{Cleópatra Nunes}
- você olhou pros seios da espanhola saradona lá, e ela viu?! - grita indignada.
- sim. - abaixo a cabeça mais logo volto a olhar a expressão da ruiva. - e ela ainda disse que, em toda oportunidade ela olha para os meus seios, e para a minha bunda.
Vi Athena pressionar os lábios, e logo soltar uma gargalhada altíssima, que se a gente morasse em um apartamento, provavelmente íamos ser comunicadas pelo alto barulho.
- e... - dessa vez, sou eu quem pressiono meus lábios, mais não para segurar uma risada, e sim de nervosismo com o que eu falaria em seguida. - o fotógrafo falou pra mim investir nela.
- então você gosta dela? - inclinou a cabeça.
- não! - gesticulo com as mãos. - não gosto dela.
Agora é só o que me falta, minha melhor amiga, vai concordar com o Alejandro?
- então não gosta dela? - perguntou após longos minutos de puro silêncio.
- não. - nego.
- ok, você não gosta dela. - minha amiga piscou várias vezes. - então, porque olhou pros peito dela?
- é chamativo. - respondo automaticamente.
- e porque você vive pensando nela? - seus olhos verdes claros estavam em cima de mim, captando cada expressão que eu fazia.
- ela é minha chefe, e de repente me deu um buquê, é estranho, penso se ela realmente quer me matar. - explico.
- porque aceitou ir no tal evento com ela, se antes já tinha decidido que não ia? - pega um copo d'água.
- porque não consegui dizer não. - digo.
- e porque não conseguiu dizer não? - bebe um gole da água.
- porque queria ficar perto dela.
- e porque queria ficar perto dela? - indaga com as sobrancelhas levantadas.
Abro, e fecho a boca várias vezes, mais simplesmente não vem palavras, não vem nenhuma resposta que justificava o motivo de eu querer ficar perto da empresária. A única resposta que vinha, era só que eu queria ficar perto dela, porque eu queria ficar perto dela.
- reflita isso. - a garota larga o copo na pia e passa por mim. - nova bi da casa.
Nova o que?! Eu não sou bi!
Me levanto para ir atrás de Tete, mais antes mesmo que eu pudessa sair da cozinha, desisto, soltando um suspiro longo.
Qual o motivo de eu querer ficar perto de Margareth Sullivan?
Sou eu quem encho um copo de água, e me sento novamente na banqueta do balcão de mármore. Eu só... Quero ficar perto dela... Por... Por simplesmente a presença dela me fazer bem...?
Meu celular apita, indicando alguma notificação, pego mais que depressa o aparelho, esperando ser a espanhola, que ficou de me mandar mensagem pra avisar o horário que viria me buscar hoje. Mas não era ela, era apenas o grupo da familia. Ontem quando fomos fazer mais um ensaio fotógrafo, e ela não compareceu, o que eu achei muito estranho, porque todos os dias ela acompanhou a sessão de fotos.
E agora está eu aqui, esperando uma mensagem, desapontada por Margareth não ter ido acompanhar o ensaio de fotos. Porque estou tão preocupada do porque ela não foi ontem?
Será que Athena e Alejandro estão com razão? Não pode ser. Ou pode?
Preciso fazer algo de útil, se não vou ficar louca com meus próprios pensamentos. Começo lavando a pequena louça da pia, tirando pó dos armários. Limpei a cozinha toda, mesmo sabendo que eu já havia limpado ontem.
- hoje nem é dia de faxina. - a ruiva me encarou.
- eu sei. - inclino a cabeça pensando. - acha que corre uma possibilidade?
- de você ser bi? Com toda a certeza. - se escora no batente da porta.
- e como eu vou saber que...
Pego meu celular assim que apita, dando alguns pulinhos de alegria quando vi a mensagem de Margareth Sullivan na barra de notificações. Ela vai vir me buscar as 19:30... Ok, eu preciso estar pronta até la.
- mas, como vou saber se eu sou ou não? - jogo o celular no sofá.
- é só você se permitir. - a mulher sai do cômodo.
Ok... me permitir... tá fácil fazer isso né?
Passei o resto do dia assistindo filmes e comendo, quando vi já era 18:30 e como eu sou uma boa amiga, deixei Athena me arrumar, por livre e espontânea pressão.
O vestido era o mesmo que a espanhola havia me dado, não sou de usar salto, por isso optei por um salto baixo, nada muito alto né, que do jeito que eu sou, perigoso eu tropeçar no meu próprio pé e cair. A maquiagem ficou de total responsabilidade de Tete, e eu me surpreendi, porque ela fez uma maquiagem básica mais que me deixou uma maravilhosa.
A campainha já tinha sido tocada duas vezes, torci para não ser minha chefe, apesar de já saber que sim, era ela, porém eu tava terminando de colocar meus brincos.
Desculpa ai, mais ela vai ter que esperar.
- Cleópatra! - escuto o grito da minha amiga. - a espanhola saradona chegou!
Sério que ela teve coragem de gritar isso com a mulher do lado dela?
- tô indo! - grito pegando minha bolsa.
Eu não sei se estou preparada pra ver ela novamente, depois do episódio do carro, mas agora não tem como voltar atrás.
Meu olhar para em Margareth assim que chego a sala, uau... ela fica bonita de qualquer jeito né? Ela usava um terno preto, juntamente com tênis, e é a primeira vez que a vejo sem saltos.
- você tá muito bonita. - me olha de cima abaixo. - como sempre.
E como sempre ela me fazendo ficar corada, só porque vermelha ainda não da.
- obrigada, você também. - dou um meio sorriso. - vamos?
- claro.
- tchau Tete. - me despeço de minha amiga, e a espanhola apenas acena.
- se cuidem, e não transem em público! - viro com os olhos arregalados para Athena, enquanto idosa apenas ria, e ainda concordou com a cabeça.
Ok, tá tudo bem, só deixar fluir.
Eu estava mais dura que estátua naquele carro, eu vou pegar trauma de bugatti preta daqui a pouco. Quando vi o tanto de fotógrafos, pessoas, famosos, e tudo mais que se podia imaginar passando por aquele tapete vermelho, eu quase comecei a chorar.
- a gente pode ir embora? - olho para Margareth, mas ela já não estava mais no banco do motorista, estava abrindo a porta para mim.
Deus, sou eu de novo, me ajuda por favor.
Saio do automóvel com um sorriso de canto mais falso que já podia se existir. Todos aqueles flashs já me deixavam cega, o que me fez repetir o mesmo ato da empresária, abaixar a cabeça e andar.
E quando os flashs pararam, e estávamos seguras dentro do evento, vi tanta gente que minha bateria social acabou no mesmo instante.
- Margareth! Que bom que você veio. - uma garota, de cabelos ondulados, feito morena iluminada abraçou a espanhola ao meu lado.
- e quem é essa? Alguma namorada? - a mulher sorri. - prazer, sou a Ruby.
- Cleópatra. - aperto sua mão em forma de cumprimento.
Vai ser um negócio chato, sem emoção, e que vai acabar com minha bateria social por pelo menos 3 meses.
- posso perguntar uma coisa? - falo assim que a Ruby se afasta, pelo visto ela é a dona do evento.
- pode. - pega um champanhe e me entrega, logo em seguida pegando um para si.
- como você se descobriu lésbica? Como foi?
Tenho sérios problemas de falar, e não pensar antes.

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Girassóis à Beira-Mar
RomanceMargareth Sullivan, uma empresária espanhola tão fria quanto o mar que tanto ama, vê sua vida meticulosamente organizada virar de cabeça para baixo quando conhece Cleópatra Nunes, e está disposta a fazer o que for preciso para ter a senhorita Nunes...