| PARTE DOIS

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02


Há uma lógica na situação alarmante que ronda a vida de Sunoo e alguns fatos científicos são colocados à prova na semana seguinte.

Embora estivesse incrédulo com a boa vontade de Nishimura Riki, o rapaz realmente acreditou naquela loucura e decidiu tentar encontrar uma solução. Apesar disso, Sunoo ainda se vê em dúvida sobre o terrível karma que parece ter caído sobre ele, a ponto de acreditar que está amaldiçoado.

Eles testam o nível de proximidade e descobrem que cinco metros é o máximo de distância possível entre eles antes de Sunoo cair meio morto.

Os sintomas são como uma reação em cadeia: dor de cabeça, febre, dor no peito, tontura. É torturante saber que ele só aguenta ficar cinco horas longe de Riki antes de precisar de outro toque hesitante na bochecha. — Esse talvez seja o maior problema da situação atual.

Nishimura Riki aceitou a ideia maluca de que se manter afastado de Sunoo pode gerar vários riscos de morte. Não é algo realmente planejado, mas ele sabe que terá de mudar seu horário para conseguir ajudá-lo a não ter um ataque cardíaco.

Apesar de seus horários distintos na universidade, a última semana antes das férias é mais flexível para ambos. Riki já terminou todos os módulos, restando apenas o projeto dos intercambistas.

Quando Sunoo sai da última aula de processo penal, sente que a dor de cabeça é suportável, especialmente se comparada à intensidade de dois dias anteriores.

Ele caminha até o ponto onde combinou de se encontrar com Riki e sente um frio na barriga com a expectativa, mas logo balança a cabeça para afastar seus pensamentos desnecessários.

É fácil negar, mas a verdade é que ele está profundamente apavorado com a situação. Encontrar-se com Riki tantas vezes é algo insignificante diante da ideia de que, talvez, se passar tempo suficiente longe dele, algo muito ruim aconteça.

Então ele vira no corredor vazio e encontra Riki encostado ao lado do bebedouro, mexendo no celular. Sunoo se prepara mentalmente para controlar sua impaciência e se posiciona ao lado do japonês, encostando-se na parede.

— Você tá bem? — Riki se aproxima perigosamente e toca o rosto dele com os dedos trêmulos. Ele parece ter levado a sério o lance da distância, pois sempre que estão sozinhos, se mantém o mais próximo possível do outro.

O toque é suave como em todas as outras vezes e manda uma onda relaxante pelo corpo de Sunoo. Aqueles longos minutos de sofrimento são esquecidos quando a dor some de onde quer que tenha surgido. É revigorante.

Sunoo suspira com satisfação e encara o rosto desconcertado do outro.

— Estou. — responde.

As orelhas de Riki ficam vermelhas. Sunoo está prestes a fazer uma piada sobre isso, quando o som irritante de tênis freando ao longe interrompe seus pensamentos.

— Puta merda. — o Park vira no corredor e dá de cara com os dois. Seus olhos estão arregalados enquanto ele aponta o dedo para ambos, imitando com perfeição a reação que uma criança de cinco anos teria. — Vocês tão se pegando!

Há um silêncio considerável.

— Eu mereço. — murmura Sunoo, batendo a mão na testa. Ele se afasta, considerando que Riki não parece querer se mover sequer um centímetro. — É um mal-entendido, hyung! Pode parar de agir como uma criança?

Sunoo se afasta para evitar que o mais velho saia correndo e agarra a alça da mochila dele. Jongseong lança um olhar reprovador em sua direção.

— Você tá livre agora?

Queima Lenta |  SUNKIOnde histórias criam vida. Descubra agora