A noite no hotel estava tranquila, mas Zara não conseguia dormir. A inquietação dentro dela era forte demais, a sensação de que algo não estava certo com Sn a consumia. Ela havia tentado convencer Axel a tomar cuidado, a ouvir suas preocupações sobre a irmã, mas ele a ignorara, acreditando que ela estava apenas com ciúmes.Zara não podia simplesmente deixar isso passar. Sabia que algo mais estava por trás da confiança excessiva de Sn, algo que Axel não podia ver. Afinal, ela conhecia a história de sua irmã melhor do que qualquer um.
As luzes do hotel estavam apagadas, mas Zara, disfarçada na escuridão, se esgueirou para o corredor. Quando chegou à porta do quarto de Sn, respirou fundo. Ela não queria que ninguém soubesse disso, mas precisava entender o que estava acontecendo. A desconfiança a consumia, e ela não descansaria até ter respostas.
Com um movimento rápido e silencioso, Zara forçou a fechadura do quarto, um truque que ela aprendera quando começou a se envolver com o mundo dos dojos. A porta se abriu com um leve rangido, e ela entrou sem fazer barulho.
O quarto estava escuro, mas a luz da rua iluminava o suficiente para que Zara encontrasse o que procurava. Ela observou o espaço cuidadosamente: cama arrumada, uma mochila no canto, e uma mesa com algumas coisas espalhadas. Zara vasculhou rapidamente, até que seus olhos pararam em uma caixa de papel. Ela a pegou e abriu com cuidado. Dentro, havia papéis e documentos.
Zara sentiu um aperto no peito quando viu um relatório médico antigo, datado de alguns anos atrás. Os registros indicavam que Sn tinha sido internada em um hospital psiquiátrico, com um diagnóstico que incluía distúrbios emocionais graves e comportamentos autodestrutivos. Ela sentiu a raiva subir em seu peito. Como Sn conseguira esconder isso de todos? Como ela estava agora tão bem, tão "perfeita", se tudo isso estava em seu passado?
Zara leu mais alguns papéis, descobrindo tratamentos e terapias a que Sn tinha se submetido, e também uma carta de alta médica, mencionando que Sn havia se "recuperado". Mas algo dentro de Zara não parecia certo. A dor do passado de sua irmã parecia estar escondida, enterrada sob uma fachada de sucesso.
No entanto, o som de passos a tirou de seus pensamentos. Ela rapidamente guardou tudo na caixa e fechou a porta do quarto de Sn, saindo com a mesma discrição que entrou. Seu coração batia acelerado enquanto ela se dirigia para o seu próprio quarto.
Ela sabia que teria que contar a Axel. Não podia mais esconder aquilo. Mas sabia que ele não acreditaria nela. Ele sempre acreditara que Zara era apenas desconfiada e exagerada. Mesmo quando ela tentara explicar as complicações do passado de Sn, Axel a ignorava. Ele não sabia a verdade, não sabia o que ela realmente estava enfrentando ao lado de Sn.
No quarto, Axel estava deitado na cama, mexendo no celular. Ele olhou para ela quando entrou.
— Você ainda está acordada? — ele perguntou, notando a expressão tensa no rosto de Zara.
Ela não queria contar agora, mas sabia que não podia adiar mais.
— Axel, eu preciso que você me ouça. Não é sobre ciúmes ou qualquer coisa assim. É sério. — Zara se sentou ao lado da cama dele, olhando nos olhos dele com intensidade. — Sn... ela tem um passado. Um passado que ela esconde. Ela esteve em um hospital psiquiátrico. Ela não é quem você pensa que ela é.
Axel levantou uma sobrancelha e deu uma risada nervosa.
— Zara, sério? Você realmente acredita que ela ainda está escondendo algo? Ela é uma lutadora, uma vencedora. Você já tentou ser legal com ela alguma vez?
