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  Já era noite e Zoe estava na recepção do hotel, sentada no sofá, de frente para a vidraça. Ela tinha uma visão quase perfeita do ambiente lá fora, o suficiente para ver as estrelas no céu, as ondas do mar ligeiramente distantes, e algumas pessoas passeando a noite. Umas sozinhas, outras em casal e ainda outras em grupo de amigos.

Pareciam estar tão despreocupados, como se não tivessem nenhum transtorno forte o suficiente para destruir a sua noite.

Por um instante Zoe desejou estar lá fora tendo a mesma sensação que aquelas pessoas, e nada a impedia de sair do hotel, mas por alguma razão que ela desconhecia, Zoe se sentia presa a esse ambiente, como um pássaro na gaiola, só podendo observar o que está ao seu redor, mas sem poder desfrutar de nada, principalmente do que mais queria ter: a liberdade.

Não havia mais ninguém na recepção, somente o barulho das máquinas funcionando eram ouvidas. Enquanto isso, a loira só desejava estar calma com esse tipo de barulho, mas ela precisava de algo menos artificial. Precisava do ambiente natural que estava antes de Barcelona.

No entanto, como não podia ter isso agora, ela foi até às máquinas. A cada passo sua mente a acusava de que aquilo não era a solução. Doces e salgadinhos não eram a solução nunca, mas as vezes a ajudavam a encontrá-la.

Chegando até às máquinas, ela hesitou em pegar uma das opções, pairando a mão sobre o botão de escolha. Por fim, acabou cedendo a máquina de bebidas, escolhendo um chá qualquer. Ela pôs as moedas, pegou a garrafinha e voltou para o sofá, mas agora de costas para a vidraça.

Tomou vários goles da bebida de uma vez, como se aquilo fosse aliviar sua ansiedade de alguma maneira, no entanto, ainda estava pensativa. Amanhã a verdadeira batalha iria começar e tudo o que ela queria era estar pronta, mas não conseguia dormir.

  Em parte, porque estava pensando de forma exagerada no amanhã, e em outra parte, porque o Wolf insistia em permanecer nos seus pensamentos. Sua postura, seu olhar, sua frieza... tudo nele causava um sentimento inexplicável, mas certamente confuso e irritante.

  A mente de Zoe estava a denunciando por estar pensando excessivamente nele. Wolf já tinha saído da sua vida há muito tempo, e ela não queria que ele voltasse a fazer parte dos seus pensamentos também, mesmo que estivesse curiosa sobre sua aparição.

  Tudo que Zoe queria era que ele desaparecesse agora, da mesma forma que fez há dois anos. Enquanto estava perdida em pensamentos, segurando a garrafa quase vazia de chá, alguém a chamou:

— Oi, docinho.

  Assustada com a sua chegada repentina, ela foi tirada a força dos seus devaneios. De forma automática, ela ergueu o antebraço com um punho formado, prestes a socar a pessoa, mas facilmente Wolf segurou o soco no ar. Quando a pele macia dele se chocou com a sua, a mulher pôde sentir uma onda de calor e arrepio, que logo se estendeu pelo seu corpo de forma irritante.

— Você me assustou, merda... — Zoe puxou seu braço com força, fugindo do seu toque, mas não conseguiu negar que sentiu falta do calor que ele transmitia.

Isso não passou despercebido pelo Wolf, por isso ele formou um sorriso discreto em seu rosto que a irritou.

— Você parecia tão adorável mergulhada em pensamentos. — Wolf sentou ao seu lado, bastante próximo, o suficiente para passar o braço nas costas do sofá, para ficar ainda mais colado nela. — E continua encantadora com as bochechas rosadas. Eu causei isso?

— Infelizmente, sim. Mas não fica se achando muito não, foi involuntário.

— Involuntário? A doce Zoe de dois anos atrás teria uma opinião diferente. Normalmente, as bochechas coradas significavam que eu tinha efeito sobre ela. — Wolf falou isso perto do ouvido da garota, fazendo com que ela sentisse a sua respiração na nuca, de modo que foi impossível não se arrepiar.

Dual destinies | Cobra Kai - WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora