{Margareth Sullivan}
Me encontro deitada em meu sofá, com os olhos um pouco pesados de sono, porém, existe um bom motivo por eu estar acordada, em plena 23:46 da noite, o bom motivo é: estar admirando Cleópatra Nunes, que dormia no meu colo.
Infelizmente, rolou apenas aquele beijo que dei nela após ela aceitar o meu convite, se eu queria ter dado muitos mais beijos nela? É óbvio! Pergunta besta. Mas não é por isso que eu vou ficar agarrando ela, já falei, bem estar dela, e o conforto dela vem sempre na frente. E outra, ela tá se descobrindo, imagine a confusão na cabeça dela.
A cacheada se remexe no meu colo, quase que ronronando como o Rajar faz, será que eles são parentes?
- Ma... - como conter um sorriso ao ser chamada por uma sílaba sendo dita com essa voz tão manhosa, e fofa? Digo pra vocês, impossível. A cacheada ergue a cabeça me encarando, e tenho a visão mais linda do mundo. Cleo com os olhos brilhando de sono, e com o rosto meio amassado. - preciso ir embora.
Praticamente pulo com o aviso, o que faz a mulher se assustar um pouco, olhei para a grande janela de vidro da sala, as cortinas tampavam um pouco minha visão, mas ainda era possívelver que a chuva caia com força lá fora, me deixando tensa, mas nem fudendo que ela vai ir embora nessa chuva.
- já tá tarde rainha, e tá chuvendo, dorme aqui. - joguei meus cabelos para o lado, umidecendo meus lábios com minha língua.
Jogar um charme né. Nem que eu tenha que amarrar essa mulher, ela não sai daqui nessa chuva.
- mas...
- tem quarto de hóspedes, roupas limpas, aqui é seguro, muito melhor do que você ir embora essas horas. - minha voz sai em um tom sério e autoritário. Essa é o momento em que eu queria ter uma casa minúscula, que não tem quarto de hóspedes só pra dormir com ela. - e eu não mordo... A não ser que você peça para eu morder.
Porque eu inventei de ser rica? Agora não tenho nenhuma desculpa pra dormir com ela.
- ok... eu durmo aqui. - concluiu ainda meio hesitante, piscando várias e se espreguiçando.
Solto um suspiro de alívio. Graças a Deus. Onde já se viu? Uma criança ir embora numa chuva dessas? De noite? Totalmente perigoso, eu tenho um infarto se acontecer algo de ruim com ela.
- vou te levar até o quarto. - espero a garota se levantar no meu colo, para que eu possa me levantar do sofá e a levar para o quarto de hóspedes.
Ó céus, como eu queria levar ela para o meu quarto.
Subo com a mais nova para o andar de cima, ela na frente e eu atrás, até porque na frente não tem como eu secar ela né.
Pensando aqui, como o ex marido dela perdeu uma mulher dessas? Ele conseguiu se casar com ela porra, se eu tiver a oportunidade de me casar com essa mulher, e eu vou ter, já tem que indo profetizando, eu nem assumo, mostro logo como deusa grega, um anjo, perfeição divina, que assumir, a gente assume erros, e com toda a absoluta certeza do mundo, ela é um grande acerto.
Mas tinha que ser homem pra não saber cuidar de uma mulher dessas, ainda bem que ele perdeu, porque eu ganhei.
- sua casa é enorme. - Cleo comenta enquanto caminhávamos pelo corredor, eu podia ver seus olhos atentos em casa detalhe de decoração da minha casa. - e muito bonita.
- obrigada. - respondo.
Eu sei que tenho um ótimo bon gosto.
- eu imaginava sua casa algo mais... hospital, vamos dizer. - me olhou de relance, e quase que me vê olhando pra sua bunda, quase. De repente, a morena para no meio do corredor, olhando para parede. Tem algum bicho alí? Levantei meu olhar vendo a garota encarando a prancha de surf branca com desenhos de caveiras em cinza chumbo, pendurada na parede. - essa prancha é um escândalo, não sabia que tu surfava, não usa mais essa prancha? - girou em seus calcanhares, me olhando com aqueles olhos enormes, que me deixam apavorada.
- eu surfo sim, talvez não tanto como antes, mas surfo... - pressiono os lábios, desviando o olhar para a prancha. - essa prancha não é minha. - abaixo o olhar, só me lembro do dia em que Santiago me mostrou a nova prancha que comprou, e que precisaria da minha ajuda para desenhar nela.
- é da Eliza? - pergunta.
- não, era de um amigo meu. - ergo a cabeça, tentando espantar as lágrimas que queriam aparecer. - o quarto de hóspedes é daquele lado. - mudo de assunto, a puxando comigo.
Levo a garota até o quarto de hóspedes ao lado de meu quarto, eu tenho um certo toque de organização, então todos os quartos, quer dizer suítes, porque todos tem banheiro, ficam do lado direito da escada, já o escritório, academia, banheiro extra, biblioteca, sala de jogos... calma... Cleópatra ama livros, e eu tenho uma biblioteca.
Deus, obrigado por me fazer rica!
Mas vou revelar isso só amanhã pra ela, agora ela precisa descansar.
- esse é o quarto que você vai ficar, tem roupas básicas aqui, como pijama, calcinha sutiã, cueca feminina, amanhã posso te emprestar alguma roupa. - se couber né. - meu quarto é o do lado, você pode ficar a vontade se precisar de alguma coisa, é só me chamar lá. - aponto com a mão a direção onde meu quarto ficava.
- ok... - olha ao redor. - obrigada.
Saio no quarto com certa dor no coração, céus como eu queria ficar no quarto com aquela garota, assistir um filme, falar de qualquer pessoa, só fazer carinho, cuidar dela, beijar, amar...
Puta que pariu, em todos esses anos tentei tanto escapar de me apaixonar, e essa garota mandou pro lixo tudo.
Entro no quarto, como vou dormir em paz, ou tomar um banho, sabendo que a mulher que eu queimaria todas as pessoas desse planeta, está no quarto ao lado.
Tomo um banho rápido, e refrescante, vou precisar, me jogo na cama com lençóis cinza e preto. Devo ter passado mais o menos uns 20 minutos me revirando na cama, sem conseguir pregar os olhos, até escutar algumas batidas na porta, e meu coração dispara.
- entra. - respiro fundo.
A cacheada entra em meu quarto, agarrada a um travesseiro, parecia aquelas crianças que tem pesadelo e... porra fico encarando a mulher e não pergunto o que houve!
- tá tudo bem? - obviamente não né. Me ajeito na cama.
- não tô conseguindo dormir... eu... posso dormir aqui... com você...? - deu alguns passos a frente.
Um sorriso apareceu em meus lábios, se isso é alguma desculpa eu não sei, e nem me importa, ela vai dormir comigo. Será que os vizinhos acham estranho se eu soltar fogos em plena 00:24?
- claro que pode. - chego um pouco mais para o lado, dando espaço pra garota.
A mulher de pele negra fecha a porta, e adentra o quarto, se juntando comigo na cama, nunca reclamei, se reclamei algum dia não lembro.
Aproveito a oportunidade maravilhosa, para me aproximar da garota, que pelo visto gostou, e se aconchegou em mim.
- boms sonhos. - sussurro depositando um beijo em sua testa.

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Girassóis à Beira-Mar
RomanceMargareth Sullivan, uma empresária espanhola tão fria quanto o mar que tanto ama, vê sua vida meticulosamente organizada virar de cabeça para baixo quando conhece Cleópatra Nunes, e está disposta a fazer o que for preciso para ter a senhorita Nunes...