Cicatriz.
Rocinha, Rio de Janeiro.8 horas da manhã e eu vendo as porra dos números das droga que venderam no baile, era coisa pra um caralho e minha cabeça tava explodindo.
Virei a madrugada indo de boca em boca, lojinha em lojinha, casa de noiado ali e aqui e eu só queria deitar na minha cama e ficar horas sem fazer nada.
Mais a vida na porra do crime ta longe de ser um bombom.
Em cima da mesa ainda tinha o celular do muleque morto na piscina e eu precisava olhar logo pra descobrir que porra que foi aquela.
Soltei a fumaça do beck e olhei pra fora da janelinha vendo minha favela, um bagulho que olhando daqui parece que não tem fim, enorme minha quebrada.
O céu azulzinho me trazia um pouco de paz na mente, papo que quando alguma desgraça acontece o céu parece que percebe e manda o cinzento e a chuva descontrolada causando mais desgraça ainda.
H7: qual foi patrão? me deram ideia que era pra colar pros lado de cá.
Olhei pra ele e lembrei da encarada que ele deu na Isis ontem, balancei a cabeça em negação e sentei de volta dando mais um trago no baseado.
– teu irmão ta me devendo mais uma vez, dívida grande ta ligado? quero ouvir de tu, que porra que eu faço com ele pra ele parar de ser um cracudo fudido que pensa que vai ficar me passando pra trás toda vez?
H7: po mano, Marcos não tem jeito que cê sabe, caminhada dele tem salvação mais não e eu vou mandar ele pra longe daqui, eu to pagando tudo que ele te deve já.
– quero teu dinheiro não parceiro, eu quero dele, quem me deve é ele e eu não quero mais ninguém no meio disso, nem você.
H7: porra Cicatriz, o cara não trabalha, ninguém aceita ele em lugar nenhum carai, como ele vai arrumar dinheiro sozinho?
– o problema é todo dele parceiro, quero saber de historinha nenhuma ta ligado? só quero meu dinheiro.
H7: caralho Cicatriz.
Murmurou e eu ri.
– se ele não me pagar até o final do dia com o próprio dinheiro e outra com os juros que eu dei pelo atraso, cê pode se preparar pra dar um fim no teu próprio irmão.
O muleque ficou pálido e eu sorri de canto dando mais um trago na maconha antes de levantar e pegar o fuzil que tava encostado ali no canto, passei a bandoleira pelo pescoço e sai esbarrando nele que tava paralisado na porta.
Sai de dentro da casinha e vi os muleque tudo na calçada trocando ideia.
Ioio: iae patrão, próximo bailão tu vai trazer quem? fazer a felicidade dos menor né.
Falou rindo e eu passei a mão pela arma que tava pendurada em mim.
– to com cabeça pra pensar nessa porra não, vão trabalhar que sem dinheiro eu não trago nem o tiozinho da esquina.
A graça deles acabou quando viram que minha paciência tava inexistente.
Olhei pra tela do celular vendo uma mensagem do Gibi e entrei vendo que era print de um perfil do Instagram.
"Perfil da tua mulher ai"
"Ta sem celular porra nenhuma."Sai do whats e joguei o nome do perfil no instagram, tava lá, gostosa pra caralho.
Entrei nos stories vendo a mina toda blogueira mostrando tudo que fazia, porra.
A primeira foto dos stories foi ainda de ontem, tava quase apagando com 23 horas de postagem e era ela no elevador com o meu conjunto, "cheguei em casa agora, mãe não me mata" dei risada balançando a cabeça e fui passando vendo que ela tinha acabado de postar uma foto com uma criança "confia em deixar com a dinda porque a dinda cuida".

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Terra de Ninguém.
FanfictionRocinha, Rio de Janeiro. Quando nós dois fica junto acaba os estresse, os problemas desaparece e você flutua, nós dois ficamos tão leve. Não sei se você sabe mas a gente sabe, nossa vibe combina e tu querendo ou não virei uma cena, desse filme da su...