Erik
Quando ouvi o som do tiro, soube imediatamente que algo havia acontecido. Não algo pequeno, não algo contornável — algo que mudaria tudo.
Yara.A raiva cresceu dentro de mim como um incêndio incontrolável. Eu deveria estar preparado para a traição de Dimitrius. Ele sempre foi uma pedra no meu sapato, questionando minha liderança desde o início. Mas atirar em alguém desarmado? Atirar em Yara? Minha esposa, em minha própria casa?
Isso era mais do que ousadia. Era suicídio.Caminhei até ele com passos firmes, ignorando o caos ao redor. Dimitrius ainda segurava a arma com a mão trêmula, os olhos selvagens e carregados de raiva. Ele nem percebeu quando saquei minha arma e apontei para ele.
— Filho da puta! — vocifero.
Antes que ele pudesse reagir, disparei. O tiro acertou seu ombro, jogando-o no chão como o rato que sempre foi.
As pessoas ao redor congelaram. Tudo o que eu conseguia ouvir era o som do sangue pulsando em meus ouvidos e a respiração fraca de Yara ao fundo.
Caminhei até Dimitrius, meu corpo movido por puro instinto. Ele tentou levantar a cabeça, mas não chegou a me encarar. Eu o puxei pelo colarinho, aproximando seu rosto do meu.
— Ninguém encosta nela. — As palavras saíram antes que eu pudesse pensar.
Sem hesitar, apertei o gatilho.
O corpo de Dimitrius caiu pesado no chão, e o sangue ao seu redor começou a se espalhar. Olhei para ele por um momento, sentindo o silêncio do salão engolir tudo. Não havia remorso, apenas a certeza de que era o único desfecho possível.
Mas não era ele quem importava.
Virei-me para Yara, e o peso daquela visão atingiu-me como um golpe. Ela estava cercada por pessoas inúteis que murmuravam e gesticulavam, mas ninguém fazia nada de útil. Seu rosto estava pálido, quase sem cor, e o sangue que escorria de seu ombro parecia não parar.
— Saiam daqui! — rosnei, minha voz ecoando com tanta força que todos recuaram de imediato.
Ajoelhei-me ao lado dela, sentindo a adrenalina começar a se misturar com o desespero.
— Yara... fique comigo. Você vai ficar bem.
Seus olhos estavam pesados, quase sem foco, mas ela piscou lentamente, como se estivesse tentando me encontrar.
— Erik... — Sua voz saiu fraca, quase um sussurro.
— Não fale — pedi, tentando soar calmo, mas minha voz vacilou. — Apenas fique acordada.
Segurei sua mão, pressionando o ferimento com a outra para tentar estancar o sangue. Quando Alfred chegou com a maleta de primeiros socorros, quase o empurrei para o lado de tanta pressa.
— Precisamos levá-la para um médico agora — ele disse, já trabalhando para cobrir o ferimento e controlar a hemorragia.
Assenti, levantando Yara nos braços com cuidado. Ela parecia tão leve, tão vulnerável. Cada passo até o quarto foi um tormento. O sangue quente que manchava minha camisa era um lembrete constante de quão perto eu estive de perdê-la.
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Eu estava sentado ao lado da cama dela, observando cada movimento. O médico de confiança que Alfred chamou havia tratado o ferimento. Ele garantiu que não era fatal, mas que Yara precisava descansar.
Descansar. Como se fosse simples.

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Mafioso Mascarado
RomanceYara Rogulski, filha do mafioso mais poderoso do distrito central russo, nunca se deu bem no círculo social em que nasceu. Passava seus dias tentando viver como uma pessoa comum, até ser convocada para firmar um acordo de paz entre famílias. Para qu...