.° × SCHRODER SCHULZ × °.
A noite estava silenciosa.
Os ponteiros do relógio passavam um pouco das onze quando larguei o livro que tentava ler e decidi encarar a parede do meu quarto, pensativo.
O momento do jantar ainda rodava na minha mente. Eu estava vendo e revendo aquelas cenas.
Não porque o meu pai tenha dado alguma notícia bombástica ou feito um grande discurso. Na verdade, ele não fez absolutamente nada. Nada além de agir como um pai e um marido normal.
E isso era estranho.
Muito estranho.
Suspirei, virando para o lado. O abajur lançava uma luz fraca sobre a escrivaninha, iluminando partituras espalhadas pela mesa. Toquei as teclas do piano ao meu lado, mas não senti vontade de tocar música alguma.
Foi então que o celular vibrou.
Peguei o aparelho e vi o nome piscando na tela: Charlie Brown.
Uma mensagem.
|💬 Charlie: Posso dar uma passada aí na sua casa pra gente conversar? To com saudades do meu loirinho :)
Fiz uma careta.
A essa hora?
|💬 Schroeder: Não.
A resposta foi rápida e seca. Mas antes mesmo que eu pudesse soltar o celular, ele vibrou de novo.
|💬 Charlie: Putz, meu… olha pela janela.
Franzi o cenho e levantei da cama, caminhando até a janela do quarto.
E lá estava ele.
Charlie estava parado na calçada, mãos enfiadas nos bolsos do moletom, balançando o corpo de leve como se estivesse impaciente. Mas o que me fez hesitar foi a expressão no rosto dele — uma mistura de cansaço e urgência, como se ele realmente precisasse falar com alguém.
Suspirei.
Abri a janela.
— Você sabe que pode simplesmente dar meia volta, ir pra casa e dormir, né?
Charlie ergueu os ombros.
— Não consigo. Tenho que falar com você.
Mordi o lábio. Não queria socializar. Mas também não queria mandar ele embora.
— Entra pela porta de trás — falei.
Ele sorriu de leve.
— Obrigada amorzinho. — ele disse, como piada.
°˖ ☾ . Schroeder ⋆ 𖤓 。°.
Minutos depois, Charlie entrou no meu quarto, jogando-se na poltrona perto da escrivaninha.
— Beleza — falei, cruzando os braços. — O que aconteceu?
Ele respirou fundo, passou a mão pelos cabelos e então puxou um envelope do bolso.
— Eu tô recebendo cartas.
Levantei uma sobrancelha.
— Não é a primeira vez. — eu disse.
— Mas essas cartas são diferentes, e muito especiais.
— Hm. E são de quem?
— Aí é que tá. Eu não sei!
Peguei o envelope, abrindo cuidadosamente. O cheiro suave de perfume preencheu o ar, e no canto, havia uma marca de batom. Era um beijo.
Tenho que admitir, é fofo.

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Peanuts 2006: Notas de Beethoven | Schrucy
FanfictionOito anos se passaram desde que Lucy Van Pelt deixou sua cidade natal para viver em Londres com sua família. Agora, aos 17 anos, ela está de volta, mas tudo está diferente: seus antigos amigos cresceram, amadureceram, e o colégio não é mais como ela...