Imperador 👑
Arrumo minha postura naquela cadeira, olhando pra um ponto fixo. Hoje a doutora quis vim falar comigo, espero que seja coisa boa, papo reto. Não aguento mais ficar aqui, porra, papo reto. Várias neurose na mente, só quero sair dessa porra, ver a rua, ver o meu morro, onde eu nasci, cresci e hoje comando.
Só sabe quem passa, sério mermo. Tu não dorme aqui não, sempre tem que tá no alerta, ligado em quem tá querendo teu mal. Aqui ninguém é amigo de ninguém. Eu tenho vários inimigos por aí, pô. Também já vi vários aqui, várias vezes nos banho de sol, no refeitório, chega tu anda com medo, de acontecer algum bagulho. Mas eu fico na minha, pô. Aqui eu não quero arrumar problema com ninguém, meu problema aconteceu lá fora, não aqui dentro.
Tem essas porras desses polícias corruptos, tudo maluco por dinheiro. Tu sofre na mão desses filho da puta, papo reto. Se aproveitam da tua situação e botam pra fuder em tu.
Saio dos meus pensamentos, quando vejo a porta ser aberta. Viro meu pescoço de um lado pro outro, fazendo com o que ele estralasse. A doutora entra e vem caminhando até a mesa. Ela usava uma calça preta e uma camisa de botão branca, aqueles bagulho de salto não pés, uma bolsa de couro no braço e suas joias de ouro, típico de rica. Essa daí é rica pra caralho, umas das melhores do Rio de Janeiro. Paguei uma grana do caralho, mas o trabalho dela é bom, consegui vários bagulho pra mim, claro, também com a minha ajuda, a ajuda do meu dinheiro. Só dar dinheiro que esses corruptos fazem tudo.
Cris: Bom dia, senhor Imperador. — se senta na cadeira e coloca a mesa em conda da mesa.
Imperador: Bom dia. — falo apenas, cruzando os braços na altura do peito.
Cris: Bom, vamos ao que interessa. — tira uma pasta de dentro da bolsa chique e eu apenas observo ela — Trago boas notícias e más. A boa é que consegui o que você me pediu. — mudo a expressão do meu rosto e me arrumo na cadeira, mostrando interesse — Consegui uma saída temporária para você, dez dias, abrangendo o Natal e o Ano Novo. — começa a mexer nos papéis da pasta — As más é que é estritamente condicional. Você ficará sob monitoramento eletrônico 24 horas por dia, com a tornozeleira. Qualquer desvio, por menor que seja, pode resultar na revogação imediata da liberdade condicional e te colocar de volta aqui, entendeu? — solto um suspiro e fico calado. Nem fudendo que eu vou seguir a porra dessas regras. — A área de atuação é limitada ao município, e você precisa apresentar-se na delegacia mais próxima diariamente às 18h para o registro de presença. Não pode se aproximar de pontos de tráfico, nem de indivíduos com antecedentes criminais. A polícia estará de olho, e qualquer movimentação suspeita será investigada. — estalo a língua no céu da boca. Só vão achando esse bagulho, vão mermo — Tenho todos os detalhes da autorização aqui, e é crucial que você os siga à risca. Entendeu tudo? — entendi não, porra. Eu vou voltar pro meu morro e to nem aí pra caralho nenhum, quero que esses arrombados se fodam.
Imperador: Entendi, pô. — descruzo os braços — Eu saio e volto quando?
Cris: Você sai no dia 23 de dezembro, às 8h da manhã, e precisa se apresentar na delegacia até as 18h do dia 2 de janeiro. Mas lembre que a tornozeleira eletrônica te monitora o tempo todo, e qualquer desvio das regras pode resultar na sua volta imediata para cá. — fico calado — Estou trabalhando para agendar sua audiência em fevereiro. As datas estão um pouco congestionadas, mas estou otimista em conseguir um espaço ainda pro mês de fevereiro do ano que vem. Assim que tiver a confirmação, avisarei imediatamente. — a um tempo atrás eu estaria até animado com isso, mas agora, essa porra vai servir de nada pra mim.

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Através das Grades [M]
Fanfiction+16| a visita íntima era apenas um detalhe em um jogo maior, o jogo do amor.