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Jade

Isa: Ai, não gostei desse vestido não. — olho para ela, que usava um vestido vermelho colado, com duas aberturas, uma de cada lado da sua coxa. Tava bonito, mas era muito aberto. Ela começa a se olhar no espelho e depois se vira para mim — O que tu achou?

Jade: É lindo, mas é muito aberto. — ela confirma com a cabeça e eu olho para Dani, que sai do outro provador, já vestida com a roupa que ela veio — Vai levar só esses, né?

Dani: Sim. — vem andando e se senta na cadeira ao meu lado.

Isa: Vou levar o outro mesmo. — começa a tirar o vestido do corpo. Hoje viemos comprarmos nossas roupas de Natal e Ano novo, falta só mais uma semana e a gente teve que vim correndo comprar nossas roupas.

Não tenho nenhuma noção de onde irei passar meu Ano Novo, provavelmente com as meninas. Natal eu sempre passo em casa, quando da meia noite eu vou pra rua, mas sempre gosto de comer com a minha família, ou pelo menos gostava. Agora minha família é minha mãe e o Paçoca, será apenas nós três esse ano. Apesar que a mãe da Isadora chamou nós duas para comermos lá esse ano.

Falta apenas uma semana pro Natal. O Nino veio me avisar que esse ano eu não terei mais visitas com o Imperador, não me disse o porque. Até pensei que seria por causa das festas de final de ano, mas procurei saber na internet e vi que não tem nada haver, mesmo em épocas de festas, eles ainda recebem visitas. Mas enfim, não perguntei nada e também nem falei com Kennedy, desde que voltei da última visita. Ele sumiu do Whatsapp, até mandei uma mensagem qualquer, mas a mensagem não chegou.

Fico sem entender nada, sem ter explicações, mas prefiro ficar sem saber. É até bom não ficar falando com ele, Kennedy enche muito o meu saco, o tempo todo falando sobre tudo, reclama de tudo, não tenho paciência. Ano que vem quando eu for visitar ele eu procuro saber o porque dele não estar no Whatsapp.

Eu e as meninas vamos pagar nossas compras e logo saímos da loja, seguindo até a praça de alimentação. Fazemos nossos pedidos e vamos nos sentar.

Dani: Nino me disse que esse ano tu não vai mais fazer visita pra Imperador. — tiro as sacolas do meu braço e coloco no chão ao lado dos meus pés, logo olhando para ela.

Jade: Pois é. Não entendi muito bem, mas é até bom. — dou de ombros, tirando o meu celular da cintura.

Dani: Ele também só disse isso, não me disse mais nada. — arruma a postura na cadeira.

Isa: Será que a tua dívida acabou, Jade? — olho para ela — Já fez dois meses que tu tá visitando ele, né? Não é possível que não quitou a dívida.

Jade: Sabe que eu não procurei saber? Nino disse que quando quitasse eu não teria que ir mais, mas eu não procurei saber. — tiro o meu cabelo das costas e coloco ele todo pro lado.

Dani: Acho que não é isso, porque se não Nino não teria dito que eu vai voltar depois do Ano Novo. — eu confirmo com a cabeça — Mas Isadora tem razão, já fazer dois meses, e com dinheiro que tu tava ganhando, já dava pra quitar a dívida, mesmo com os juros.

Isa: Ela tava gostando tanto das visitas que nem fez questão de saber se já tinha acabado ou não. — fala enquanto rir e Dani acompanha ela.

Jade: Tu me cansa, Isadora. — reviro os olhos — Sinceramente. — nego com a cabeça e pego o meu celular em cima da mesa.

Isa: É a verdade, amor. — fico calada, enquanto desbloqueio o meu celular — Mas agora nem adianta procurar saber ou não, agora tu já tá envolvida demais com ele. O bofe até regras tá impondo, quer mandar, não quer deixar tu ficar com ninguém. Tu querendo ou não, vai ter que ir. — eu engulo em seco, sabendo que tudo o que ela está dizendo é verdade.

Eu já tô muito envolvida, não tem mais volta. Eu e Kennedy estamos muito envolvidos um com o outro. A essa altura do campeonato não tem mais o que negar. Na nossa última visita, coisas aconteceram, foi ali que eu vi que já estávamos muito envolvidos um com o outro. Parecíamos até que estávamos juntos. O lado que ele me mostrou, ele sorriu pra mim, foi carinhoso comigo, coisa que ele nunca mostrou ser. Como nós dois nos olhávamos... era diferente.

Eu nunca me relacionei com ninguém na vida, a única pessoa que eu cheguei a ter algo, foi o menino que tirou a minha virgindade. Passamos dois meses ficando e depois eu resolvi em entregar a ele, depois disso, ainda ficamos por um mês, só que não deu mais certo e cada um seguiu o seu rumo. Eu queria um relacionamento, ele não queria isso. Ele queria ficar comigo e com todo mundo, apenas sermos ficantes. Mas eu vi que isso iria me magoar, eu perdi minha virgindade com ele e isso faz você se apegar. Não iria me fazer bem, então eu cheguei nele e disse que aquilo não estava me fazendo bem. E no final, cada um seguiu seu caminho.

Depois disso, eu não me relacionei com ninguém. Eu preferi assim, sempre fiquei com quem eu queria, nunca cheguei a passar disso. Também nunca quis, namorar na adolescência é puro saco, é cansativo demais, sempre a mesma coisa. No começo é mil amores, depois você só se fode com esse bofes.

[...]

Fecho a porta e entro dentro de casa, já vendo o cachorro vim em minha direção. Eu sorrio para ele, que pula em cima de mim. Faço um carinho nele, logo levando meu olhar para minha mãe, que estava deitada no sofá com o seu celular na mão.

Andréa: Já chegou? Pensava que ia chegar mais tarde. — vou andando em direção a ela e paro em sua frente, me abaixando um pouco, deixando um beijo no topo da sua cabeça.

Jade: A gente só foi comprar as roupas e comer mesmo. — tiro as sacolas do punho e deixo elas em cima da mesa — Mãe, tia Marlene chamou a gente pra passar Natal lá na casa dela. Vamos?

Andréa: Ela ja tinha falado comigo, ia até comentar contigo. — puxo uma cadeira e me sento ali.

Jade: Vai ou não? — coloco todo o meu cabelo para o alto, prendendo ele com meus próprio fios.

Andréa: Eu vou. É até melhor, Jade. — apoio minha cabeça na cadeira olhando para ela, enquanto fala — Melhor do que ficar aqui em casa, só nós duas. — solto um suspiro, sentindo meu peito dar uma pontadinha. É ruim escutar ela falando assim... — Pelo menos vamos passar com as meninas. — fico calada. Lá na Isadora só passa elas e o irmão dela, que não mora mais com elas, mas sempre vem passar Natal aqui.

Jade: A gente vai, mãe. — não recebo uma resposta de volta, então pego o meu celular.

Não é fácil, mas a gente tem que seguir a vida. As vezes dói, mas passa. Tudo passa, tudo é passageiro.

Através das Grades [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora