SCHROEDER SCHULZ
Abrindo a porta do carro, segurei Linus pelo braço e o empurrei suavemente para dentro. O cara estava acabado, completamente mole, praticamente um saco de batatas de tão bêbado. Lucy entrou logo em seguida, sentando-se ao lado dele no banco de trás.
— Consegue segurar ele aí? — perguntei, enquanto me acomodava no banco do motorista.
— Mais ou menos. — Ela ajeitou Linus, que tombou a cabeça no ombro dela e soltou um resmungo incompreensível.
Soltei um suspiro e liguei o carro. Mal tinha puxado o cinto de segurança quando Linus murmurou algo sem sentido, depois soltou um riso baixo e exclamou com uma clareza surpreendente:
— Isso é um Ford Mustang GT 2006?
Ergui uma sobrancelha, olhei para ele pelo espelho retrovisor antes de responder:
— Sim.
Linus arregalou os olhos e levou a mão à boca como se tivesse acabado de descobrir um segredo de Estado.
— Ai, meu Deus! Eu quero dirigir!
Soltei uma risada seca.
— Nem fodendo.
Lucy caiu na gargalhada, segurando o abdômen enquanto Linus fazia um beicinho exagerado.
Era uma risada muito boa de se ouvir. E Linus fazendo cara de criança abandonada uma cena muito adorável de se assistir.
— Você é muito chato, Schroeder. Eu sou um ótimo motorista!
— Você tá vendo tudo dobrado, Linus. Se eu te deixasse dirigir, a gente teria um encontro nada romântico com um poste.
Lucy riu de novo e, enquanto eu ajeitava o retrovisor para olhar melhor para eles, nossos olhares se encontraram. Ela piscou devagar, as pálpebras parecendo um pouco pesadas.
— Você tá com sono. — comentei.
Ela assentiu, recostando a cabeça no banco.
— Bebi bastante vodka. Mesmo que essa fosse barata, depois de horas colocando pra dentro enquanto conversava, ela fez um certo estrago. E quando eu bebo, fico com sono.
Balançei a cabeça, mantendo os olhos na estrada.
— Você precisa maneirar nisso. Sei lá, talvez… talvez eu não esteja na próxima festa pra levar vocês embora. Não sou muito de festa, e eu odiaria que você voltasse pra casa a pé nesse estado… aliás, vocês, vocês dois.
Ela sorriu de canto, meio travessa.
— É impressão minha ou você tá se preocupando comigo?
Soltei uma risada nasal e dei de ombros.
— Estou me preocupando com meu velho amigo e a irmã dele.
O sorriso dela desapareceu na hora.
— Sem graça.
Soltei um suspiro.
— Mas de certa forma, sim, estou preocupado com você. Tá bom assim?

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Peanuts 2006: Notas de Beethoven | Schrucy
FanfictionOito anos se passaram desde que Lucy Van Pelt deixou sua cidade natal para viver em Londres com sua família. Agora, aos 17 anos, ela está de volta, mas tudo está diferente: seus antigos amigos cresceram, amadureceram, e o colégio não é mais como ela...