Imperador 👑
Inspiro o ar, sentindo ele entrar pelas minhas narinas. Olho para o céu, vendo o sol quente cair sobre mim. Solto um sorriso sabendo que agora eu estava livre. Livre dessa porra de lugar.
Finalmente eu sair desse inferno, finalmente porra. Não só eu, como outros presos que também receberam os 10 dias para comemorar as festas de fim de ano com a família.
Papo reto, eu passei essa semana toda anisioso pra caralho, sério mermo. Tive que entregar o celular pro arrombado do policial, ele disse que eu não podia ficar com ele. Pau no cu do caralho, me cobrou maior grana pelo celular. Fiquei sem contato nenhum com ninguém, nem com Nino. A única coisa que pude fazer foi falar com a minha advogada pra ela explicar pra Nino os bagulho tudo certinho.
Ninguém sabe que eu vou sair, só ele. Eu pedi sigilo total, falei que só queria que ele soubesse, ele e o Cabra. Os que eu mais confio.
Tava foda, porra. Parecia até que eu não sabia mais andar, me se tis estranho pra caralho fora da prisão, solto assim. Mas aí tu olha pra baixo e ver a tornozeleira ascendente a luz vermelha. Engulo em seco e olho para a pista, parando meu olhar no carro todo preto ali parado. Ergo a sobrancelha assim que o vidro começa a baixar, mostrando um cara no volante. Ele me olha e me chama com a mão. Conheço ele, um dos vapor que trabalha pra mim.
Arrumo minha postura e respiro fundo, andando até o final da calçada. Assim que o sinal fecha, eu começo a atravessar a rua em direção ao carro. Abro a porta, sentando no banco da frente e olhando para o Wl.
Wl: Porra, Imperador. — abre um sorriso — Que isso paizão, lili cantou pra tu, irmão. — leva sua mão até a minha frente e eu levo a minha até a sua, cumprimentando ele.
Imperador: Visão, mano. — solto minha mão da sua — Tá tranquilo?
Wl: Na paz, felizão por tu, papo reto. — se vira para frente e liga o carro — Nino me mandou aqui por causa de que eu tenho a ficha limpa, tá ligado? Ele mermo que queria vim, mas tu sabe como funciona esse bagulho da tornozeleira. — começa a dá partida com o carro.
Imperador: Tô ligado, pô. — me arrumo no banco, olhando para a pista — E esse bagulho da tornozeleira?
Wl: Vou te levar em um mano que faz esses bagulho aí, depois nós segue pro morro. — eu concordo com a cabeça e fico calado, enquanto ele começa a falar os bagulho. Fico apenas confirmando o que ele fala, não querendo render muito papo.
A única coisa que eu quero é o meu morro, chegar na casa da minha coroa, dar um abraço nela e jogar vídeo game com o meu sobrinho. Matar a saudade dos meus, voltar pro lugar que eu nunca devia saído. Porra, quase dois anos longe da Rocinha.
[...]
A Rocinha é meu reino, pô. Essa terra aqui, cada pedacinho, cada beco, cada sorriso, é meu. É aqui que eu nasci, que eu me criei, que eu aprendi a ser homem. A Rocinha é a minha família, é o meu sangue, é o meu orgulho
Dois anos longe, dois anos de saudade, dois anos de angústia, e agora finalmente eu tava de volta, subindo meu morro, respirando o ar da minha comunidade. Cada curva, cada casinha, cada canto, era uma lembrança, uma história, uma saudade. O cheiro de comida, o barulho das crianças brincando, o som do samba ecoando... era como se eu tivesse voltado pra casa depois de uma longa viagem, e a casa tava me esperando de braços abertos.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Através das Grades [M]
Fanfiction+16| a visita íntima era apenas um detalhe em um jogo maior, o jogo do amor.