.° × SCHRODER SCHULZ × °.
Subi as escadas direto para o meu quarto, sem tirar os sapatos nem cumprimentar ninguém. Fechei a porta atrás de mim e me joguei na cadeira em frente ao piano. Minhas mãos tocaram as teclas automaticamente, como se meu corpo soubesse o que fazer enquanto minha mente vagava.
Eu ainda estava pensando nela.
Lucy…
Eu realmente achei que ela teria uma resposta. Achei que, de todas as pessoas, ela seria diferente. Lucy sempre tem algo a dizer, sempre rebate, sempre encontra um argumento. Mas dessa vez... nada.
Ela me olhou e ficou em silêncio.
O que isso significa?
Talvez ela seja como todo mundo. Ou talvez eu não tenha nada de especial, nada além de beleza e talento com o piano.
Meus dedos deslizaram pelo teclado, criando uma melodia baixa, quase triste. Fechei os olhos e tentei organizar meus pensamentos.
Será que eu realmente me resumo a uma combinação de características físicas perfeitas?
Bonito. Alto. Loiro. Pianista.
Ou será que ninguém nunca quis enxergar o que tem além disso?
Ou então, pior… será que não há nada além disso?
A melodia saiu mais pesada, notas carregadas de uma angústia que eu nem sabia explicar.
A melodia saiu do tom. Meus dedos hesitaram por um instante sobre as teclas, e um erro tão pequeno cortou o ar.
— Inferno!
Frustração.
Fechei a tampa do piano de uma vez, soltando o ar pesadamente.
Antes que eu pudesse me afundar ainda mais nesses pensamentos, um som suave quebrou o silêncio do quarto.
Toc toc.
A porta se entreabriu, revelando Susan — minha madrasta.
— Schroeder, querido, já está na hora do jantar.
Eu franzi a testa.
Jantar?
Minha primeira reação foi estranhar a presença dela ali. Susan nunca vinha me chamar para jantar. Na verdade, ninguém chamava.
Aqui em casa, jantares eram eventos formais, reservados para datas específicas. Aniversários. Feriados. Ou quando meu pai tinha algo importante a dizer.
E era isso que me preocupava.
— O meu pai… está em casa? — perguntei, sentindo um leve aperto no peito.
Ela sorriu, um sorriso pequeno.
— Sim.
— Certo — murmurei, me levantando e seguindo Susan pelo corredor.
Quando cheguei à sala de jantar, ele já estava lá.
Meu pai.
O Dr. Alexander Schulz. O homem que escolhia, todos os dias, estar em qualquer lugar do mundo que não fosse nesta casa.
Ele ergueu os olhos do prato e me analisou por um momento. Era engraçado… ou trágico, talvez. Quando ele me viu, seu rosto permaneceu neutro.
— Schroeder.
Assenti em resposta e me sentei.
°˖ ☾ . Schroeder ⋆ 𖤓 。°.

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Peanuts 2006: Notas de Beethoven | Schrucy
FanfictionOito anos se passaram desde que Lucy Van Pelt deixou sua cidade natal para viver em Londres com sua família. Agora, aos 17 anos, ela está de volta, mas tudo está diferente: seus antigos amigos cresceram, amadureceram, e o colégio não é mais como ela...