Capítulo 14

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Acordei com o som de passos apressados e vozes abafadas ao meu redor. Minha cabeça latejava, e um peso insuportável parecia estar pressionando meu corpo contra a superfície macia em que estava deitada. O cheiro de sangue e álcool medicinal estava impregnado no ar, me trazendo de volta à realidade de forma brutal. 

Tentei me mover, mas uma pontada aguda no ombro esquerdo me arrancou um gemido baixo. Senti dedos firmes em meu pulso. 

— Não se mexa, Yara. — A voz era de Erik, dura, mas com um traço de preocupação inconfundível. 

Minha visão ainda estava embaçada, mas consegui focar nele. Erik estava ao meu lado, os olhos azul-gelo carregados de algo que não consegui identificar imediatamente. Sua camisa estava manchada de sangue — meu sangue, percebi com um arrepio. 

— O que... aconteceu? — minha voz saiu rouca, como se eu não tivesse falado em dias. 

— Dimitrius. — Erik rosnou o nome como se fosse um veneno. — Ele te acertou. Está com um ferimento superficial, mas perdeu muito sangue. 

A lembrança do tiro voltou como uma avalanche. A dor, o som abafado, o olhar selvagem de Dimitrius, e depois... o disparo que Erik deu. 

— Você... matou ele? — perguntei, minha voz falhando no final. 

Erik assentiu lentamente, seu rosto uma máscara de frieza. 

— Ele sabia o que estava fazendo. Dimitrius era uma ameaça desde o momento em que questionou minha liderança. Mas... ele não deveria ter mexido em você. 

Houve algo na maneira como ele disse isso, como se cada palavra carregasse um peso insuportável. Erik inclinou-se, os olhos fixos nos meus. 

— Não vou permitir que ninguém te machuque de novo, Yara. Não importa quem seja. 

Minha respiração acelerou, não pela dor no ombro, mas pelo tom de sua voz. Ele estava furioso, sim, mas também parecia vulnerável de um jeito que nunca havia demonstrado antes. 

Antes que eu pudesse responder, a porta do quarto se abriu, e Alfred entrou, carregando uma bandeja com medicamentos e um pano limpo. 

— A senhorita está acordada — ele disse, um alívio evidente na voz. — Precisamos trocar os curativos e limpar o ferimento novamente. 

Erik permaneceu ao meu lado enquanto Alfred trabalhava, seus olhos nunca me deixando. A dor do toque no ferimento me fez cerrar os dentes, mas me recusei a demonstrar qualquer fraqueza. 

— Isso deve ajudar a aliviar a dor — Alfred disse, enquanto aplicava um unguento no ferimento e cobria a área com gaze limpa. 

Quando ele terminou, Erik se levantou abruptamente, como se algo tivesse passado por sua mente. 

— Preciso lidar com os conselheiros e controlar os rumores — ele disse, a voz de volta ao tom frio e autoritário. — Mas estarei de volta antes que perceba. 

— Erik... — chamei antes que ele saísse. Ele parou, mas não se virou. — Obrigada. 

Ele não respondeu, mas um leve movimento de sua cabeça foi suficiente para mostrar que havia ouvido. 

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A mansão estava quieta quando acordei novamente. A dor no ombro era uma pulsação constante, mas suportável. Martin, meu gato, estava encolhido ao meu lado, ronronando suavemente, como se soubesse que eu precisava de conforto. 

Minha mente estava cheia de perguntas. Por que Erik parecia tão desesperado por minha segurança? Seria apenas um reflexo de sua obsessão pelo controle ou algo mais? 

Mafioso MascaradoOnde histórias criam vida. Descubra agora