ᵃʳᵈêⁿᶜⁱᵃ

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O dia seguinte não foi como Ellie imaginava

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O dia seguinte não foi como Ellie imaginava. Depois da conversa profunda na cozinha, a tensão entre ela e Bucky parecia mais palpável do que nunca. Havia algo no ar, algo que ela não conseguia nomear, mas que a fazia se sentir estranha. Ela tinha tentado ajudar Bucky, ou talvez apenas tentar entender o que ele estava sentindo, mas parecia que suas palavras tinham tocado mais fundo do que ela imaginava. Cada vez que seus olhos se cruzavam, o peso daquela conversa parecia gravitar entre eles.

Ellie acordou cedo, como sempre fazia, antes mesmo de o sol se erguer no horizonte. Ela sabia que o Complexo dos Vingadores começava o dia cedo, com treinamentos e atividades planejadas para todos. No entanto, seus pensamentos estavam longe das obrigações diárias. Ela estava inquieta, sentindo-se como se estivesse à beira de algo grande, algo que ela não sabia se estava pronta para enfrentar.

Ela tomou um banho rápido, vestiu um moletom confortável e decidiu sair para uma corrida matinal. Precisava de algo para acalmar a mente. As ruas ao redor do complexo estavam silenciosas, a brisa fresca da manhã tocando sua pele. O céu estava limpo, tingido de um azul profundo que começava a clarear aos poucos. Mas, no fundo, Ellie sabia que a corrida não era sobre se manter saudável ou manter sua rotina. Era sobre escapar das próprias emoções.

Ela acelerou o passo, sentindo o ritmo de seu corpo enquanto as ruas desertas passavam por ela. O vento batia em seu rosto e ela sentia os pensamentos se dispersando. Mas, em algum lugar no fundo de sua mente, Bucky estava sempre ali. Ele a assombrava, não de maneira aterradora, mas de forma constante. Cada palavra dele ecoava em seus ouvidos.

— Você sempre sabe…

A corrida durou cerca de meia hora, mas parecia que o tempo estava de algum modo mais lento, mais pesado. Quando ela retornou ao complexo, ainda ofegante, ela se deparou com uma figura familiar perto da entrada principal. Bucky estava ali, fazendo uma caminhada relaxante, o capô da jaqueta levantado, o semblante sério. Ele estava sozinho, o que era um pouco inusitado, já que os outros membros dos Vingadores estavam sempre em grupos ou em atividades programadas.

Ela hesitou por um momento, mas decidiu seguir em frente. Não podia fugir para sempre.

— Ei, Bucky. — Ellie chamou, sua voz baixa, quase hesitante.

Bucky virou-se na hora, seus olhos azuis se encontraram com os dela. Por um momento, ambos ficaram em silêncio, o som da respiração pesada de Ellie preenchendo o vazio ao redor deles. Então, Bucky deu um pequeno sorriso de canto, embora fosse fraco e distante.

— Você corre muito rápido para alguém que acabou de sair de uma missão. — Ele disse, a voz seca, mas com um toque de observação.

Ellie deu uma risada nervosa.

— Às vezes, a única forma de escapar é correr. — Ela deu de ombros, sentindo o desconforto aumentar.

Bucky não respondeu imediatamente, apenas deu um passo à frente, se aproximando dela. O olhar nos olhos dele era diferente daquele que ela estava acostumada a ver. Havia uma suavidade, mas também uma dúvida, uma incerteza. Como se ele estivesse testando algo.

— Você acha que realmente me entende, não é? — Ele perguntou, sua voz quase sussurrava.

Ellie, um pouco desconcertada, olhou para ele por um momento. Ela sabia que ele estava tentando desarmá-la, tentando provocar ela de alguma forma, mas ela também sabia que Bucky estava mais vulnerável do que jamais se mostraria.

— Eu entendo o suficiente para saber que você está lutando contra algo. Não é fácil carregar um fardo como o seu. — Ela respondeu, os olhos fixos nos dele.

Havia algo nos olhos de Bucky, uma centelha de reconhecimento. Ele balançou a cabeça, como se estivesse se rendendo a algo que não conseguia controlar.

— Eu não sei se quero ser salvo. Não sei se mereço ser salvo. — Ele admitiu, e essa vulnerabilidade, essa honestidade, cortou Ellie profundamente.

Ela sentiu o coração apertar, mas respirou fundo, decidida.

— Todo mundo merece uma chance. — Ellie disse com suavidade. — E, no seu caso, você tem uma segunda chance, Bucky. Não se pode deixar perder a oportunidade.

Bucky olhou para ela, com os olhos escuros fixos nela, mas ele não respondeu de imediato. A tensão entre os dois era quase palpável. Ellie sabia que suas palavras podiam ter ferido algo dentro dele, mas, ao mesmo tempo, sentia que precisavam ser ditas.

Ele parecia estar refletindo por um momento, olhando para o chão, sem saber o que dizer. Ellie não sabia se devia continuar ou se devia deixá-lo sozinho. Mas, antes que ela pudesse dar um passo para se afastar, Bucky falou, de forma suave, mas firme:

— Você acha que um cara como eu pode civer? Você acha que alguém pode me amar, apesar de tudo?

Ellie sentiu o impacto da pergunta. Não era apenas um questionamento sobre o que ele sentia, mas uma dúvida sobre sua própria capacidade de ser amado. Uma dúvida que ela sabia que vinha de um lugar profundo, sombrio, onde ele se escondia.

— Eu acho que você tem mais de bom do que você acredita, Bucky. — Ellie respondeu com uma voz calma, mas resoluta. — E sim, eu acho que você pode viver. E acho que vai ser uma surpresa, porque ninguém espera que algo bom aconteça, mas você vai saber, quando acontecer.

Ele olhou para ela por um longo momento, e Ellie sentiu como se as palavras tivessem tocado algo dentro dele. Algo que ele estava tentando esconder. Então, depois de um silêncio carregado, Bucky fez uma pergunta que não esperava.

— E você, Ellie? Você acha que pode amar alguém como eu? Alguém com o que eu sou?

O coração de Ellie parou por um momento. Ela não sabia o que responder. A pergunta era carregada demais, e sua resposta seria a chave para entender algo que ela ainda não compreendia completamente. Ela olhou nos olhos dele, tentando ler suas intenções.

A resposta, quando veio, foi mais instintiva do que racional.

— Eu acho que você nunca sabe. Até saber. — Ellie murmurou, quase para si mesma.

Bucky se manteve em silêncio, olhando para ela com uma intensidade que parecia que queria falar mais, mas não sabia como. Não havia palavras suficientes para expressar o que ele estava sentindo naquele momento. Ellie sentiu a profundidade daquele silêncio, sentiu que, pela primeira vez, ele estava sendo genuíno com ela, mostrando uma parte de si que até então tinha escondido de todos.

Depois de um tempo, ele deu um passo para trás, quebrando o contato visual.

— Talvez você esteja certa. — Ele disse, quase como se estivesse convencendo a si mesmo.

Ellie não sabia o que mais poderia dizer. As palavras estavam ali, mas o que mais poderia dizer a ele? Em vez disso, ela simplesmente deu um sorriso triste, como se estivesse aceitando que, por mais que a conversa tivesse sido importante, havia muito mais entre eles do que eles mesmos eram capazes de compreender.

A conversa, como tantas outras entre eles, parecia deixar uma impressão permanente, mas também um vazio, uma lacuna que só o tempo poderia preencher.

Mas, naquele momento, Ellie sabia uma coisa com certeza: o futuro deles não estava escrito, e talvez, apenas talvez, ambos estivessem prontos para escrever uma nova história.

Ꮯᥣᥲเɾ᥎ꪮᥡᥲᥒᥴꫀ ᴮᵘᶜᵏʸ ᴮᵃʳⁿᵉˢOnde histórias criam vida. Descubra agora