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Boa leitura ;)

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J E N N I E

Comecei a manhã seguinte à tentativa de assassinato na biblioteca real. As mulheres da nobreza se amontoavam à minha volta, seus vestidos de cores vibrantes farfalhando sobre tapetes felpudos. Kook sugerira que eu socializasse com outras garotas da alta sociedade antes da partida da minha irmã.

Devido aos acontecimentos recentes, ela decidira retornar a Eldoria assim que um número suficiente de vassalos estivesse disponível para escoltá-la. Enquanto isso, eu tinha que aguentar o tédio e a frustração de ouvir as outras garotas falando besteiras quando havia tantos assuntos mais importantes a serem tratados.

Naquela mesma manhã eu havia recebido uma carta de minha mãe enfatizando a importância de estabelecer ligações mais próximas na corte. Depois de algumas palavras de solidariedade referentes à morte de Taehyung, o restante da mensagem tratava da importância da aliança e da minha obrigação em garantir que nossos dois reinos se mobilizassem para enfrentar juntos esse novo e incerto inimigo em comum.

A missiva terminava com um lembrete de que eu usasse meus dias de louvor com sabedoria e distribuísse igualmente entre os Seis o tempo que eu dedicava a eles. Eu sabia o que aquilo queria dizer no fundo: que eu precisava manter minhas mãos longe do fogo, por assim dizer. Pensei que havia escondido meu dom dela durante todos aqueles anos depois que ela me pegara dentro da lareira. Se ela sabia de algo que eu desconhecia, devia ter me contado antes que cartas formais tivessem se tornado nosso único meio de comunicação.

Ela devia ter me dito como controlar a magia antes que eu matasse um homem. Mas por enquanto eu ainda precisava fazer o que ela queria e ser a líder e a embaixadora que meu povo precisava que eu fosse. Presa entre as outras garotas que disputavam um lugar ao meu lado, eu me esforçava para dar uma olhada nos livros pelos quais passávamos e ao mesmo tempo manter um ouvido na conversa.

— Estão sabendo que o Conde de Nax vai se casar com aquela provinciana do leste? - a ruiva à minha esquerda perguntou.

— Não! - Annietta de Ciralis cobriu a boca com a mão, chocada. — Mas ela é tão estranha. Praticamente uma iridiana. E se morar tão perto da fronteira a tiver contaminado com a magia?

— Meu pai diz que ela está fazendo isso para afastar as suspeitas da família dela. Ele acha que são apoiadores dos Dissidentes - disse uma voz vinda do fundo do grupo.

Eu não entendia como elas podiam tagarelar sobre casamento diante da morte de Taehyung e da tentativa de assassinato. Eu preferia não comentar, e em vez disso virava a cabeça para admirar a coleção de livros do rei. Uma luz tênue entrava através de janelinhas perto do topo do teto abobadado, lançando um brilho frio sobre as altas estantes.

A largura e a profundidade da biblioteca de Busanjin faziam jus ao seu lugar no centro dos Reinos do Norte. As estantes se erguiam acima de nós à direita e à esquerda, as seções indicadas com placas de madeira meticulosamente entalhadas pelos principais artesãos. Inspirando profundamente, eu me deleitava com o cheiro familiar de tinta e pergaminho. O grupo de garotas parou na seção de poesia, ansioso para escolher poemas que seriam lidos dali a algumas noites.

Elas davam risadinhas ao puxarem livros das estantes, correndo os olhos pelas páginas atrás de frases sugestivas que elas esperavam que chamassem a atenção dos homens ou mulheres que as cortejavam. Pelo menos minha irmã conseguiu se controlar. Eu tinha plena certeza de que ela conhecia de cor todos os poemas mais indecentes, mas sabiamente se comportou com dignidade.

Fogo E Estrelas (G!p) - JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora