{Cleópatra Nunes}
Eu ainda estou desesperada, mas estou me saindo muito bem em disfarçar isso. Como alguém en sã consciência beija a chefe? Peguei meu celular e mandei uma mensagem rápida para minha amiga, que respondeu no mesmo minuto.
Deixar fluir, e não se preocupar.
Ok, talvez eu esteja me preocupando por coisa mínima.
- o que acha de irmos em algum restaurante? Pra aproveitar o resto da noite. - a morena ao meu lado sugere.
- uma boa ideia. - respondo.
A mulher concorda com a cabeça. No meu colo existia um buquê de flores, e minha bolsa, confesso que tive pensamentos totalmente sem sentido sobre Margareth Sullivan, ela não quer me matar.
Coitada, foi alvo das minhas paranoias atoa.
Ela foi super cuidadosa comigo... Ela me deu outro buquê.
Margareth já havia tirado o paletó, a gravata, e arregaçado as mangas da blusa social, o que estava a deixando muito atraente... Que pensamento é esse Cleópatra?
Ah, já beijei ela mesmo, se for pra tar na merda, eu já tô até o talo.
Enquanto a mulher dirigia, novamente eu estava analisando suas tatuagens, até eu achar uma palavra, eu tentava decifrar o que tava escrito, infelizmente não era aquelas tatuagens com letras enormes que dá pra enxergar até do outro lado do planeta, as letras de computador estavam pequenas, e ainda com a mulher movimentando a mão no volante, só me atrapalhava.
Para quieta mulher, meu jesus, quero ler esse negócio.
Não tem um sinal vermelho pra ela parar e eu poder ler não? Que desgraça!
- Margareth? - chamo.
- hum? - me olha de relance.
- me dá sua mão aqui. - estendo minha mão, agarrando seu braço.
Minha chefe ficou dirigindo só com a mão esquerda, e dei graças a Deus que ela consegue dirigir só com a mão esquerda ne, eu mesma não conseguiria.
Elizabeth. Era o que estava escrito na tatuagem. Onde cabe tanta tatuagem? Ma apoiou sua mão em minha coxa, e por incrível que pareça não me incomodou, e até deixou mais visível suas outras tatuagens para mim.
Se eu tivesse uma canetinha.
Não sei por quanto tempo fiquei contornando suas tatuagens com a ponta de meu dedo, só sei que foi tempo o suficiente para chegarmos no restaurante.
Desci no automóvel com a ajuda da minha queridissima chefe, que me guiou até a entrada do restaurante.
E se eu estava achando aquele restaurante italiano chique, foi porque eu ainda não sabia da existência desse.
- vocês tem reserva? - o recepcionista perguntou.
Uma cara de ser chato esse homem tem.
- sim, tá no nome de Margareth Sullivan. - diz séria.
O chato ficou de boca a berta, vai entrar mosquito, ninguém nunca falou isso não? O homem nos levou até uma mesa mais afastada das outras.
- não gostei desse cara. - murmuro pra tatuada.
- porque?
- sei lá, ele é estranho. - me sento.
Só achei ele estranho, e tenho todo direito de não gostar dele por isso.
Sullivan apenas esboçou um sorriso, pegou o cardápio, eu fiz a mesma coisa e novamente eu quase morri.
- esses preços não me agradam. - sussurro.
- o que tem que te agradar é o sabor da comida, quem vai pagar sou eu. - desvia o olhar para o cardápio.
- grossa. - pressiono os lábios e imediatamente fecho meus olhos.
Cleópatra que merda você fez? Puta que pariu. Vou passar uma fita isolante na minha boca.
Só falo merda, antes eu falasse um "que bonita", mas "grossa"?! Como ela aguenta tanta asneira da minha boca?
- abre os olhos, se não, não vai conseguir ver o cardápio. - escuto a voz suave a outra.
- você tá brava? - falo sem abrir os olhos.
- não. - responde.
Tomo coragem em abrir os olhos, vendo uma Margareth com sorriso de lado, e os olhos brilhando.
Já percebi o jeito que ela me olha... Percebi essa noite isso... ela me olha como... Como se eu fosse a única mulher.
- foi sem querer. - pisco várias vezes.
- tá tudo bem. - pega o cardápio em mãos. - escolhe ai, e não pense em valor.
Concordo com a cabeça, lendo o cardápio. Acho que essa noite não abro mais a boca não. Ela me convida pra um evento, me leva pra um lugar sem gente, me dá buquê, eu ainda chamo ela de grossa, de graça ainda.
De graça nem tanto, porque achei ela meio grossa, mas eu devia ter pelo menos segurado a língua né?
- rainha, só vou resolver uma coisa na recepção, eu já volto tá? - me arrepio, observando a a mais velha se levantar, e se dirigir a recepção.
Rainha?
Ela me chamou de rainha? Olho para os lados, não havia ninguém por perto, levei a mão na boca e tive me leve surto, balançando a cabeça e os pés, pico várias vezes. Ela me chamou de rainha. Ok... Ela me chamou de rainha.
Preciso falar com a Athena.
Procuro meu celular, mandando mensagem pra Athena, dessa vez a mensagem não chega. Onde ela deve tá em? Pelo menos vou ter fofoca pra ouvir, e não só falar.
Guardo meu celular, vendo Margareth voltar com uma sacola preta. Era isso que ela tinha que resolver?
- o que você foi resolver? - a curiosidade falou mais alto que eu.
- fui falar pra caso aqueles repórteres que estavam seguindo a gente, vir aqui, não deixarem entrar. - se senta.
- tinha reporter seguindo a gente? - arqueio uma sobrancelha.
- sim. - responde. - também fui resolver isso. - me estende a sacola. - pra você.
Pra mim? Essa mulher vai me encher de coisas? Pego a sacola tentando espiar, mais sem conseguir, minha ansiedade vai ter que esperar porque é falta de educação.
Pelo menos no momento.
Pedi o prato com nome menos estranho do cardápio, tudo uns nome esquisito, eu sei lá o que é.
Devia ter nome de comida, mas mais parece nome de produto radioativo.
Quero nem ver o valor.
Pra beber pedimos vinho.
- tudo bem se seu dia de folga for de segunda e domingo? - bebe um gole de água.
- por mim vai ser ótimo.
Ainda mais que trabalho muito pouco, ganho um salário maravilhoso, minha chefe é gata, ganho mimo da minha chefe, posso nem reclamar.
Nem quero reclamar.
- acha que aquela mulher que bati pode vir atrás de mim? Me processar, sei lá. - apoio os cotovelos na mesa.
- acho que não, aliás, ela que começou, então você também pode processar ela, e você pode processar ela pelo ato racista dela. - cruza os braços.
Caramba, ela séria desse jeito... me desconcerta.
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Pessoas queria avisar pra quem não tá no grupo, que decidi dois dias da semana para postar os capítulos.
Postarei toda segunda e quinta.

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Girassóis à Beira-Mar
RomanceMargareth Sullivan, uma empresária espanhola tão fria quanto o mar que tanto ama, vê sua vida meticulosamente organizada virar de cabeça para baixo quando conhece Cleópatra Nunes, e está disposta a fazer o que for preciso para ter a senhorita Nunes...