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Cicatriz.
Rocinha, Rio de Janeiro.

Namoral mermo? queria xingar até a mãe do caralho do Gibi, muleque sabe ser folgado mais pra sorte dele eu tava viajando o suficiente na noite passada tentando lembrar em que momento eu deixei a porra da loirinha gostosa entrar na minha mente.

E pra descobrir de verdade era só vendo ela mais uma vez e agora sóbrio.

Queria ter a certeza que ela era tudo isso que minha cabeça tava repassando toda hora.

Coloquei meu corta vento e meu capacete, lembrando de pegar um pra ela também.

Desci as escadas e fui lá pra trás vendo que agora a piscina já não tinha mais nenhum corpo dentro apenas a água ensanguentada.

– pai vai mandar te darem um banho amanhã cedinho, ta vivendo como rei em meu parceirinho, comendo carne da melhor qualidade.

Dei risada passando a mão nele que latiu pra mim algumas vezes e voltei a andar pra dentro de casa, fechei todas as portas e sai subindo na minha moto.

H7: ta geral lá na boca já patrão.

– vou colar ali resolver outro bagulho, quero ninguém saindo daquela merda pra quando eu chegar o papo ser direto.

Acelerei a moto passando pelas vielinha apertada, os morador viam que era eu e saiam da frente porque tão ligado que eu passo por cima.

Custo descer pra cá, meu lance é ficar lá por cima onde o meu trafico reina, é lá em cima que o crime acontece de verdade mais aqui em baixo quem domina sou eu também, mando e desmando nessa porra inteira e não é todo morador que gosta do meu jeito de lidar com as coisas.

Parei a moto na frente do bar vendo eles tudo sentados conversando e rindo, tudo bêbado que dava pra perceber de longe.

Gibi me viu e já falou alguma coisa pra loirinha do lado dele, prima da Isis e falando em Isis vi a mina sentada do lado com um copo de cerveja na mão enquanto cantava junto com a Laiza o pagode que tava tocando.

Vini: chegou o querido dessa favela.

Laiza: a não meu filho, que que cê ta fazendo aqui?

Pensa numa mina que me odeia de graça, anos que essa porra me implica e eu não faço nem ideia de que porra que eu fiz.

Mais parente é assim mermo, a gente tem que aceitar conviver, já cheguei pensar em meter bala nessa fudida mais minha vó e minha madrinha já falaram que se eu encostar um dedo nela quem vai morrer vai ser eu.

– cê cala essa porra dessa boca tua.

Apontei o dedo na direção dela e de canto vi a Isis arregalando o olho em direção da prima que cutucou ela falando alguma coisa no ouvido dela.

Isis pareceu pensar olhando pra Laiza que ficou quietinha sem nem olhar pra minha cara.

Gibi: cadê a educação meu mano? da oi primeiro.

– o caralho mermo, iae Isis ta de boa?

Ela olhou pra mim sorrindo sem graça e balançou a cabeça concordando.

Isis: to de boa e você?

– suave, vão ficar aqui até que horas?

Olhei pro Gibi que olhou pra prima da Isis.

Gibi: nois ta subindo já.

Virou o copo de cerveja e encheu outro me oferecendo, virei de uma só vez colocando o copo em cima da mesa vendo o Gibi levantar e puxar a menina.

Karine: tchau amora, se cuida ta?! amanhã cedinho eu to lá.

– ta, qualquer coisa me liga.

Ela balançou a cabeça concordando e o Gibi foi com a mina até o outro lado da rua onde tava a moto dele.

Não tirei meu olhar da Isis que virou pra mim e me encarou, a mina é linda pra caralho tem como negar não.

– bora?

Ela olhou pra Laiza e pro Vini que encaravam nós dois sem entender e a Laiza ameaçou abrir a boca mais foi só olhar pra minha cara fechada que ela fechou a boca antes de soltar pelo menos um a.

Isis: tchau gente, vou mandar mensagem pra vocês pra gente terminar de marcar o rolê.

Vini: manda amiga, meu insta cê já tem mesmo.

Ela trocou beijo na bochecha com os dois e veio pro meu lado andando comigo até a moto que tava bem do lado.

Isis: é, fecha pra mim?

Falou toda sem graça e eu segurei a vontade de rir do jeito tonto dela.

Arrumei o capacete fechando direito e subi na moto colocando o meu, ela sentou atrás e segurou atrás me fazendo sorrir de lado.

segura em mim mina, não sei se ta lembrada de como q eu ando com essa moto.

Ela deu risada e eu olhei pra trás vendo ela levantar a mão pra colocar ao redor de mim.

Cabelo loiro dela voava deixando a cena ainda mais linda, puta merda, gostosa pra caralho.

Acelerei com a moto descendo o resto do morro e passei pela barreira vendo os muleque tudo fazendo barulho.

Parei a moto quando vi o Telez fazendo sinal.

Telez: acho que eu sei quem ta ligado no muleque que entrou lá no teu barraco.

Fiz sinal com a cabeça pra ele continuar falando e ele olhou pra Isis.

– fala porra, to com pressa.

Telez: os mulequinho da dona Lucia tavam tudo na rua jogando bola deve que eles viram alguma coisa.

– boto fé mermo, é nois.

Fiz toque com ele e ele virou a cabeça encarando a Isis mais uma vez antes de eu meter marcha com a moto fazendo ela assustar e agarrar mais forte afundando as unhas pontudas em mim.

Até a metade do caminho tava tudo beleza mais o reflexo da luz vermelha bateu contra as paredes e eu escutei o grito dela.

Isis: puta que pariu, Cicatriz a polícia ta atrás da gente.

Me apertou mais forte colando o corpo no meu e eu olhei pra trás vendo as duas viaturas.

Desgraça do caralho.

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Terra de Ninguém.Onde histórias criam vida. Descubra agora