O refeitório estava cheio de vozes e risadas enquanto os lutadores aproveitavam a pausa para o almoço. Axel, como sempre, estava sentado no canto mais barulhento, cercado pelos outros membros do Iron Dragon. Ele estava no centro da conversa, fazendo piadas que arrancavam gargalhadas, até mesmo dos mais tensos. Zara, no entanto, estava mais calada do que de costume.Ela mexia em sua comida sem muito entusiasmo, lançando olhares ocasionais para a porta, como se esperasse que algo — ou alguém — aparecesse.
— Zara, tá tudo bem aí? — Axel perguntou, arqueando uma sobrancelha, percebendo o comportamento incomum da colega.
— Estou ótima — ela respondeu, sem olhar para ele, mas sua voz tinha um tom levemente cortante que não passou despercebido.
O som da porta se abrindo chamou a atenção de todos. Uma figura feminina entrou, carregando um ar de confiança que imediatamente dominou o ambiente. Era Sn, a irmã mais nova de Zara. Ela tinha uma postura elegante, mas determinada, como alguém que sabia exatamente o que queria e como conseguir.
— Oi, pessoal — Sn cumprimentou com um sorriso leve, caminhando até a mesa onde Zara estava sentada.
O refeitório ficou em silêncio por alguns segundos antes de as conversas recomeçarem, agora em tons mais baixos. Axel observou Sn com interesse, um sorriso ligeiro brincando em seus lábios.
— Bem, veja só quem apareceu — Zara disse, sua voz carregada de sarcasmo enquanto cruzava os braços.
— Boa tarde pra você também, Zara — Sn respondeu, sem perder a compostura.
Axel inclinou-se ligeiramente na direção de Sn. — Você deve ser a famosa irmã que todo mundo comenta.
— Depende. Comentam coisas boas ou ruins? — Sn respondeu, lançando um olhar afiado na direção de Zara antes de voltar-se para Axel.
— Ah, acho que a maioria é boa — Axel disse com um sorriso provocador. — Mas eu prefiro formar minha própria opinião.
Sn deu uma risada breve. — Então vou tentar impressionar.
Zara bufou. — Você sempre tenta impressionar, Sn. Não é à toa que conseguiu tudo o que tem tão rápido, sem ajuda de ninguém.
O tom ácido na voz de Zara deixou claro que havia algo mais profundo naquela relação do que uma simples rivalidade fraternal. Axel, percebendo a tensão, decidiu intervir.
— Vocês duas devem ter histórias interessantes para contar. Que tal compartilharem com a gente? — ele sugeriu, um brilho divertido nos olhos.
— Não acho que nossas histórias interessariam a você, Axel — Zara respondeu secamente, desviando o olhar.
— Fala por você, Zara — Sn disse, olhando diretamente para Axel. — Acho que ele parece curioso o suficiente para ouvir.
Axel riu, se inclinando para frente. — Eu sou curioso, sim. E pelo jeito, tem muita coisa pra descobrir sobre vocês duas.
Sn puxou uma cadeira e sentou-se, ignorando o olhar de desaprovação de Zara. — Então, Axel — ela começou, apoiando o queixo na mão. — Qual é o seu truque para sobreviver nesse lugar cheio de egos inflados?
Axel deu de ombros, ainda sorrindo. — Simples. Eu tenho o maior ego de todos.
Sn riu genuinamente, e por um momento, até Zara pareceu hesitar. Mas logo voltou a sua postura defensiva, observando os dois com um misto de irritação e... talvez, ciúme.
O almoço continuou, mas o foco de Axel estava claramente em Sn. A conversa entre os dois fluía com naturalidade, deixando Zara ainda mais incomodada. Não era apenas a presença da irmã que a irritava, mas a maneira como Sn parecia conquistar todos ao seu redor, mesmo em um lugar onde teoricamente ela era a forasteira.
Axel, por outro lado, parecia fascinado por Sn. Havia algo nela que o intrigava — talvez a confiança, talvez a maneira como ela parecia não se importar em chamar atenção, ou talvez fosse apenas o fato de que ela parecia ser um desafio tão grande quanto qualquer oponente que ele já enfrentara no tatame.
Enquanto os outros começavam a sair do refeitório, Axel ficou para trás, encostado em uma mesa, observando Sn.
— Você é interessante, sabia? — ele disse, quebrando o silêncio.
— Interessante como? — Sn perguntou, arqueando uma sobrancelha.
— Como alguém que não se intimida com nada — Axel respondeu, o sorriso em seus lábios se ampliando. — Eu gosto disso.
Sn sorriu de volta, inclinando-se ligeiramente em sua direção. — Talvez você não tenha me conhecido o suficiente para mudar de ideia.
Axel riu, cruzando os braços. — Eu gosto de desafios. E você parece ser o maior deles.
Zara, que observava de longe, apertou o punho. Para ela, a presença de Sn era como uma sombra constante, uma lembrança do quanto elas eram diferentes. Mas para Axel, parecia que Sn era exatamente o tipo de energia que ele queria ao seu lado — ou, pelo menos, alguém que ele queria entender melhor.
