Em um universo alternativo onde os Vingadores permanecem unidos após os eventos de "Guerra Civil", Ellie Stark, uma jovem vidente e protegida de Tony Stark, luta para equilibrar sua vida como agente da S.H.I.E.L.D. e suas visões que constantemente a...
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A música alta ecoava pelas paredes do Complexo dos Vingadores, mas Ellie mal a ouvia. Ela estava sentada sozinha em um canto afastado da sala, cercada por uma mesa cheia de petiscos, salgadinhos e refrigerantes, o que era um contraste nítido com a festa animada que tomava conta do lugar. Uma mistura de agentes da SHIELD e Vingadores circulava pela grande sala, rindo, dançando e conversando. Era uma celebração comum para qualquer evento, mas para Ellie, era uma noite de desconforto.
Ela nunca foi fã de festas. O barulho, as conversas rápidas, a energia vibrante dos outros… era tudo demais. Ela preferia a calma, o silêncio, os momentos em que podia ficar sozinha com seus pensamentos. Mas, como de costume, Tony Stark sabia como ser insistente, e ele insistira para que ela fosse. "Todo mundo precisa se divertir um pouco, Ellie. Você nunca sabe quando vai ser sua última noite para fazer isso" ele dizia com aquele sorriso característico. E, claro, não deu tempo para ela argumentar.
Ellie suspirou e pegou um copo de coca-cola. Seus olhos, apesar de não estarem realmente focados, se fixaram em um ponto específico da festa. Bucky estava ali, do outro lado da sala, conversando com uma agente da SHIELD. Ele parecia tão à vontade, o oposto do que era em momentos privados. Ela sentiu uma pontada de algo difícil de identificar. Inveja? Desconfiança? Ou apenas o desconforto de vê-lo tão próximo de outra pessoa? Ele estava com um sorriso leve, os ombros relaxados, enquanto a agente ria de alguma piada que ele fazia. Ellie tentou não olhar demais, mas seus olhos sempre voltavam para ele. Algo nele a atraía irresistivelmente, como se ela não conseguisse deixar de observá-lo.
Ela engoliu um gole de refrigerante e começou a mexer na comida, sem realmente prestar atenção no que estava fazendo. A conversa entre Bucky e a agente se desenrolava com uma naturalidade que fazia Ellie se sentir ainda mais deslocada. Ela sabia que Bucky tinha seu passado, suas dores, mas, ao vê-lo interagir com as outras pessoas, com uma leveza que ela não conseguia entender, ela sentia uma mistura de frustração e confusão.
Era como se ele tivesse duas versões de si mesmo, e Ellie estava desesperadamente tentando entender qual delas era real.
De repente, uma voz suave e divertida interrompe seus pensamentos.
— Você está olhando tanto para ele que vai acabar pegando fogo, Ellie. — A voz de Natasha Romanoff, ou "Tia Nat", como Ellie costumava chamar, soou ao lado dela.
Ellie olhou para o lado e viu a Viúva Negra, com seu sorriso malicioso, sentando-se ao lado dela. Natasha olhou para onde Ellie estava olhando, seguindo seu olhar até Bucky, que agora estava se inclinando para trás na cadeira, rindo de algo que a agente dissera.
Ellie ficou desconcertada, corando levemente, mas Natasha apenas deu uma risadinha.
— Sabe, ele parece estar se divertindo muito. Não é o que você queria, não é? — Natasha perguntou, os olhos penetrantes observando Ellie.
Ellie franziu a testa, tentando esconder o desconforto.
— Não sei do que você está falando. — Ela respondeu, forçando um sorriso. — Só estava observando.
Natasha arqueou uma sobrancelha, com um sorriso travesso.
— "Observando". Claro, Ellie. Você tem esse olhar de quem "só está observando". — Natasha deu uma risadinha e olhou para Bucky novamente. — Ele é um enigma, não é? Você nunca sabe o que ele está pensando, mas é difícil não notar o efeito que ele tem nas pessoas.
Ellie sentiu sua garganta apertar. Ela sabia que Natasha estava apenas brincando, mas aquilo a incomodava de uma maneira que não conseguia explicar. O modo como Bucky estava conversando com a agente da SHIELD, como se estivesse se esquecendo dela... Não, não era exatamente isso. Era o modo como ele parecia tão à vontade, tão confiante. E Ellie, por mais que tentasse, não conseguia se sentir tão relaxada quanto ele.
— Não é fácil… — Ellie começou, mas parou, sentindo o peso das palavras antes de soltá-las. — Ele é complicado. Parece tão… distante, mas ao mesmo tempo, tão presente. — Ela olhou para Natasha, os olhos brilhando com uma confusão que ela não conseguia esconder. — Como alguém como ele pode ser tão difícil de entender?
Natasha cruzou os braços e se encostou na cadeira, observando Ellie com atenção.
— Porque ele tem um passado, Ellie. E um passado difícil, como o seu. — Natasha respondeu de maneira mais séria, sem perder o tom amigável. — Você sabe disso, não sabe? Ele carrega uma quantidade enorme de peso. Ele tenta não mostrar, mas está sempre ali, o tempo todo. O que você está vendo é uma fachada. Ele tenta parecer forte, mas, no fundo, ele ainda está lidando com as cicatrizes.
Ellie não conseguia desviar o olhar de Natasha. Por mais que fosse difícil para ela, ela sabia que o que Natasha estava dizendo era verdade. Ela podia ver isso em Bucky – nas pequenas mudanças em sua expressão, nas pausas silenciosas, no modo como ele se fechava quando alguém tocava no passado dele.
— Eu não sei se consigo lidar com isso, Tia Nat. — Ellie confessou, sua voz suave, quase inaudível. — Ele parece tão distante, tão… fora do meu alcance. Ele nem mesmo sabe que estou aqui.
Natasha sorriu com um olhar terno.
— Mas você está aqui. E isso é um começo, Ellie. Ele não pode perceber tudo de uma vez. É um processo. As coisas boas, as grandes coisas, não acontecem de uma hora para outra. — Ela fez uma pausa, olhando para Bucky mais uma vez. — E quanto a ele… ele não vai te deixar ir embora. Ele tem mais para dar do que pensa, e você, mais do que qualquer outra pessoa, pode vê-lo por quem ele realmente é.
Ellie respirou fundo, sentindo o peso das palavras de Natasha. Ela sabia que a Viúva Negra tinha razão. Natasha sempre tinha razão, especialmente quando se tratava de entender pessoas e sentimentos. Mas isso não tornava tudo mais fácil. As palavras de Natasha estavam mexendo com algo dentro dela, algo que ela não queria admitir. A verdade era que, talvez, Ellie tivesse medo de se abrir para ele, medo de se entregar a algo que pudesse ser frágil demais para suportar.
— Eu não sei… — Ellie disse, pensativa. — Eu não sei se tenho coragem. O que se ele não sentir o mesmo? O que se eu só acabar me machucando ainda mais?
Natasha sorriu, mas dessa vez com mais suavidade.
— Ellie, o amor é sempre um risco. Sempre será. Mas se você não der o primeiro passo, como vai saber o que poderia ser? — Ela deu um sorriso travesso. — Além disso, você já está dando o primeiro passo. Olhe para ele agora. Ele não está tão distante quanto você pensa. E você não está tão longe quanto imagina.
Ellie olhou de relance para Bucky, que agora estava de volta à conversa com a agente. Seus olhos, no entanto, já estavam fixos nela de uma maneira que a fazia sentir algo estranho no peito. Havia algo ali, um convite tácito, algo que ela ainda não sabia nomear. Ela não podia negar. O que quer que fosse, o que quer que acontecesse entre eles, era real. Mais real do que ela queria admitir.
Ellie sentiu o coração apertar no peito, mas sorriu suavemente para Natasha.
— Você sempre tem essas respostas, não é? — Ellie disse, com um pequeno sorriso, tentando disfarçar a vulnerabilidade que ela sentia.
Natasha deu uma risadinha e, com um toque de leveza, respondeu:
— Bem, eu sou a Tia Nat, e minha missão é sempre dar um empurrãozinho nas coisas que você tenta esconder de si mesma.
Ellie riu, sentindo um pouco da tensão diminuir. Por mais que as palavras de Natasha a deixassem confusa, também as fazia sentir mais forte. Talvez houvesse algo ali, algo entre ela e Bucky, que ela ainda não estava pronta para ver, mas que talvez fosse inevitável. E isso, por si só, já era um começo.