{Cleópatra Nunes}
Faz dois dias que estamos aqui, e conseguimos comprar alguns móveis com o dinheiro que tinhamos, mais somente o essencial.
Aproveitamos para aprimorar nosso espanhol, com aulas diretamentes do Google, que é a única coisa que tá cabendo no nosso bolso no momento. Entregamos nossos currículos em várias lojas, mais até agora nada.
Agora estamos aqui, em ligação de chamada de vídeo com a mãe de Athena, já que a minha no momento, está trabalhando.
– porque vocês não relaxam meninas? – tia Angela diz do outro lado da tela.
— relaxar? — balbucio, pensando na sugestão da mais velha.
— mãe! — gritou a ruiva ao meu lado, pulando em cima de mim. — isso é uma idéia genial, dês que estamos aqui, não conseguimos aproveitar nenhum dia para ver a beleza deste lugar.
– porque não vão a alguma praia? As praias daí devem ser incríveis. E está calor.
— até que não é uma má ideia. — dou um meio sorriso para minha amiga. — mais... eu não sei nadar.
— é só ficar no rasinho. — pula empolgada, logo pegando o celular de minha mão. — mãe, você é a melhor!
– eu sei, depois me diga se Cleo realmente saiu de casa. Mais agora aproveitem o dia de vocês.
Pela primeira vez eu fiquei animada em sair de casa, talvez porque a praia fosse um lugar calmo, e muito bonito.
Assim que a chamada foi desligada, começamos a nos arrumar. Eu queria usar maiô, mais Tete como sempre, me convenceu a usar um biquíni.
Apenas coloquei um shorts e uma blusa por cima do biquíni, pegamos uma bolsa para colocarmos tudo o que íamos precisar, e fomos em busca da praia.
— a praia não fica muito longe daqui. — comenta olhando o Google maps.
— graças a Deus, dá pra ir a pé? — pergunto.
— aham. Só temos que tomar cuidado pra não ficarmos pretas. — ela me olha, segurando o riso, e eu gargalho.
— com isso eu não me preocupo. — brinco.
Depois de andarmos bastantinho até, chegarmos a praia, e pro meu antisocialismo, a praia não estava tão cheia.
Caralho.
A água super cristalina, algo bem aesthetic.
Dou pulinhos alegre, junto com minha amiga, que faz o mesmo que eu.
— é lindo demais. — murmuro de mãos dadas com Athena, enquanto ela me guiava para perto do mar.
—valeu a pena sair de casa hoje senhora anti humanos? — brincou me encarando enquanto concordo com a cabeça.
Pegamos duas cadeiras, guarda sol, e fomos pra água. Claro que eu fui com a minha segurança, vulgo Tete, já que eu não sei nadar.
E eu estava literalmente igual uma criança alí. Sabe quando a criança não pode ir no fundo e a mãe fica vigiando? Exatamente assim que eu estava me sentindo.
— vou buscar água de coco, quer? — apenas concordo com a cabeça. — não sai do raso hein.
Hoje acho que virei uma criança.
Fiquei sentada alí no raso, como uma boa amiga esperando Tete, havia crianças sentadas alí comigo, porém, as mães delas chamaram elas e fiquei sem companhia.
Será que elas acharam que eu ia roubar aquele menininho?
Se bem que, ele era bem fofinho, sequestrar ele não seria uma má ideia.
— ei, cuidado! — ouço um grito e olho para trás.
Não deu tempo. Fui arrastada por uma onda, mar adentro. Meu nariz ardia, e ingeri água, não ouvia nada, apenas o real som do mar abafado por água, só sabia estar afundando cada vez mais. Não acredito que eu vou morrer aqui. Pelo menos vou morrer na espanha né, algo chique. Me debater não adiantava, por mais que eu tentava, meus pulmões se cansavam.
Mãos fortes me puxaram para cima, e pude respirar novamente, tossi várias vezes soltando um pouco de água. Meus cabelos em sopa, eu ainda respirava com dificuldade quando fui colocada na areia delicadamente.
Minha visão estava meio embaçada, mais consegui ver uma mulher branca, com cabelos aparentemente lisos negros, apareceu em minha frente, seu olhar parecia um pouco intimidador.
Me sentei na areia, passando a mão por meu rosto, tentando melhorar a minha visão embaçada, e irritada pela água salgada.
— ¡Por Dios! — a desconhecida que estava agachada, se levanta. — Si no sabe nadar, ¡¿qué hace en una playa, sin siquiera un acompañante?!
Pressionei os lábios uns nos outros. Agora eu tenho a completa certeza do olhar totalmente intimidador da morena. Respirei fundo, antes de lhe encarar.
— eu estava distraída... não vi a on...
— Cleo! — Athena corria em minha direção, desesperada, com dois cocos nas mãos. — o que aconteceu?! Você tá bem? — largou os cocos e me abraçou, pelo seu olhar, vi que ela queria chorar por isso ter acontecido, e com certeza ela vai se culpar mais tarde.
Tete odiava isso, quando acontecia algo com a pessoa que ela é "responsável".
— sim, estou bem. — falei com a voz trêmula, minha garganta ainda ardia pela água salgada que engoli.
— brasileiras? — a voz da espanhola chamou nossa atenção, quando nos separamos do abraço.
Me levanto, a analisando, enquanto minha amiga a respondia. Os olhos da mulher são tão bonitos, caraca, que olho lindo, ela também tinha tatuagens, e não eram poucas.
Havia tatuagens pelo corpo todo, era visível que ela ia pra academia, pelo seu corpo impecável, e musculoso.
— perdão. — ela me tira dos meus devaneios, e percebo que estava a encarando por tempo demais. Coro de vergonha. — por acaso você é modelo? Ou gostaria de se tornar uma?
— hum? — franzo a testa, meu olhar vagava na ruiva e na morena.
O que essa mulher tá falando?
— me chamo Margareth Sullivan, sou dona da Velouría, uma empresa de roupas daqui de Madrid. — se apresenta com o olhar fixo em mim. — estou em busca de uma modelo para nossa nova coleção de vestidos, e você seria perfeita.
Engulo em seco, e olho para Athena, uma péssima ideia, já que ela me incentivava com o olhar para que eu aceitasse.
— é...
— você pode pensar, não precisa me dar a respota agora, posso te passar o contato da empresa, caso queira aceitar a proposta. — a tal Margareth estava tão calma que eu já estava lhe invejando isso.
Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, Tete saca seu celular do bolso traseiro de seu mini shorts, entrando provavelmente no WhatsApp e entregando o celular pra mulher.
Ela sabe que pode ser roubada agora?
— vou esperar alguma resposta. — a tatuada entrega o celular novamente para a garota ao meu lado. — tenham um bom dia.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Girassóis à Beira-Mar
RomanceMargareth Sullivan, uma empresária espanhola tão fria quanto o mar que tanto ama, vê sua vida meticulosamente organizada virar de cabeça para baixo quando conhece Cleópatra Nunes, e está disposta a fazer o que for preciso para ter a senhorita Nunes...