A descida pelas escadarias parecia uma cena de filme. O salão estava lotado, um mar de figuras influentes cujos olhares agora se voltavam para nós. A mão de Erik em minha cintura era firme, um gesto que parecia dizer ao mundo que eu pertencia a ele — e que qualquer um que ousasse questionar isso enfrentaria consequências.
Por um momento, senti como se o ar no salão tivesse se tornado rarefeito. Não era só o peso dos olhares; era o peso do lugar que agora ocupava. Porém, em vez de recuar, algo dentro de mim despertou. Cada olhar carregado de desdém, admiração ou até medo parecia alimentar uma força que até então eu desconhecia.
Erik me conduziu pela sala com a confiança de alguém acostumado a dominar qualquer ambiente em que pisasse.
— Preciso conversar com algumas pessoas. — Ele se inclinou, falando perto do meu ouvido.
Assenti, observando-o se afastar para se juntar a um círculo de homens que pareciam imediatamente mais tensos com sua presença.
Fiquei sozinha por um momento, pegando uma taça de champanhe de um garçom que passava. O líquido dourado tremulava sob as luzes do salão, e eu aproveitei o momento para explorar o ambiente.
Foi então que notei uma porta entreaberta no canto oposto do salão. Era uma pequena biblioteca ou sala de reuniões, pelo que consegui ver. O que me chamou a atenção foi o som de vozes abafadas.
Caminhei até lá, movida por uma curiosidade que sabia ser perigosa, mas irresistível. Quando me aproximei, reconheci as vozes imediatamente.
— ...isso não estava no acordo, Alexander. — Era a voz do meu pai, Joseph. Havia um tom de irritação que ele raramente demonstrava.
— Os acordos mudam, Joseph. Você sabe disso melhor do que ninguém. — Alexander respondeu, a voz gotejando sarcasmo.
Meu coração acelerou. O que meu pai estava fazendo ali? E por que estava conversando com Alexander, de todos os homens?
Aproximei-me mais, escondendo-me atrás da porta, e me esforcei para ouvir.
— Se Erik descobrir... — Joseph começou, mas Alexander o interrompeu com um riso curto.
— Erik está cego demais com sua preciosa esposa para perceber qualquer coisa. Tudo o que precisamos é de tempo.
— E se ela descobrir? — Meu pai parecia inquieto.
— Yara não é um problema. Ela é uma distração. E eu sei exatamente como lidar com distrações.O sangue gelou em minhas veias. Não sabia o que era pior: o tom casual com que Alexander falava de mim ou o fato de meu próprio pai parecer concordar com ele.
Antes que pudesse processar mais, a porta foi aberta com força. Meu coração quase parou ao encarar Alexander, que agora me olhava com uma mistura de surpresa e algo mais sombrio.
— Ora, ora... parece que temos uma intrusa. — Ele sorriu, mas o gesto não chegou aos olhos.
— Yara? — Meu pai apareceu logo atrás, o rosto empalidecendo ao me ver.
Engoli em seco, tentando recuperar a compostura.
— Não sabia que vocês dois estavam tão... ocupados.
— Apenas negócios. — Alexander respondeu, fechando a porta atrás de si e me impedindo de entrar. Ele olhou para mim como se avaliasse quanto eu tinha ouvido.
— Negócios que precisam ser discutidos longe do salão principal? — perguntei, tentando soar desinteressada.
Meu pai interveio rapidamente, colocando uma mão no ombro de Alexander.

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Mafioso Mascarado
RomanceYara Rogulski, filha do mafioso mais poderoso do distrito central russo, nunca se deu bem no círculo social em que nasceu. Passava seus dias tentando viver como uma pessoa comum, até ser convocada para firmar um acordo de paz entre famílias. Para qu...