⊹°.★ Capítulo 06: Charlie pede pizza ★.°⊹

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SCHROEDER SCHULZ

Estacionei o carro em frente à casa do Charlie e soltei um suspiro. Ainda era cedo para bater na porta de alguém — tão cedo que eu nem sequer tinha tomado café da manhã — mas quem se importa? Charlie e eu tínhamos intimidade o suficiente para que eu entrasse pela janela do quarto dele de madrugada. Então, estar ali àquela hora não era nada demais.

Além disso, meu objetivo era claro: arrastar meu amigo de ressaca para um compromisso que ele não fazia ideia de que teríamos e que, sem dúvida, preferiria evitar.

Saí do carro e caminhei até a porta, batendo algumas vezes.

Débora, a empregada dos Brown, atendeu. Eu tinha quase certeza de que ela era amante… da esposa do Sr. Brown, não dele. Ela deveria ter uns 36 ou 37 anos e, naquele momento, segurava um pano de limpeza, claramente no meio do trabalho pós-festa.

— Bom dia, Schroeder. — disse, ajeitando o avental.

Olhei por cima de seu ombro e vi o estrago que a noite passada tinha deixado para ela. Garrafas espalhadas, copos sujos, balões murchos, alguns estourados, uns que ainda voavam estavam bem alto, e havia um cheiro distante de álcool misturado com produtos de limpeza.

— Bom dia, Débora. — respondi, tentando não demonstrar pena. Eu odiaria estar no lugar dela agora.

Ela sorriu de canto, como se adivinhasse exatamente o que eu estava pensando.

— Ele está no quarto. Pode subir.

Agradeci e entrei.

Subi as escadas de mármore da casa dos Brown— sempre achei elas bem sofisticadas. Parando em frente à porta do quarto de Charlie, hesitei por um segundo. Era melhor bater antes de entrar. Conhecendo Charlie, era bem provável que ele não estivesse sozinho.

Bati três vezes.

— Charlie, sou eu. Schroeder.

Ouvi o barulho de passos apressados e, alguns segundos depois, a porta se abriu. Charlie apareceu vestindo seu roupão de banho de qualquer jeito, os cabelos um caos e os olhos vermelhos. Assim que saiu para o corredor, ele fechou a porta rapidamente atrás de si, evitando expor a garota que ainda estava lá dentro.

Cruzei os braços, com um sorriso divertido.

— Peguei você no flagra, hein?

Charlie suspirou, exausto.

— Pelo amor de Deus, Schroeder, não começa.

— Só estou impressionado com sua eficiência. Três garotas em uma semana? Parabéns, você é um fenômeno.

Ele revirou os olhos.

— E o que te faz pensar que não é a mesma garota?

— Isso faria de você um apaixonado. E você é um cafajeste.

Ele riu.

— Justo.

— Já tá se livrando dela?

— Não. Você apareceu cedo demais.

— Problema seu. Como você tá?

Peanuts 2006: Notas de Beethoven | SchrucyOnde histórias criam vida. Descubra agora