Regina estacionou seu carro na única vaga restante, próximo aos carros dos seus colegas e a algumas viaturas que já estavam por ali. Enquanto pegava seu material, a morena agradeceu por não ter nenhum curioso em volta da casa, era sempre complicado fazer o que tinham que fazer com dezenas de pessoas em volta, fazendo perguntas e atrapalhando o trabalho de todos.
Assim que desceu do carro, Regina avistou uma loira se aproximando da faixa de restrição e sorriu levemente. Com sua maleta em mãos, Mills se aproximou da colega que carregava um semblante nada amigável no rosto. Ela entendia. Estava muito cedo e, pelo andar da carruagem, aquele dia seria extremamente cansativo.
— Bom dia, Regina! — Cumprimentou assim que notou a aproximação da legista.
— Bom dia, Emma! — respondeu, sorrindo levemente. — Já sabe o que temos aqui?
— Chelsea disse que de acordo com os policiais, foi uma briga seguida de assassinato. — Mills assentiu e as duas seguiram para dentro da casa.
— Alguma testemunha? — Swan negou, mas logo seguiu com a explicação.
— Uma vizinha ouviu gritos e ligou para a polícia. Os barulhos de tiros vieram durante a ligação, por isso fomos chamados tão rápido.
— Certo! Vamos ver o que temos aqui.
Passaram pelo hall de entrada e, por todos os lados, tinham oficiais da polícia e alguns de seus colegas do laboratório de criminalística. Regina seguiu o caminho indicado por um policial e logo encontrou o corpo que deveria analisar e uma das agentes que trabalhava com elas.
— O que você tem pra mim, Chelsea?
— Oi, Regina! Emma! — Cumprimentou as duas e logo voltou a olhar para o corpo à sua frente. — Mulher negra de, aproximadamente, vinte e seis anos. Tudo indica que foi morta a tiros.
— Ou asfixiada. — Regina se abaixou ao lado do corpo, enquanto calçava suas luvas e logo levou os dedos ao pescoço da vítima. — Vê essas marcas? Em algum momento ela foi estrangulada.
— E pela história que essa sala conta, ela resistiu bastante. — Emma pontuou, enquanto fotografava a cena e recolhia as provas que encontrava pelo caminho. — E o Gus?
— Está lá em cima, procurando alguma coisa que possa nos ajudar a identificar o assassino ou a vítima. — Mulan respondeu.
Regina fotografava o corpo na exata posição que o encontrou e, em sua mente, já tentava montar uma possível sequência de acontecimentos que poderiam ter ocasionado aquela morte. Com as fotos prontas, Mills passou a procurar algo que identificasse aquela mulher; carteira com alguma identidade ou algo semelhante, mas não encontrou nada.
— Que bom que vocês já estão aqui. — August falou, assim que surgiu na sala. — Não encontrei muita coisa, só essa carteira em um dos quartos. — A entregou para Regina, que a olhou e depois a entregou para Emma. — E esse notebook. Acredito que a Zelena consiga algo com ele. Vou avisar para ela se preparar, que estou levando algo para ela se divertir. — Deu um sorriso triste e se afastou de onde as colegas estavam.
— Mills! — Emma chamou, fazendo a morena erguer a cabeça em sua direção. — Vem aqui um instante, por favor! — Sem contestar, Regina se levantou e se aproximou.
— O que foi, Swan? — perguntou.
— Quando você olha para essa sala, o que vê? — Mills franziu um pouco as sobrancelhas, mas olhou em volta mesmo assim, analisando toda a cena e compreendendo qual seria o possível questionamento da loira.
— Sendo bem sincera, não me parece uma cena de crime normal. — Foi direta.
— E o que te diz isso?
— Apesar dos sinais de luta, não tem respingos de sangue em lugar nenhum e isso é a primeira coisa que vimos em cenas onde a vítima foi morta a tiros.
— Exatamente. — Concordou. — Algo me diz que essa moça não morreu aqui e que os tiros não foram para ela.
— Isso pode fazer sentido, Swan.
— Eu vou dar uma olhada em volta da casa, para ver se encontro algum revestimento de bala.
— Certo! — Os olhos castanhos voltaram para o corpo e a morena pensou um pouco mais naquela possibilidade. — Vou mandar o corpo para o laboratório, assim posso começar a fazer uma análise minuciosa da hora e da causa da morte.
— Perfeito! Depois eu passo lá para saber o que descobriu. — A morena assentiu e saiu para pedir que levassem o corpo.
Emma seguiu para o lado de fora da casa e começou a procurar em volta, buscando algo que se encaixasse em toda aquela bagunça. Com a lanterna em mãos, Swan viu algo chamar a sua atenção próximo às lixeiras, quase na parte de trás da casa. No momento em que iria se abaixar para analisar melhor o que poderia ser, seu celular tocou.
— Swan! — Atendeu sem ver quem poderia ser.
— Emma! Você ainda está na cena do crime? — perguntou.
— Sim! Precisa de algo?
— Que você pegue a Regina e venha para o Ibirapuera. Killian e eu temos um corpo aqui.
— Chegamos em vinte minutos. — Desligou o telefone e foi atrás de Mulan, precisava que alguém analisasse bem aquele arbusto. — Chelsea! — Chamou assim que adentrou a casa e Mulan logo apareceu.
— Oi, Emma!
— Ruby está precisando de reforços no Ibirapuera. Vou pegar a Regina e ir para lá. — Chelsea assentiu, sabendo que tinha algo a mais. — Perto das lixeiras, quase na parte de trás da casa, tem algo que chamou a minha atenção. Dá uma olhada, acho que podemos encontrar algo que nos ajude no caso.
— Pode deixar, chefinha! — Brincou, fazendo Emma revirar os olhos.
Swan apressou um pouco os passos para conseguir alcançar Regina. Aquele dia, que nem tinha amanhecido ainda, já estava lhe dando uma baita dor de cabeça. Emma respirou fundo e, mesmo de longe, notou Regina quase entrando no carro.
— Regina, espera! — Gritou, fazendo a morena parar, enquanto se aproximava mais.
— Aconteceu alguma coisa? — Suas sobrancelhas estavam franzidas e sua respiração um pouco desregulada pelo susto.
— Ruby acabou de me ligar, avisando que estão com outro corpo e disse que precisa da gente. — Informou.
— Vou avisar a Alice que estão levando o corpo e pedir para ela se preparar para receber esse e o próximo. — Enquanto a morena fazia o que tinha dito, Emma as conduziu até seu carro.
Adentraram o veículo e Swan deu a partida, enquanto Mills terminava de enviar a mensagem para Alice.
Era sempre assim, em todo início de Dezembro, os crimes aumentavam e tudo parecia acontecer ao mesmo tempo. Enquanto o carro seguia caminho até o parque, Regina olhava a paisagem pela janela, tentando conectar todos os elementos que tinham até o momento e criar algo substancial para uma linha de pensamento coerente para o caso.
— Como estão as coisas, Regina? — Emma perguntou, quebrando o silêncio que se estendeu por alguns instantes. — Faz tempo que não conversamos.
— Estão bem, Emma. Tenho tido muito trabalho ultimamente e sei que você também. — respondeu, arrancando um leve sorriso da loira. — E com você, como estão as coisas?
— Estão indo bem. Corridas, mas bem! — Regina assentiu e voltou a olhar a paisagem. — E sua família, como estão?
— Acredito que estejam bem. Faz uns dias que não falo com a minha irmã, então não tenho muitas notícias. Já minha mãe…fazem algumas semanas que não nos falamos.
— Você continua evitando ela como pode?
— Claro! Dona Cora Mills é uma mulher difícil de lidar e parece que ultimamente ela tem sentido uma necessidade maior de falar sobre o fato de eu estar solteira. — Regina revirou os olhos ao falar, lembrar da insistência de sua mãe, sempre lhe aborrecia.
— Deve ser por causa da idade, Regina! — Apontou, fazendo a morena lhe olhar do pior jeito possível e isso lhe arrancou uma risada. — Não tem como você dizer que estou errada. Querendo ou não, o nosso relógio biológico está apitando o tempo todo e dizendo que estamos ficando para a titia.
— E você está preocupada com isso? — perguntou.
— Não mesmo. — Negou com veemência. — Eu estou fugindo de relacionamentos já tem uns anos, o último não foi uma experiência muito agradável.
— É, eu me lembro. Eu sinto muito por isso, Emma!
— Está tudo bem! Acho que eu já superei tudo aquilo. — Regina assentiu, mesmo que achasse que não tinha como superar, pra valer, o que Emma tinha vivido.
A conversa seguiu em torno do âmbito pessoal, com as duas falando sobre seus pais e irmãos, durante todo o caminho até o parque. Apesar de não se falarem tanto quanto gostariam, Emma e Regina gostavam de conversar e passar o tempo uma com a outra. Entraram no laboratório em épocas próximas e, no começo, não eram tão amigáveis assim uma com a outra, mas a convivência e o trabalho em equipe as aproximou. Não eram melhores amigas. Estavam longe disso, na verdade. Mas, se respeitavam, se ajudavam quando necessário e, mesmo que não deixassem isso explícito, se preocupavam uma com a outra.
Dizer que o antigo relacionamento de Emma deu errado, soava como o maior eufemismo do mundo, mas quando tudo desmoronou, Regina estava lá. Foi a única que conseguiu se aproximar da loira, pois seu humor nunca lhe assustou. E também foi a única que conseguiu, com provas mais que concretas, mostrar para Emma o que de tão errado tinha naquele relacionamento e avisa-lá que deveria se afastar o mais rápido possível ou poderia ser tarde demais. Infelizmente, a decepção fez Swan cometer um erro que quase custou a sua vida.
Não demorou muito para chegarem ao parque e, mesmo alguns metros longe, dava pra ver a quantidade de gente em volta da fita, tentando enxergar o que estava acontecendo. A passos rápidos, Emma e Regina desceram do carro e se aproximaram do local. Após mostrarem suas identificações, e terem sua passagem liberada, se aproximaram de Ruby, que parecia estar uma pilha de nervos.
— Regina, seu corpo está ali. Por favor, tira ele daqui logo.
Mills sorriu com o tom levemente desesperado de Lucas e seguiu até o corpo, repetindo com ele o mesmo processo que fez com o primeiro. Diferente da vítima da casa, aquela não tinha nenhuma marca além de alguns tiros na região do tórax.
— O dia mal começou e já está sendo um daqueles. — Emma comentou.
— Nem me fale! O Killian está tentando fazer essas pessoas saírem daqui, mas enquanto o corpo permanecer na cena, vai ser um pouco difícil. — Swan assentiu.
— Deu uma olhada no perímetro?
— Olhei mais próximo ao corpo e como deu, já que todas essas pessoas chegaram antes de nós.
E mesmo com a confirmação de Ruby, Emma ultrapassou a fita e começou a procurar por algo ao redor. Ainda estava escuro, então a lanterna que Emma tinha usado há pouco, era de grande serventia. Mais uma vez naquela madrugada, Swan se viu próxima a um arbusto. Algo lhe dizia, da mesma forma que mais cedo, que encontraria algo escondido ali. Quando passou a lanterna pelas folhas, achou ter visto algo reluzir, então se abaixou para ter certeza.
— Ruby, vou precisar de um par de luvas e um saco de evidências, por favor. — Pediu alto o bastante para que Lucas a escutasse.
— Encontrou algo? — Ruby perguntou, assim que se aproximou com o que Emma tinha pedido.
— Acredito que sim, só não sei ao certo o que ainda. — respondeu, enquanto calçava as luvas. Emma afastou as folhas e passou a lanterna naquele ponto outra vez e quando a luz bateu no objeto reluzente, Swan sorriu.
— Uma arma. — afirmou Ruby. — Será que é a arma do crime?
— Não dá pra afirmar, mas tudo indica que sim. O que eu sei é que ela tem muitas coisas para me contar. — Sorrindo satisfeita, Emma guardou a arma no saco de evidências.
— Às vezes eu me esqueço o quão feliz você fica, quando está com uma dessas na mão. — Ruby comentou, fazendo a loira revirar os olhos. — É sério, Emma.
— Elas são a minha especialidade, Ruby, não tem como ser diferente.
Voltaram para perto de onde o corpo estava e encontraram Killian andando de um lado para o outro, com as mãos na cintura, enquanto falava algo para Regina. A morena, apesar de focada no que fazia, revirava os olhos, vez ou outra, para o que o homem dizia.
— Emma! — falou mais alto do que o necessário. — Estava falando para a Regina, que esse corpo não pode ficar aqui nem por mais cinco minutos. As pessoas não estão indo embora e eu não vou conseguir dispersar essa multidão, enquanto a vítima ainda estiver estirada aqui na grama.
— E eu estava falando que já terminei e que o corpo já está liberado. — Regina informou, enquanto retirava as luvas. Ao ouvir o que a morena disse, Killian ergueu as mãos para o céu, como se agradecesse por, finalmente, acabar com toda aquela muvuca. — Poderia me dar uma carona, Emma?
— Claro que sim! — Sorriu para a morena, sabendo que ela estava por um fio de xingar o colega. Regina detestava trabalhar com alguém falando sem parar ao seu lado. — Ruby, você poderia pedir para alguém buscar o carro da Regina na primeira cena? Ela veio comigo.
Mills olhou para Swan, já imaginando que ela tinha feito de propósito, afinal elas poderiam pedir para um dos policiais que já estava na cena, levar o seu carro até o laboratório. A piscada de olho sútil que Emma lhe direcionou, disse que ela estava certa.
— Claro! — Ruby respondeu e logo se virou para chamar Jones. — Killian, dispersa essa gente e vai buscar o carro da Regina. Depois nos encontramos no laboratório.
Killian assentiu, mesmo fazendo uma cara feia e querendo reclamar. Apesar de serem parceiros, Ruby era sua superior e ele não arriscaria aborrecê-la, principalmente depois de uma madrugada daquelas.

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Forensic Investigation
FanfictionCansada de ser taxada como alguém que não se importa em formar família e que vive para o trabalho, Regina Mills aceita a proposta de Emma Swan e viaja até a casa dos seus pais. É Natal e, após alguns anos, a família está feliz em ter Regina para cei...