⊹°.★ capítulo 11: Eu sou como todas as outras ★.°⊹

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⋆° . 𐙚 LUCY VAN PELT . ˚☆

Schroeder tocava.

Seus dedos deslizavam pelas teclas do piano como se pertencessem a elas, como se a música estivesse viva dentro dele. A melodia preenchia a sala, envolvente e hipnotizante, tornando o momento algo quase sagrado. Não fazia ideia de qual música era, mas eu tinha certeza de que não era Beethoven.

Eu o observava, os braços cruzados sobre o piano, apoiando o queixo nas mãos. Havia um misto de admiração e frustração em mim.

Admirava o jeito que ele tocava, tão envolvido, tão entregue.

Mas odiava a forma como os outros o viam.

— Eu não acredito que elas fazem isso — soltei de repente, balançando a cabeça.

Schroeder não respondeu. Continuou tocando. Mas eu sabia que ele estava escutando. Ele sempre escutava.

— Elas olham pra você como se você fosse um troféu, um prêmio a ser conquistado. É ridículo.

Ele suspirou, mas não interrompeu a melodia.

— É sério! E hoje, na quadra? A menina do meu lado teve a audácia de dizer que era injusto ter só um de você e que odiava a ideia de ter que te dividir.

Revirei os olhos, batendo de leve na tampa do piano.

— Dividir o quê?! Não tem nada pra ser dividido! Ela falou isso como se você fosse, sei lá, um batom de edição limitada.

Schroeder continuou tocando, os olhos fixos nas teclas, mas seu maxilar se contraiu.

— Parece que elas só querem você porque você é alto e bonito. Tipo um chaveiro de luxo pra pendurar no braço e exibir por aí. E ainda ficam se encarando como se você pertencesse a alguma delas e as outras fossem invasoras. E se acham no direito de ficarem revoltadas quando alguém olha.

Dessa vez, ele parou.

O silêncio que se seguiu foi tenso, como se a sala tivesse sugado todo o ar de repente.

Antes que eu pudesse reagir, ele se levantou do banco, caminhando até onde eu estava encostada no piano.

E, num único movimento, segurou minha cintura com firmeza e me ergueu, me colocando sentada sobre o instrumento.

O choque me fez prender a respiração. Nossos rostos ficaram perigosamente próximos, tão perto que eu conseguia ver a leve contração em sua mandíbula, o brilho nos olhos verdes, o peso de algo que ele parecia estar segurando há muito tempo. Ele manteve suas mãos na minha cintura.

Meu coração disparou.

Havia uma tensão ali.

Densa.

Pesada.

Sufocante.

— Tá — ele começou, a voz baixa, mas firme. — Mas e você?

Franzi a testa.

— O quê?

— Pode me dizer o que te faz diferente delas?

Peanuts 2006: Notas de Beethoven | SchrucyOnde histórias criam vida. Descubra agora