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Cicatriz.
Rocinha, Rio de Janeiro.

Olhei pra cara de fudido do Gibi e ri enquanto bolava a minha maconha.

Gibi: porra cê vai mermo viajar com a familia das loirinhas? essa porra ta passando da brincadeira já Cicatriz.

– nois vai viajar com elas carai, nois dois, tua mina lá, Kamily? Kerline? Karine? sei lá nome dessa porra, tem outro ta ligado? se eu fosse tu ficava mais em cima.

Gibi: quero que se foda uma praga dessa também, se eu for pra essa merda capaz que eu mato ela na frente da própria família pra aprender a parar de brincar com a minha cara, desgraçada do caralho.

– mais tu vai carai, já dei papo na Isis que tu ta animadasso e que se a prima dela continuar ficando contigo e com outro ao mermo tempo tu vai matar o muleque.

Gibi: mato o muleque mais mato a Karine junto.

– faz a porra que quiser, meu bagulho é com a Isis, de resto eu quero mais que se foda, tu vai pra essa praia comigo e vai ser o engraçadinho de sempre ta entendendo po?! depois tu desconta tua raivinha acumulada daquela mina.

Gibi: que obsessão é essa que cê ta na Isis? ta ficando mole é?

Olhei pra ele dando umas puxada no beck e soltei o ar com o olhar daquela demônia gravado na minha mente.

– to sabendo que porra que ta acontecendo comigo não, mais por enquanto ela é minha.

Gibi: boto fé, mais pensa na hora que a Sara descobrir que cê ta gamado em uma loirinha, vai ficar muito legal não em, primeiro que cê nunca deu tanta importância pra ela igual ta dando pra loira.

– loirinha não carai, nome dela é Isis pra você e pra qualquer fudido por ai, inclusive o H7 que tava de olho nela, cadê ele em carai? irmão dele pagou minha dívida?

Mudei o assunto sem nem pensar muito na desgraça da Sara, paciência pra piranha ta me faltando ultimamente.

Gibi: pagou uma porra, tentou vazar do morro e os muleque não deixou passaram o papo pro H7 mais ele ta doidão das ideia por ai, deve ter cheirado um pó brabo porque o maluco ta doidão.

– H7 ta viajando com a cocaina na mente? bora atrás que ele vai resolver um bagulho que eu mandei ontem de manhã.

Levantei jogando a ponta do baseado no chão e sai andando com o Gibi que chamou mais dois muleque pra vir junto.

Gibi: H7 ta por onde? alguém ta ligado?

Falou pelo radinho e não demorou muito pro Pião soltar.

Pião: ta no barraco da mãe dele po.

Gibi: quem ta por lá? só ele?

Pião: ele, o irmão e a mãe.

Sorri de canto e olhei pro Gibi concordando com a cabeça.

Nois desceu na direção da casa da velha dele e entramos sem bater na porta, ele tava cheirando uma fileira na mesinha da sala na frente da mãe que chorava pra caralho e eu escutei o barulho lá em cima já sabendo que era o cracudo do irmão dele quebrando tudo.

O cara tava proibido de usar qualquer tipo de droga dentro da minha favela e a abstinência devia tar acabando com ele uma hora dessa.

H7: Cicatriz? porra irmão, eu te imploro pra tu deixar eu pagar a divida dele, cara eu tenho o dinheiro, pelo amor de Deus.

Olhei pra ele que tava jogado no chão com a ponta do nariz branco e ri sem nem um pingo de graça.

– senhora vai querer sair pra gente resolver nosso b.ozinho sem a sua presença ou vai querer ficar pra ver teus filhos chegarem aonde a senhora deve ter avisado várias vezes pra eles não se meterem?

Terra de Ninguém.Onde histórias criam vida. Descubra agora