Imperador 👑
Hoje é quarta, dia de visita. Mas uma vez eu estava sendo levado pelo guarda até a sala de visita, mas dessa vez não seria visita íntima.
Eu já fiquei sabendo que minha coroa não vai poder vim na visita de hoje, vai ter que levar o Felipe pro médico. É foda, pô. Bate maior saudades de ver a coroa, tá ligado? Mente fica a milhão, maior cota que eu não sei o que é receber a benção dela, receber seu abraço, mexe comigo um bagulho desse. Tô com saudades até do Felipe, aquele pestinha do caralho, apronta pra porra, mas o garoto é meu sangue.
Filho do meu irmão, do Kauan, que agora, foi morar no céu. Kauan teve Felipe muito novo, engravidou uma menina de 15 anos e ele tinha 18. Minha coroa surtou, brigou pra caralho com ele e eu só na minha... ele que escolheu esse bagulho, podia muito bem ter evitado. O garoto com 18 anos e não era nada na vida, não tinha uma fonte de renda. Minha mãe não conseguiu me salvar do crime, mas Kauan ela conseguiu, tanto que o sonho dele era ser cantor, o menor pensava que ia virar aqueles cantor, pique Cabelinho, mas o sonho foi embora assim que Felipe chegou na vida dele, foi aí que ele começou a entrar pra vida do crime.
Eu não evitei nada, papo reto. A vida era dele, ele fazia o que ele quisesse, cada ato tem sua consequência e ato dele teve a consequência, então, eu apenas deixei. Tu pensa que ele morreu por causa do crime? Morreu com uma doença, aquele bagulho de Aids. Alguma puta que ele comia, passou a doença pra ele, faziam 3 anos que ele estava com a doença e não sabia, não procurou se cuidar e quando soube, já era tarde demais. Kauan morreu com 21 anos, Felipe tinha só 3 anos. Hoje Kauan teria 24 anos.
Felipe no começo morava com a mãe dele, mas a garota estudava integral, passava o dia todo na escola, então, minha coroa passava a semana toda com ele e nos finais de semana, a garota pegava ele. Foi conversado e hoje em dia, Felipe tem duas casas, a casa da mãe e da minha coroa, sempre que a mãe dele pode, pega ele, mas agora a garota trabalha e faz curso, algum bagulho assim.
A porta é aberta pelo o guarda, que apenas com o olhar, manda eu entrar. Manda, manda e eu respiro fundo, como sempre, a palavra mandar, pra quem nunca obedeceu ordens de ninguém, é foda. Sempre obedecendo as minhas próprias ordens.
Eu entro dentro da sala, olhando para a mesa no centro e as duas cadeiras, uma de frente para a outra. Eu tô ligado que dia de quarta a fila de visita é grande pra caralho, tem que chegar cedo. Nem todo preso escolhe ter visita íntima, então, ao domingos a fila não é tão grande. Ando até a cadeira que fica de costas para a porta e me sento ali. Tiro um cigarro do bolso, levando ele até os lábios e ascendendo. Dou uma tragada, tirando o cigarro da boca e soprando a fuma pro ar, imaginando um baseado. Só assim pra ficar tranquilo, essa porra desse cigarro é ruim, não curto, só queria minha maconha, papo reto.
Após algum tempo, o barulho da porta sendo aperta entra pelos meus ouvidos e eu continuo de costas, sentindo o cheiro doce entrar pelas minhas narinas. Inalo o seu cheiro bom e levo o cigarro até a boca.
— A fila de espera tá muito grande, hoje é só 1 hora e meia de visita. — escuto a voz do guarda e solto a fumaça pro ar. A porta é fechada e trancada. Eu continuo na mesma posição, vendo a garota linda passar pelo o meu campo de visão.
Jade: Bom dia. — deseja e eu a olho de baixo a cima. Hoje a camisa era preta, com uma calça jeans. Usava a mesma sandália que da última vez e estava linda e cheirosa, também como da última vez. Ela não precisava fazer qualquer tipo de esforço pra ser bonita.

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Através das Grades [M]
Fanfiction+16| a visita íntima era apenas um detalhe em um jogo maior, o jogo do amor.