Terra de Ninguém.

029

Isis Vitoria.
Buzios, Rio de Janeiro.

Homens, a desgraça na terra.

Cicatriz é todo maluco e de verdade mesmo tenho nem paciência pra tentar entender a cabeça de um doido.

Olhei pra Karine que tinha acabado de cair e levantava com a ajuda do Gibi que rachava da cara dela e a abestada ria junto reclamando de dor na bunda.

Karine: culpa do seu namoradinho ta vendo?

Chegou em mim ainda dando risada e eu sorri arrumando a chupeta da Alana que dormia no resto da rede.

– namorado das outras.

Karine: que é isso? ciúmes já?

Sentou no sofazinho que tem aqui do lado e ficou me olhando.

– esse porra desse muleque tem tanta versão que eu nem sei no que acreditar, uma hora me jura que eu sou a primeira que ele trata bem de verdade e na outra o desgraçado do Gibi fala que é só porque eu tenho buceta, tipo? ele trata bem todas então porra.

Karine: ou ele comia traveco e você é a primeira mulher, to brincando amiga, deixa de ser surtada Isis, todo mundo fala que ele é sem simpatia com ninguém, que ele é desgraçado e já deve ter passado a mão nas mulher tudo de lá eu super acredito agora ficar bobeando igual ta com você eu já não sei em, Gibi deve ter falado por bobeira.

Balancei a cabeça sem saber o que falar e olhei pra cima vendo ele vir na minha direção junto com os outros meninos.

Davi: bora colar lá no mar? dar um tibum.

Karine: quero surfar, vamo Isis?

Gibi: vocês surfam?

Karine: meu amor a gente faz de tudo e mais um pouco.

Sorri balançando a cabeça concordando e levantei devagar tentando fazer a rede não balançar mais mesmo assim balançou.

Ia pegar a Alana no colo pra levar lá pra dentro mais o Cicatriz não deixou fazendo ele próprio isso.

Um fofo quando quer.

Apontei pra ele onde por ela enquanto fui lá pra cozinha avisar o povo que a gente ia sair e fiquei um tempo ouvindo meus tios falarem que daqui uns tempos iam aparecer lá pra beber umas cervejas nos quiosque.

Subi as escadas correndo e entrei no quarto vendo o Cicatriz na sacada em ligação xingando alguém que pelo visto era vapor.

Abaixei caçando um biquini e depois de revirar minha mala inteira levantei quase caindo com a minha pressão que abaixou de uma só vez.

Fechei os olhos esperando minha visão voltar ao normal e senti o braço do Cicatriz passar pela minha cintura me segurando antes que eu caisse no chão.

Cicatriz: qual foi Isis?

Respirei fundo abrindo meus olhos e aos poucos o escuro foi indo embora e eu voltei a enxergar.

– pressão baixou, voltou já.

Olhei pra ele que tava me encarando preocupado e eu sorri pondo a mão no rosto dele antes de dar dois selinhos nele.

Cicatriz: ta puta comigo mais não?

– to.

O sorriso dele fechou e eu ri quando ele me soltou, mais eu puxei ele de volta dando um beijo nele até perder a porra do ar.

Cicatriz: ta dando b.o na favela se pa amanhã eu meto o pé pra lá.

– a não Luan, cê mal ficou aqui.

Cicatriz: Luan é? ta nas intimidade mermo em loirinha.

– você me falou aquele dia que não gosta que te chamem pelo nome mais eu não to nem ai.

Cicatriz: falei porque eu não tava ligado que ia gamar em você namoral cê pode me chamar do caralho que quiser.

– que bonitinho, precisa de falsidade pra me comer não em, já te dei mesmo.

Cicatriz: desgraça ruim de mulher, já te falei que não to brincando contigo carai, me leva a sério nessa porra.

– dificil né, bem dificil.

Cicatriz: viajada você em, te entendo não po.

– eu também não te entendo, somos dois confusos.

Cicatriz: foda se tamo dando certo pelo menos.

– um certo bem errado, vai dar merda.

Cicatriz: idai? vamo dar errado junto po, depois nois se acerta e vai dando certo.

Olhei pra ele com cara de deboche e sorri jogando a cabeça pra trás o que deu espaço pra ele levar a mão até o meu pescoço me enforcando do jeitinho que eu caio rapidinho.

– não confio nesse papinho seu.

Cicatriz: um dia tu vai acreditar, ou eu te obrigo a acreditar.

– me obriga é?

Cicatriz: sou bandido Isis, tudo o que eu quero eu consigo e se não for do jeito fácil eu tomo do jeito difícil, não fico medindo esforço pra ter o que eu quero.

Desgraça.

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