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  O quarto estava silencioso, iluminado apenas pela luz suave do abajur sobre a escrivaninha. Zoe, usando um short esportivo e uma regata, permanecia em pé ao lado da cama, testando os próprios limites. Com uma expressão de concentração, ela esticou os braços acima da cabeça e girou os ombros devagar. A perna, que havia levado um chute no começo da luta da plataforma, já não doía mais. Mas o ombro ainda latejava com algumas pontadas incômodas, resultado da pancada e do estresse muscular.

Ela fez um movimento mais amplo, puxando o cotovelo com a outra mão para alongar o tríceps, e uma careta de dor escapou de seu rosto.

— Tsc... ainda não tá cem por cento — murmurou para si mesma.

Suspirando, Zoe se aproximou da cama mais próxima da parede — a que já havia adotado como sua desde que ganhara o quarto só para ela após a aposta com o Kwon. A cama ao lado permanecia intacta, com os lençóis esticados e as almofadas organizadas, como se nunca tivessem sido tocadas.

Quando estava prestes a se deitar, o som de três batidas curtas e apressadas ecoou na porta.

Zoe franziu a testa. Ergueu-se devagar, ainda massageando o ombro dolorido, e foi até a porta. Quando a abriu, deu de cara com sua equipe inteira ali — Robby, Falcão, Sam, Kenny e até Devon. Todos tinham olhares apreensivos, mas aliviados ao vê-la bem.

— Zoe! — Sam foi a primeira a abraçá-la, com delicadeza. — A gente ficou sabendo do que aconteceu... você tá bem?

— Estamos aqui desde que te levaram pra enfermaria — disse Kenny  — Mas o segurança não deixou a gente entrar. Só o sensei Lawrence conseguiu.

— E o outro sensei... Wolf, né? — Falcão comentou, coçando a nuca. — Ele quase matou o cara. Nunca vi alguém bater daquele jeito. Parecia um filme de ação com censura alta.

— Eu tô bem, gente. Juro. Foi só um susto — disse Zoe, se afastando um pouco para deixá-los entrar. — Querem entrar? Tenho espaço.

Eles entraram aos poucos, ocupando o canto ao redor da cama vazia, respeitando o espaço dela, mas claramente aliviados por vê-la em pé e falando normalmente.

Devon ficou em silêncio até então, mas depois murmurou: — Eu queria ter ido com você, sabe? Se a gente não tivesse descido tão rápido...

— Ei — Zoe tocou no braço dela. — Não foi culpa de ninguém, Devon. Eu só fui buscar uma garrafa, nem imaginava que aquilo ia acontecer.

— Onde tá o Miguel? — perguntou de repente, olhando ao redor. — Ele também ficou sabendo?

O grupo se entreolhou, e Robby se adiantou.

— Ficou sim. Ele e o sensei Lawrence voltaram pra cidade agora há pouco. A mãe do Miguel teve umas complicações com o bebê... nada grave, mas foi inesperado.

— Eles acharam melhor ir ver como ela tá pessoalmente — completou Sam. — Mas o Miguel pediu pra gente te dar um abraço por ele. Disse que te manda mensagem quando chegar lá.

Zoe assentiu lentamente, surpresa e preocupada ao mesmo tempo.

— Entendi... espero que fique tudo bem com ela.

Por um momento, o quarto ficou em silêncio. Depois, Falcão bateu uma das mãos nas pernas.

— Bom, se você tá bem mesmo... acho que podemos parar de andar em círculos igual uns doidos. A gente tava pronto pra invadir a enfermaria se demorasse mais cinco minutos.

Zoe riu fraco, sentindo o coração aquecido pela preocupação dos amigos.

— Obrigada por terem vindo. De verdade.

Dual destinies | Cobra Kai - WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora