⊹°.★ 05: Quem cala consente ★.°⊹

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SCHROEDER SCHULZ

Abrindo a porta do carro, segurei Linus pelo braço e o empurrei suavemente para dentro. O cara estava acabado, completamente mole, praticamente um saco de batatas de tão bêbado. Lucy entrou logo em seguida, sentando-se ao lado dele no banco de trás.

— Consegue segurar ele aí? — perguntei, enquanto me acomodava no banco do motorista.

— Mais ou menos. — Ela ajeitou Linus, que tombou a cabeça no ombro dela e soltou um resmungo incompreensível.

Soltei um suspiro e liguei o carro. Mal tinha puxado o cinto de segurança quando Linus murmurou algo sem sentido, depois soltou um riso baixo e exclamou com uma clareza surpreendente:

— Isso é um Ford Mustang GT 2006?

Ergui uma sobrancelha, olhei para ele  pelo espelho retrovisor antes de responder:

— Sim.

Linus arregalou os olhos e levou a mão à boca como se tivesse acabado de descobrir um segredo de Estado.

— Ai, meu Deus! Eu quero dirigir!

Soltei uma risada seca.

— Nem fodendo.

Lucy caiu na gargalhada, segurando o abdômen enquanto Linus fazia um beicinho exagerado.

Era uma risada muito boa de se ouvir. E Linus fazendo cara de criança abandonada uma cena muito adorável de se assistir.

— Você é muito chato, Schroeder. Eu sou um ótimo motorista!

— Você tá vendo tudo dobrado, Linus. Se eu te deixasse dirigir, a gente teria um encontro nada romântico com um poste.

Lucy riu de novo e, enquanto eu ajeitava o retrovisor para olhar melhor para eles, nossos olhares se encontraram. Ela piscou devagar, as pálpebras parecendo um pouco pesadas.

— Você tá com sono. — comentei.

Ela assentiu, recostando a cabeça no banco.

— Bebi bastante vodka. Mesmo que essa fosse barata, depois de horas colocando pra dentro enquanto conversava, ela fez um certo estrago. E quando eu bebo, fico com sono.

Balançei a cabeça, mantendo os olhos na estrada.

— Você precisa maneirar nisso. Sei lá, talvez… talvez eu não esteja na próxima festa pra levar vocês embora. Não sou muito de festa, e eu odiaria que você voltasse pra casa a pé nesse estado… aliás, vocês, vocês dois.

Ela sorriu de canto, meio travessa.

— É impressão minha ou você tá se preocupando comigo?

Soltei uma risada nasal e dei de ombros.

— Estou me preocupando com meu velho amigo e a irmã dele.

O sorriso dela desapareceu na hora.

— Sem graça.

Soltei um suspiro.

— Mas de certa forma, sim, estou preocupado com você. Tá bom assim?

Peanuts 2006: Notas de Beethoven | SchrucyOnde histórias criam vida. Descubra agora