Taylor Brauns sempre foi apaixonada por estórias de aventura em alto mar. O seu atual tutor, um marinheiro aposentado, ensinou-lhe quase tudo o que poderia longe da água: como usar uma bússola e uma luneta, localizar-se através da posição dos astros...
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Era um fato que as tempestades de inverno deixavam os marinheiros doentes. Às vezes eles morriam no navio em questão de poucos dias, tossindo muito, então não demorou para Taylor perceber que alguém havia pegado um resfriado forte. Obviamente, Elizabeth era teimosa demais para admitir, por isso Taylor não trouxe o assunto à tona por algum tempo e, da maneira mais discreta possível, lhe oferecia uma poção específica para gripe ou a mantinha mais aquecida do que o normal enquanto dormiam.
No entanto, à medida que os dias passavam, dores de garganta e dores de cabeça (piores do que as habituais) foram seguidas por tosses secas e intensas que a deixavam quase sem fôlego. Foi numa manhã, durante uma crise particularmente forte de tosse, que Taylor perdeu a paciência e puxou Elizabeth de volta quando ela tentou se levantar.
Suas costas estavam muito quentes, seu nariz extremamente vermelho e tudo indicava um resfriado péssimo.
— Já chega — disse Taylor, segurando-a pelos ombros. Elizabeth levantou o olhar e lançou-lhe o tipo de olhar que fazia os marinheiros abaixarem a cabeça e murmurarem mil desculpas. Mas aquilo não funcionava com sua namorada. Nunca funcionara. — Você está doente e precisa descansar. Vai se deitar e descansar.
— Estou bem, é só uma gripe.
— Lizzie, isso é sério! Esses resfriados não são brincadeira, você mesma me disse que eu precisava me manter aquecida porque ficar doente é perigoso.
— Te disse isso porque você é um pouco sensível, amor — ofereceu ela, um sorriso sacana que não causava o mesmo efeito quando sua testa estava brilhando com suor frio e o seu rosto corado da febre que se apoderava do seu corpo.
O nariz vermelho é adorável, pensou Taylor, mesmo sem abaixar a guarda.
— Vou avisar a Lúthienna — declarou, não esperou uma resposta, fechou a porta da cabine atrás de si. Uma parte pequena de si torceu para Elizabeth ir atrás e discutir mais um pouco, mas ela não o fez e isso a deixou ainda mais preocupada.
No convés aberto, um agourento vento alcançou sua face de súbito, sibilando naquela longínqua língua que Taylor sabia pertencer às ninfas do vento, embora não pudesse desvendar as palavras murmurantes. Às vezes, sua mãe sussurrava no seu ouvido, avisos e frases doces que não significavam muito vindo de uma mulher que ela nunca conheceu. Em outros momentos, a brisa trazia lamúrias e risos distantes de pessoas e memórias que ela nunca viveu — era difícil compreender a dimensão da sua parte ninfa, o que podia fazer, quão longe podia chegar sem seu lado humano puxá-la de volta ao chão.
Du Yunwen, a Mestre de Navegação, parou ao seu lado.
— Tudo bem, garota? — perguntou, naquele agradável tom de voz que Taylor se acostumara nos últimos meses. Ela vinha a ensinando tudo o que sabia sobre navegar olhando os astros ou as propriedades do ar. O que fosse possível para aprimorar os seus poderes.