𝐅𝐈𝐆𝐇𝐓 | Sensei Wolf ✓

018

Ele estava olhando para o mesmo ponto que ela observava antes, a luz do sol refleria em seus olhos escuros, o dando uma aparência serena.

Então seus olhos pousaram nela, como sempre, suas íris pareciam hipnóticas.

Wolf quebrou o silêncio primeiro, sua voz grave cortando o ar como uma brisa suave.

— Bonita vista, não é? - disse ele, os olhos ainda presos nos dela.

Ela concordou, a língua parecendo ter sido amarrada dentro de sua boca. Ela tentou responder, mas a única coisa que conseguiu emitir foi um som indistinto.

Wolf notou a dificuldade dela em falar e sorriu, um gesto quase imperceptível, mas que transmitia uma mistura de diversão e algo mais.

— Não deveria estar treinando? - questionou.

— Não deveria estar treinando seus alunos? - retrucou.

Ele deu um leve aceno.

— Sempre soube que chegaria longe. - diz ele. — Desde da primeira vez que vi você soube que seria uma campeã.

— Não deveria tá dando esse discurso para sua aluna? - ergueu as sobrancelhas.

— É estranho ter você na defensiva. - murmurou.

— E qual o problema se eu estiver na defensiva? Já não sou mais sua aluna. - respondeu, cruzando os braços.

— É verdade, mas ainda não consigo entender essa sua necessidade de se proteger.

— Talvez seja porque você é uma pessoa bem questionável de se ter por perto.

— Oh, vamos lá, você sabe que eu sempre fiz o melhor para você.

— E para si mesmo. Não minta, Você não se importa comigo.

— Isso não é verdade, e você sabe disso. - ele franze o cenho.

— Você sempre se coloca em primeiro lugar, você só pensa em si mesmo.

— Pare. - grunhiu. Ele fechou a distância e agarrou seus ombros. — Você já tentou isso antes, não vou permitir que me afaste.

— Isso não...

— Está com medo, medo do que sente, medo do que isso significa. - olha profundamente pra ela. — Mas você não precisa, eu não vou mais embora.

— Você sempre diz essa coisas bonitas, mas não posso simplesmente ignorar suas atitudes.

Ele sobe as mãos para o rosto dela.

— Eu sei, eu sei. - murmurou. — Mas tudo vai mudar quando o torneio acabar, eu prometo.

— Não gosto de promessas, não faça se não for para cumprir.

— Mas essa eu quero muito que seja cumprida. - ele se aproxima.

Ela permaneceu imóvel, surpresa com o gesto ele.

Fechou os olhos quando ele selou sua testa com um beijo delicado. Por um momento, a raiva e a defensividade derreteram, dando lugar a confusão e um sentimento não identificado.

Seu corpo e mente pareciam se tornar pesados quando estava perto dele, como se ela tivesse mergulhado em um rio escuro, sem conseguir entender os diferentes sentimentos e sensações que percorriam seu interior.

Era uma mistura confusa de vulnerabilidade, medo e expectativa. Ela se sentia perdida, tentando desesperadamente encontrar um ponto de segurança no meio de águas agitadas.

Entretanto, às vezes, quando ela se permitia se entregar à essa estranha conexão entre eles, sentia-se em casa. Era como se uma onda de conforto envolvesse seu corpo, abraçando-a com tanta força que parecia difícil lembrar como era viver sem ele.