Jade ✨
Jade: Tchau, meninas. — me despeço das meninas da recepção e elas fazem os mesmo. Abro a porta de vidro logo em seguida e entro no beco, começando a subir a escadaria.
Hoje eu vim no salão dar um jeitinho no meu cabelo. O salão tá lotado, todo mundo vindo fazer seus cabelos e unhas, as meninas tão se virando nos 30, principalmente Isadora, que veio trabalhar em dia de hoje. Ela veio puta, reclamou o tempo inteiro, mas é a vida, o lado bom é que hoje só funciona até as cinco, já se passavam das quatro horas da tarde.
Desde que eu soube que o Kennedy foi solto, eu ando meio receosa na rua, com medo de me trombar com ele. Mas o pior é que não tem como, ele nunca sai andando pela rua, principalmente pra parte baixa, pelo menos é o que eu sempre escutei sobre ele. Mas também a maioria dos traficantes daqui da Rocinha nunca dão as caras na parte baixa, sempre ficam na parte alta, onde é mais difícil pros policiais. Mesmo assim, eu fico com medo.
Ele não me disse nada que iria ser solto, na verdade, que iria ter os 10 dias na rua, na nossa última visita ele me tratou normalmente, não comentou nada sobre. Por isso que o Nino veio e falar que eu só precisaria fazer visitas para ele ano que vem. Tudo parte do joguinho dele, de chegar aqui de surpresa. Desde então, não tivemos nenhum contato. Nem quando ele tava preso e nem agora, que ele está aqui na Rocinha. Não sei onde ele tá, nem nada, ele não deus as caras em nenhum momento.
Não ligo muito pra isso, mas eu só quero explicações. Saber como vai ficar minha situação agora, o que vai acontecer, se a dívida foi paga ou não. Eu estou sem respostas.
Mas hoje não é dia para isso, hoje é Natal, dia de comemorar e ser feliz. Ser feliz ao lado sem que a gente ama.
Começo a subir a ladeira, vendo que o sol já estava querendo ir embora. Pego o meu celular do bolso e abro na câmera, me olhando ali e vendo o brilho que o meu cabelo estava. Amo cuidar do meu cabelo em casa, mas as vezes da preguiça e é bom ir em um salão.
— Jade! — meu nome soa por uma voz familiar, o que faz eu virar o rosto rapidamente a procura dele. Eu engulo em seco e paro de andar, dando de cara com ele se aproximando de mim. Minha vontade era apenas continuar andando, mas meu coração mandava eu esperar e escutar o que ele queria comigo.
Jade: Oi. — falo apenas isso, vendo ele parar em frente a mim.
Jorge: Tá tudo bem com você, filha? — observo as palavras saírem da sua boca.
Jade: Por favor, para com isso. — falo, sentindo a dor que aquelas palavras que ele dizia me causavam. Me causavam tristeza, era ruim escutar aquilo, saber a coragem que ele tem de vim até mim e me perguntar isso. Sem mais e sem menos.
Jorge: Desculpa. — falo com tristeza em sua voz — Eu só queria falar com você. Acho que foi Deus. Pedi a ele para que hoje, no dia 24 de dezembro eu me encontrasse com você, para poder falar contigo. Parece que ele ouviu minhas orações. — abre um sorriso e eu continuo do mesmo jeito que eu estava.
Jade: O engraçado que é sempre no meio da rua, né? Incrível. — cruzo os meus braços — O que você quer falar comigo?
Jorge: Bom... eu queria desejar um feliz natal pra você, dizer que novamente, eu me arrependo profundamente por tudo que eu fiz. E mostrar pra você que eu tô mudando. — fala, parecendo estar orgulhoso — Comecei a fazer o tratamento, tô fazendo exercícios, tudo pra me tirar a vontade dessas... — engole em seco antes de falar — Drogas. — completa após um tempo — Confesso, não tá sendo fácil, mas eu tô conseguindo e espero conseguir mais. Deus tá me ajudando nessa, tenho fé que irei conseguir. — fico calada por um tempo e ele faz o mesmo, mas depois eu abro a boca.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Através das Grades [M]
Fanfiction+16| a visita íntima era apenas um detalhe em um jogo maior, o jogo do amor.