capítulo 4

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{Margareth Sullivan}

— tá... então você está me dizendo que foi a praia, salvou uma garota que estava se afogando, ficou fascinada por ela, e chamou ela pra ser modelo? — minha irmã murmura, repetindo em suas palavras o que eu lhe contei, com um semblante de surpresa.

— sim, é exatamente isso. — concordo cruzando os braços.

E eu vou ter aquela garota pra mim, ah eu vou.

— ok... eu não esperava mais que você gostasse de alguém, ou que tivesse alguma chance de desencalhar... mais não é que existe um coração que bate ai? — provoca apontando para meu peito esquerdo. — e quantos anos a mulher tem?

— 23. — respondo, conferindo o horário em meu relógio. Cleópatra chegaria em alguns minutos. Ergo meu olhar para a mais nova que estava chocada.

— você é 16 anos mais velha que ela! — gesticula com as mãos. — quem diria que Margareth Sullivan gosta das novinhas.

— vai trabalhar Eliza, vai. — mando.

Ouço batidas na porta, olhando na direção, vejo ser a secretária do andar, que abriu a porta e lançou um meio sorriso para nós duas.

— senhora Margareth, a senhorita Cleópatra já chegou, e está esperando no quinto andar. — Juliana avisa.

— certo, obrigada. — me levanto, e a mulher sai da sala. Me viro para Elizabeth. — não pense em ir na minha sala.

— tá bom senhorita "estou obcecada por uma desconhecida." — implica com um sorriso irritante nos lábios.

Ainda dá tempo de deserdar ela?

Eu não estou obcecada por Cleópatra Nunes... Achar ela bonita, querer ela pra si, não querer que ninguém chegue perto dela, e descobrir coisas dela não quer dizer que eu esteja obcecada por ela...

Quem eu tô querendo enganar? Eu já tenho 39 anos nas costas, sei muito bem o que é, eu tô sim obcecada pela garota.

Mais é só um pouco.

E uma das coisas que sei sobre Cleópatra, é que, além de ser muito bonita, ser e ter nome de rainha, ela se mudou pra cá, a alguns dias, e tá sem emprego, tá morando numa casa... vamos dizer... humilde? É, ela tá morando em uma casa humilde com a amiga.

Ligo o tablet em minhas mãos, pelo tablet tenho visão de todas as câmeras da empresa, e estranho ao ver uma bagunça no quinto andar. Ligo o som da câmera e só consigo ouvir xingamentos da ruiva, amiga da nova modelo, Laura, a secretária do andar também parecia descontrolada.

Meu foco foi em Cleo, oh mulher bonita, quero ver uma espanhola chegar aos pés dessa brasileira. Não é querendo desmerecer o povo do meu país... mais né.

Respiro fundo, e desligo tanto o som da transmissão das imagens, e o tablet. O elevador para, apitando, indicando que chegamos ao quinto andar, e as portas se abrem, mas as mulheres alí, não perceberam.

— sua puta dos infernos! — a cacheada solta baixinho em português.

Me surpreendo ao ouvir o palavrão vindo da moça, a mesma que descobri ser tímida, soltando palavrão? sorrio observando Cleópatra, mais logo meu sorriso muda para uma expressão séria, arrumo a postura, caminhando em direção a elas.

— senhorita Cleópatra, peço cuidado com os xingamentos, e controle sua amiga. — passo por ela. — E Laura, trate bem elas, e todas as pessoas que entram nessa empresa, e que trabalham aqui, ou irá assinar sua demissão agora mesmo.

As três mulheres ficaram em puro silêncio, podia sentir a tensão de cada uma, e principalmente da funcionária alí. Só dava pra se ouvir o ruído dos meus saltos.

— perdão senhora. — a secretária me encarou.

— peça perdão a elas, não a mim. — minha voz soa firme.

Meu olhar continua sobre Laura, e acredite se quiser, nem eu queria estar sobre meu olhar agora. Meu humor já não é um dos melhores, imagine então irritada.

— desculpa. — diz a contra gosto.

— certo, tudo resolvido. — não estava tudo resolvido, e eu iria resolver tudo mais tarde, não me convenci com essa "desculpa" de meia tigela. — senhorita Cleópatra, me acompanhe por favor. — desvio meu olhar para a ruiva. — fique a vontade, logo voltarei com Cleópatra.

De relance, vi a mulher assentir e lançar um olhar travesso para a secretária. Bom, se Laura tiver viva quando eu voltar, conversarei com ela. Abro a porta de meu escritório, e dou espaço para que a mulata entre, faço o mesmo em seguida e fecho a porta.

Tive a visão de trás de Cleópatra. Oh e que visão, não é só linda de rosto, ela tem um bundão, puta que pariu.

Foco Margareth, foco, para de olhar a bunda da nova modelo da sua empresa!

— se sente por favor. — suspiro me sentando em minha cadeira. — Cleópatra, eu estava pensando em um contrato, como um período de experiência, o que acha? — apoio novamente meus cotovelos sobre a mesa, entrelaçando meus dedos um nos outros.

A mulher a minha frente fica quieta, seus olhos vagam, ela parecia entar longe, o que significava que ela estava pensando no assunto.

Aproveito para lhe analisar ainda mais. É impossível não ficar encantada com esse cabelo, e esse olhar? Preciso nem dizer nada.

— acho... acho bom. — diz por fim.

Pelo que sei, Cleópatra não é do tipo sociável, pela minhas fontes, ela é muito tímida, o que talvez não seja muito bom para ser modelo, porém irei mudar isso.

— ótimo. — dou um meio sorriso. — e o que acha de ganhar €20.000?

Eu sei que uma modelo iniciante, que nunca posou na vida, ganha bem menos do que isso, mais, eu não sou de economizar.

— ah eu acho ótimo... pera... — a garota para, seus olhos se arregalam, e sua boca abre, parecia estar em estado de choque. — repete.

Franzi a testa. Ela tá mandando eu repetir o valor que vou pagar pra ela?

— inicialmente eu vou te pagar €20.000, mais com o decorrer do tempo, vai aumentar. — explico.

Ainda não entendi se sua reação foi porque o valor é mais alto que do que ela queria, ou mais baixo.

— mais... isso... isso é muito dinheiro... — balbuciou consigo mesmo, mais ainda fui capaz de ouvir.

Ah... Cleópatra... Quando você for totalmente minha, vai ter uma vida de rainha e vai perceber que esse dinheiro é tão pouco.

Uma pena eu não poder dar bem mais do que €20.000, e eu não estou falando só de dinheiro.

— acredite isso não é muito. — a encaro. — ah, deixarei um motorista a sua disposição.

— isso quer dizer... — ela pensa, sei disso pois é fácil perceber quando ela entra em seus próprios pensamentos.

— isso quer dizer que você terá um motorista particular,  que ficará disponível para te levar para onde você quiser, e a hora que você quiser. — me ajeito na cadeira.

Talvez além de ser cuidado, isso também seja uma forma de saber para onde ela vai, e se tá tudo bem com ela.

— eu não posso aceitar... eu..

— pode, e vai. — me levanto, sem dar tempo para a mulher responder. — e as sessões de fotos não irão passar de duas, a três horas, tudo bem por você?

— sim, tudo sim. — me dá um sorriso amigável.

Alguém chama um cardiologista pra mim por favor? Vou necessitar se ela resolver dar outro sorriso desses.

— eu entro em contato assim que o contrato estiver pronto pra você vir e assinar. — caminho em direção a porta, e ela me acompanha. — Jonas, o motorista que estará a sua disposição levará vocês.

— obrigada senhora Margareth. — agradece.

— só Margareth, por favor. — abro a porta.

Enquanto a cacheada passava por mim, a olhei de cima a baixo, gravando cada detalhe possível.

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