34.

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Jade

O som do funk me atingiu em cheio assim que entrei na quadra. As luzes pulsando, um monte de gente se mexendo... suor, cerveja, maconha... os bailes de Natal sempre são lotados, mas dessa vez, tava diferente, estava dez vezes mais lotado. Meu maior receio agora, seria encontrá-lo, eu estava nervosa, angustiada, sinceramente, eu não sabia qual seria minha reação ao vê-lo. Cada olhar que eu dava parecia pesar uma tonelada, cheio de segredos e expectativas. A batida da música martelava no meu peito, só amplificando a minha ansiedade.

A multidão se abria e fechava como um mar agitado enquanto eu e Isadora subíamos a escada rumo ao camarote. Cada degrau era um passo em direção ao desconhecido, ao encontro, ou talvez não, com o Imperador. Isadora, com seu jeito prático e observador, me segurava pelo braço, um gesto silencioso de apoio que eu agradecia em silêncio.

O funk agora estava mais abafado, mas ainda vibrava no ar. Aqui em cima é mais diferente do que lá em baixo. Olhava para os rostos conhecidos, procurando por um sinal, por qualquer indício da presença dele. A cada olhar que cruzava o meu, uma pontada de esperança, logo seguida por um novo choque de medo.

Eu me viro para Isadora e respiro fundo, sinceramente, eu não sabia que Kennedy me deixaria tão nervosa desse jeito, me fazendo ter receio de me bater com ele.

Isa: Relaxa, Jade. — ela disse, sua voz baixa e firme quebrando o silêncio que eu mesma havia criado — Se ele tiver aqui, você vai saber. Enquanto isso, segue a vida e vamos aproveitar. — abre um sorriso gentil. Ela estava certa, eu tinha que me tirar desses pensamentos.

Logo Isadora me puxou para o balcão de bebidas, ali era uma ilha de relativa calma no meio da tempestade. Isadora pediu uma caipirinha, enquanto eu, tentando acalmar os nervos, pedi um whisky com energético, forte o suficiente para cortar a ansiedade e o nervosa. O gosto forte queimou minha garganta.

Eu e Isadora fomos caminhando até uma área perto da grade, fazendo eu me escorar ali e começar a mexer o gelo no meu copo, tentando diluir a bebida. Assim meu olhar para em Dani, quem vem se aproximando da gente. O seu olhar, tão penetrante quanto o de sempre, se fixou em mim.  Não precisou dizer nada.  A tensão no meu rosto, a forma como eu segurava a bebida.

Dani: Ai quer dizer que a bonita não queria vim por causa dele? — Isadora apenas sorriu levemente e deu um gole em sua caipirinha, confirmando por mim a pergunta que ela tinha acabado de fazer — O Imperador ainda não chegou — ela continuou lendo meus pensamentos como se fosse um livro aberto — Nino me deixou aqui no camarote, disse que ia fazer a escolta dele. Deve estar chegando a qualquer momento. — suas palavras, embora não fossem exatamente uma boa notícia, trouxeram um alívio para mim. Era melhor saber que ele ainda não estava ali, que eu tinha um tempo, ainda que curto, para me preparar para o inevitável. Uma hora ou outra eu iria vê-lo. Eu querendo ou não.

Jade: Ótimo pra ele. — dou de ombros, levando o meu copo de whisky até a boca — Imperador já me cansou, quero aproveitar o baile. Não vim atoa. — um sorrir surge no rosto das duas e eu reviro os olhos.

Isa: Bora dançar, Jadezinha. — me puxa pelo o braço e eu solto um suspiro. Me junto a ela, começando a dançar o funk que tocava, e logo Dani também se junta a nós duas. Por um momento eu começo a me divertir, saio dos meus pensamentos intrusivos. Começo a dançar no ritmo da música, levando o meu copo até a boca e com a outra mão vazia, levava até a parte da frente do meu vestido, para não acabar mostrando demais.

A música continuava a tocar, mas uma onda de murmúrio começou a se espalhar pela multidão, e eu sabia que algo estava mudando. Parei de dançar e me encostei na grade do camarote, olhando para lá em baixo, foi então que eu o vi. Ele apareceu no meio da multidão, cercado por Nino, Cabra e outros homens todos armados com fuzis, a postura imponente, como uma muralha de proteção ao redor dele. Dois homens andavam na sua frente, ao seu lado o Nino e o Cabra, e ao seu redor os outros homens.

O Imperador estava de volta.

Meu olhar vai diretamente para ele, que vestia uma calça preta justa que moldava suas pernas de maneira perfeita, uma camisa preta que destacava seu corpo forte e bem definido. Os sapatos brilhavam sob as luzes do baile, e eu não conseguia desviar o olhar. O suporte de celular na cintura exibia seu iPhone, o relógio de ouro pulsava em seu pulso, brilhando intensamente sob as luzes piscantes, enquanto os cordões de ouro que adornavam seu pescoço capturavam a atenção de todos ao seu redor. Seu cabelo, recém-cortado, estava estiloso, realçando suas feições e dando-lhe um ar de autoridade. Ele estava lindo, como sempre, e a multidão parecia hipnotizada.

Eu nunca teria visto ele sem a roupa da cadeia, sempre com aquela roupa que não era tão bonita, mas mesmo assim, ele continuava sendo lindo e isso eu nunca poderia negar.

A cada passo que ele dava, as pessoas se afastavam, criando um espaço para a sua passagem. O DH percebendo o momento, pegou o microfone e anunciou a sua volta para todos ouvirem.

— O chefe voltou, porra! — grita, o que faz todo o baile vibrar — Todo mundo comemorando nessa porra. — os fuzis de todos que estavam ali, tanto lá em baixo, tanto aqui em cima do camarote, começam a ser disparados em direção ao céu. O barulhos dos tiros são ecoados pelos meus ouvidos, junto dos fogos que foram soltos.

Mesmo a uma certa distância, eu conseguia enxergá-lo perfeitamente. Eu sabia que deveria agir como se nada estivesse acontecendo, ignorá-lo, mas a verdade é que eu não conseguia tirar meu olhar dele. O Imperador estava de volta, e o baile, que eu havia tentado aproveitar, agora parecia girar em torno dele. Ele era o centro do universo, não só eu, mas todos olhavam.

Mas eu não iria continuar olhando para ele, então eu desviei o olhar, mesmo querendo muito continuar olhando para ele. Me virei para as meninas, que me olharam e sorriram, mas a imagem do Imperador subindo as escadas do camarote estava gravada na minha mente. Mesmo com tudo isso, eu dou as costas, só assim para eu não olhá-lo.

Isa: Liga não, finge que ele não existe. — olho para ela — Para de coisa. — sua voz carregada de energia e um toque de impaciência. Ela sabia que eu não estava conseguindo disfarçar o nervosismo.

Dani: Eu vou ali falar com Nino, já volto. —
respiro fundo, tentando acalmar o meu coração que batia como um tambor. Eu precisava me concentrar em algo, em qualquer coisa, para tirar o Imperador da minha cabeça.

Jade: Vamo pegar mais bebida. — ela concorda com a cabeça e vamos andando até o bar. Eu não olho para nenhum outro local. O garoto coloca a bebida para mim e eu levo o copo aos lábios, o gosto forte queimando a garganta, mas dessa vez, não era mais uma tentativa de acalmar os nervos. Era uma forma de beber pra me divertir e esquecer ele.

Através das Grades [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora