante.
Desligo a ligação, coloco meu celular no silencioso, e volto ele no bolso da calça. Peço licença para entrar novamente na sala de Manuel, me concentrando para voltar a falar do que realmente importa, é claro que eu ser presa importa muito, não quero ser presa, já pensou ficar mais tempo ainda longe da minha rainha? Mas eu não ia deixar o coitado esperando eu terminar de falar com fabian né.
Eu e o homem conversamos mais um pouco, combinamos um dia para que Eliza viesse assinar o contrato, e até saímos um pouco sobre o assunto da negociação, ele me contou sobre algumas dificuldades que passava em casa, que tinha filhos, até me mostrou fotos dos três filhos dele. E é óbvio que eu quis conhecer eles, e é claro que ficamos mais meia hora conversando sobre assuntos aleatórios.
Mas os fihos dele são tão lindinhos, tão fofos, que dá até vontade de encomendar um, mas sempre que isso acontece, eu vejo uma criança perto de mim fazendo birra, e desejo que a encomenda que nem pedi, nunca chegue.
No final, fui convidada juntamente de minha irmã para um almoço ou jantar na casa do homem, minha esperança está que exista mais senhores como ele, eu com toda a certeza não serei uma dessas.
- oh saradona! - escuto um grito enquanto eu saio do estabelecimento, olho para trás, vendo Athena vir em minha direção. - foi abrir um novo restaurante lá dentro? Ficou no mínimo umas 3horas.
- não, e tínhamos coisas muito importantes para falar. - sim, eu estou falando da parte que a gente falou sobre os filhos dele, já disse que quero um?
- me conta, o que vocês tavam conversando? E qual foi a proposta que sua irmã pediu pra você fazer pro Manuel? - se aproximou com os olhos brilhando em curiosidade.
- ah... - olho para o relógio em meu pulso. - infelizmente não vai dar, tenho que ir.
- Margareth! - grita, mas eu continuo meu caminho para o carro.
Ela sobrevive, logo ela vai saber.
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Oii pessoas, não abandonei vocês, sei que tô que nem obra de prefeitura, prometo em um dia, e só entrego depois, mas pelo menos eu entrego, e tá mais fácil eu morrer, do que eu abandonar vocês por vontade própria, literalmente.
Espero que gostem do capítulo.

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Girassóis à Beira-Mar
RomanceMargareth Sullivan, uma empresária espanhola tão fria quanto o mar que tanto ama, vê sua vida meticulosamente organizada virar de cabeça para baixo quando conhece Cleópatra Nunes, e está disposta a fazer o que for preciso para ter a senhorita Nunes...