Quando a vida tem sardinhas nas costas e me abraça com força.

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Quem não comentar vai acordar com uma baratona do lado do travesseiro 👹

Jungkook

Abro os olhos devagar, sentindo um sopro estranho no ouvido. Sabe quando o vento bate sem dó e chega até a doer? Então, foi essa a sensação.

Minha vista dói, dói muito enquanto eu tento estabilizar minha consciência. Tudo está embaçado, mas eu já tenho os olhos 100% abertos, e eles ardem. Relaxo meu corpo e olho em volta, começando a me desesperar pela falta de visão, pela íris coberta, como se houvesse areia em cada canto dos meus globos oculares.

Levanto num pulo, coçando os olhos feito um maluco, tentando aliviar aquela agonia toda. Ao menos consigo me dar conta de onde estou, mas o sopro continua em meu ouvido. Pisco algumas vezes, conseguindo enxergar com um pouquinho mais de clareza, com mais qualidade.

Aos poucos vou recuperando a visão, como naqueles filmes onde a mocinha ou mocinho acabam de acordar de um coma e ainda estão tentando enxergar com nitidez ao seu redor.

Por fim, tenho a vista clara, podendo enxergar tudo, tudo da maneira mais bonita que alguém já pôde ver.

Olho em volta, começando a perceber o som das ondas quebrando, um som familiar, mas tão distante, tão diferente. Sinto a areia nos pés, quente e macia, e o cheiro salgado do mar invade minhas narinas. Olho para frente e vejo o azul infinito do oceano. O meu lugar favorito no mundo. É bonito, mas estranho. Parece mais intenso, mais vivo, como se cada detalhe tivesse sido pintado à mão.

Dou um passo, sentindo a areia ceder sob meus pés, e o vento sopra novamente, dessa vez mais leve, quase como um toque. Me viro rápido, esperando encontrar alguém, mas não tem ninguém. Só a praia. Só o mar. Só o céu.

E então eu ouço.

— Jungkook…

A voz é suave, doce. Uma voz que eu não ouço há tanto tempo. Meu coração acelera, minhas pernas ficam bambas.

Não pode ser.

Meus cabelos voam com o vento que corre rápido, e meus pelos se arrepiam na mesma intensidade. Estou assustado, não entendo nada e ainda não tenho coragem de me virar.

Até que ela vem novamente.

— Meu menininho… — A voz me chama com mais firmeza. No entanto, o tom ainda é calmo e sereno.

Como ela era.

Me viro devagar, um passinho de cada vez, até estar completamente de frente para a voz.

Para minha mãe.

Ela está em pé, com os pés descalços na areia, assim como eu, o vestido branco balançando ao vento. O cabelo dela brilha, o mesmo brilho que eu lembro quando era pequeno e ficava deitado em seu colo. Seus olhos, oh, os olhos dela... Eles têm o mesmo olhar gentil, aquele que eu achava que nunca mais veria.

Minha respiração trava. Tento dizer alguma coisa, mas as palavras não saem. Sinto o peso de tudo o que nunca pude dizer a ela, de tudo o que nunca terei a chance de mostrar.

Ela sorri para mim, e é o sorriso mais bonito do mundo. É como se ela estivesse ali só para mim, só naquele instante.

— O-o que…?

Consigo dizer, e… que alívio. Pensei estar mudo também. Estou ansioso e muito, muito confuso, mas me sinto bem.

Tudo está calmo, sereno, gentil. O medo bate à porta, mas não faz morada, não aqui. Não em mim.

CIFRAS DE TOM - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora