Dual destinies | Cobra Kai - Wolf

02

  Após o treino, eu cheguei em casa com o Miguel ao lado. Ele falava algo sobre estar ansioso para o treino de amanhã e que queria fazer dupla comigo para melhorar o seu combate, já que ele disse que eu era uma das melhores. Correção, ele disse que sou "a melhor".

  Embora eu esteja na trajetória de me tornar realmente a melhor, ainda existiam muitos pontos em que eu precisava ser mais estratégica. Em alguns momentos, eu me deixava levar pela emoção e isso poderia me custar pontos no torneio, ou um membro do corpo quebrado em uma luta real.

  Por isso eu treinava tanto. Não me importava em como o meu cabelo grudava na testa e na nuca, ou como eu sentia meus músculos doerem. Era só eu ter uma boa noite de sono que acordava com as forças renovadas.

  E todos os dias, tentava aprimorar pontos diferentes e aperfeiçoar os que eu já era boa. Acontece que ser boa no kung fu, no karatê ou em qualquer outra arte marcial não é o suficiente. É preciso ter foco, disciplina e muita determinação para continuar treinando, afim de ficar a cada dia melhor no que você já é boa.

  Com o cansaço batendo no corpo a cada minuto que eu ficava em pé conversando com o Miguel, eu decidi me despedir dele. A brisa gélida praticamente me expulsava dali, me convidando a entrar em casa para me aquecer.

— O que você vai comer? Se quiser pode comer aqui em casa. Minha mãe não vai se importar. — Miguel sugeriu, e eu senti minha barriga roncar de leve com o seu convite.

— É um convite tentador, mas hoje não vai dar. Eu combinei de ligar pros meus pais hoje, já faz um tempo que não nos falamos assim. Eu tenho treinado muito. — disse, meio triste de recusar a comida da Carmen.

— Tá, mas o que você vai comer? — perguntou, já sabendo que eu costumava comprar as coisas para fazer na hora da fome, ao invés de ter em estoque no armário.

— Falcão me fez ficar com vontade de pizza. — digo, me lembrando do convite tentador do cara de moicano. — Mas talvez eu compre algo no mercado aqui perto. Você conhece minhas habilidades culinárias.

— Sim, os bombeiros também conhecem. — brincou ele, e eu fingi lhe dar um soco no ombro.

— Vou fingir que você não disse isso porque, para sua sorte, você precisa ir inteiro pro Sekai taikai.

— Sorte a minha.

  Novamente a brisa fresca atingiu toda a minha pele, me deixando arrepiada levemente.

— Eu vou deixar você entrar antes que congele. — Miguel disse, percebendo que eu já começava a esfregar a mão pelo meu antebraço, afim de esquentar a pele. — Vê se não fica com fome.

— Tá, sr. Ward.

  Miguel riu e fez toque comigo, em seguida se aproximando do apartamento. Sem mais delongas, eu subi a escada para entrar em casa, sentindo o calor do ambiente me aquecer instantâneamente, o que contrastava com o frio que fazia lá fora. Eu precisava tomar um banho urgente, fazer algo para comer e então ligar para meus pais.

  Sinceramente, de tudo o que citei eu só queria a primeira opção, depois deitar e dormir. Os meus músculos reclamavam do esforço que eu fiz hoje, visto que eu comecei a treinar antes de todo mundo e só parei quando o sensei LaRusso fechou o dojô. Mas conhecendo a Mei Fang e o Eric Ward como eu conheço, eles não deixariam passar a chamada de vídeo dessa vez.

  Eu já enrolei eles o suficiente por uns dias, sempre encontrando desculpas para poder dormir mais cedo. Mas o que eu podia fazer? Eu amo dormir, e acredito que para melhorar nos combates e não ter o corpo completamente destruído, dormir o suficiente é importante demais. Pois o corpo não é o único que trabalha durante as lutas, mas principalmente a mente.