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Anos atrás

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Anos atrás...

  Não demorou muito para que eu terminasse minha caminhada matinal, e eu logo voltei para casa e tomei um banho rápido, colocando uma roupa confortável para o treino.

  Hoje eu teria que ir ao templo na montanha treinar o kung fu com o meu mestre, que também havia sido o mestre da minha mãe.

  Logo que termino de colocar a minha roupa de treino e uma roupa extra na mochila, assim como algumas outras coisas de emergência, eu saio e pego uma carona com minha mãe, que está saindo para o trabalho. Esse é o lado bom de treinar cedo, não ter que se preocupar com transporte até a montanha tendo uma mãe que trabalha cedo também.

  Ao despedir-me da minha mãe, eu entro no templo e procuro pelo mestre Yang por entre as salas, mas não o encontro. Mas ao me esbarrar em uma das minhas colegas de turma – que não suporto nem um pouco –, eu pergunto:

— Onde está o mestre Yang?

— Parece que ele esqueceu de avisar a aluna preferida que a aula hoje seria no lago. — ela responde, com o cinismo inconfundível na voz. Em seguida, ela vai na direção do banheiro e eu reviro os olhos.

  Me direciono ao lago, que ficava poucos minutos atrás do templo, ao mesmo tempo que observo as folhas das árvores balançando com o vento e o som dos pássaros cantando. Aquele som era muito agradável para meus ouvidos, pois eu amava a natureza e o som sereno que ela transmitia.

  Chegando no lago, eu pude observar que havia somente alguns alunos, e coincidentemente os que me detestavam. Mas não consegui ver o mestre Yang, apenas o mestre Sun. Ele estava de cabeça para baixo, de frente para o chafariz de 3 pratos no meio do lago.

— Mestre Sun? — eu o chamei cautelosamente, não querendo interromper sua meditação, mas eu estava confusa. — Hoje a aula é com o senhor?

  Ele não respondeu, mas saiu da posição em que estava e se virou calmamente para mim. Ele não tinha uma gota de suor pelo rosto e eu sempre queria saber como ele conseguia ficar extremamente seco mesmo se esforçando nos movimentos.

— Sim. Tenho algumas lições para ensinar. — o tom com que ele proferiu essas palavras me deu calafrio, mas eu tentei ignorar aquela sensação estranha. — Você, americana, tem causado muitos problemas para meus preciosos alunos.

  Franzi o cenho, tentando entender o que ele estava querendo dizer. Mestre Sun começou a andar ao redor de mim com os braços para trás, como costumava fazer.

— Aqui, nós ensinamos sobre humildade, respeito, trabalho em equipe... — ele dizia, calmamente, mas aquilo só estava me deixando com uma sensação estranha, principalmente quando os "alunos" dele começaram a se aproximar de mim. — Contudo, você quer sempre estar em destaque. A "preferida do mestre Yang". Acha isso justo com seus amigos?

— Eu não sei do que o senhor está falando. Eu...

— Não interrompa o mestre Sun! — um dos meus colegas disse, firme.

— Obrigado. — mestre Sun balançou a cabeça em cumprimento e ficou de frente para mim, me encarando com seus olhos negros e brilhantes, como se estivesse encarando uma presa fácil. — Você, americana, precisa de uma correção. E se o mestre Yang não é capaz de lhe dar, eu terei o prazer em fazer isso. Alunos, posição de luta.

  Eu vi os seus alunos ficarem ao meu redor, cada um com uma formação inicial para a luta. Nesse momento, meu coração começou a acelerar e a minha mente se tornou em confusão total. O que estava acontecendo? Por que eles estavam fazendo isso?

— Mestre Sun... eu...

— Ataquem! — mestre Sun gritou e permaneceu parado, mas ao contrário dele, os meus "colegas" de turma avançaram para cima de mim.

  Antes que um deles conseguissem me atingir com um soco, eu desviei para trás e em seguida dei um soco no seu estomago. Outro aluno veio para cima de mim com fúria nos olhos, desferindo socos e chutes frenéticos em mim, mas eu estava atenta e consegui bloquear todos, mas quando seu parceiro de time chutou a minha perna eu não consegui evitar e caí de joelho nas pedras.

  Eu consegui rolar para longe deles para tentar me recuperar, mas eles estavam sedentos de sangue, como se quisessem me matar. Eu me esquivei de alguns golpes, mas de outros estava sendo quase impossível.

  Era como se eles tivessem combinado a sequencia de golpes antecipadamente e, àquela altura, eu realmente acreditava nisso. É verdade que eu era boa no kung fu, mas nossos níveis eram parecidos por sermos da mesma turma, então foi difícil sair ilesa daquela luta.

  Ao passo que aquela luta se estendia, eu ficava cada vez mais perto do lago sem perceber.

— Você não é melhor do que nós, embora o mestre Yang tenha a escolhido! Eu deveria ter sido escolhida, não uma americana que não conhece nossa cultura! — dizia An-Ju, que eu pensei que era minha amiga.

— Eu não sou escolhida!

— E agora não vai ser mesmo, quando eu acabar com você!

  Somente esquivar e bloquear não estava fazendo eles pararem, por isso eu precisei atacar também. Precisava usar tudo o que eu sabia para acabar com aquela luta sem sentido.

  Eles estavam se cansando, assim como eu, mas diferentemente deles, eu era uma americana com muita determinação e disciplina. Eu era incansável, por isso o mestre Yang não media esforços para me treinar, porque sabia que eu não desistia fácil. E hoje não é diferente, principalmente agora com minha vida em risco.

  Quando eu finalmente estava terminando aquela luta e ia desferir o último golpe, alguém segurou meu pulso com força e eu olhei para o mestre Sun, que estava bastante irritado, apesar de sua expressão ser quase inexistente.

  Com o coração acelerado e o medo crescendo, tentei fugir, mas ele rodopiou o meu braço com força, de forma que eu cai de costas naquelas pedras. Mestre Sun me arrastou pelo meu cabelo até o lago, embora eu tentasse escapar enquanto gritava.

  Eu pude ver que os seus alunos se levantavam e vinham até mim, com seus machucados bem feios pelo corpo. Eu estava temendo pela minha vida, mas estava incapacitada de fazer alguma coisa naquele momento.

— Eu tenho uma última lição para você, americana!

  Mestre Sun se abaixou ao meu lado e enfiou a minha cabeça dentro do lago, tentando me afogar a todo custo. Eu me debatia como um peixe presa na rede, mas estava desesperada demais para pensar em fazer alguma coisa.

  Conforme ele mantinha minha cabeça dentro da água, eu estava perdendo o fôlego e minhas forças estavam se esvaindo. Ao passo que eu perdia a consciência, eu via as silhuetas dos alunos do mestre Sun me encarando com desprezo.

  Com minha visão escurecendo, eu não estava mais me debatendo e já não via quase nada, mas senti quando a mão do mestre Sun se afrouxou do meu pescoço. Aquele era o meu fim, se não fosse por ele.

  Eu senti alguém me puxando da água com braços fortes e calorosos, mas parecia ter sido somente um sonho. Contudo, quando eu recuperei a consciência e joguei a água do pulmão para fora, eu pude ver quem tinha sido o meu herói.

— Quem é você? — perguntei em voz baixa, observando aquele homem alto me segurar com tanta gentileza, mas firmes a ponto de eu não conseguir escapar de seus braços.

  Meu coração ainda estava acelerado e eu não conseguia descobrir se era por conta da luta, da minha quase morte, ou por causa daqueles olhos negros brilhantes, que me encaravam com certo calor.

— Me chame de Sensei Wolf.

Dual destinies | Cobra Kai - WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora