Jade ✨
Me deito na cama de Isadora, vendo as duas na minha frente.
Pedi pro garoto me trazer pra cá, não queria pisar lá em casa, não quero me bater com o meu pai e eu não sei se ele foi pra lá ou não.
Isa: Olha pelo o lado bom, Jade. — coloco minhas duas mãos no rosto — Pelo menos tu vai sentar pro dono do morro. — eu acabo soltando uma risada sincera com o que essa garota acabou de dizer.
Dani: Se manca, Isadora. — tiro a mão do rosto e olho para as duas.
Isa: Me mancar pelo o que? Falei nada demais, tô só relembrando. — me sento na cama, encostando minhas costas na parede — É de que horas amanhã?
Jade: De 13 horas até as 16 horas, duas horas de visita. — tiro o meu cabelo das costas, jogando ele pra frente e fazendo um coque, prendendo ele com o meu próprio cabelo.
Isa: Duas horas sentando pro dono do morro. — dessa vez todas nós rimos.
Jade: Para de fazer graça nesse momento, Isadora. Eu não quero rir, esse é o meu momento de tristeza. — ela revira os olhos.
Isa: O momento de tristeza já passou, agora é só alegria. Ainda mais hoje, que tem baile. Ui, tô louca pra sentar pra um bandido. — começa a rebolar a bunda até o chão, fazendo uma batida de funk com a voz.
Dani: Não sou que nem você, vou ficar com meu amorzinho. — ela para de dançar.
Isa: Ai, amorzinho pra cá e amorzinho pra lá. Eca! — faz ara de nojo — Prefiro a putaria, ser livre leve e solta, sentar pra todos que eu quiser.
Dani: Isso é porque ainda não arrumou um que te coloque no eixo. — se deita, colocando a cabeça nas minhas pernas.
Isa: Tá pra nascer um bofe que vai me colocar no eixo. Difíci, viu? — nego com a cabeça — Vai pro baile hoje, Jade?
Jade: Tenho nem pique pra isso. Vou ficar em casa, que amanhã será um grande dia. — tiro meu celular do bolso do short — Nino me deu 500 reias pra me "organizar" pra fazer a visita íntima amanhã.
Isa: Ou seja, esse se "organizar", quer dizer, comprar uma lingerie bem de prostituta, deixar a buceta lisinha, arrumar cabelo, unha, fazer bronze, deixar tudo alinhada pro Imperador gamar. — estalo a língua no céu a boca.
Dani: E olha que ainda dá tempo de fazer tudo isso. — vira a cabeça para cima e me olha — Se quer continuar com as vistas e quitar a dívida do teu pai, tem que fazer o Imperador gostar de você e querer continuar com as suas visitas. — elas não estão mentindo, realmente eu tinha que estar bonita pra ele e fazer com o que ele goste de mim.
Isa: Lá no salão onde eu trabalho, hoje eu tô de folga, mas eu posso falar com a minha chefe pra conseguir uma vaga pra gente. — se senta ao nosso lado na cama.
Dani: E a minha tia faz bronze, da pra gente fazer um bronze de cabine e tava tudo certo. — bate palmas animada.
Jade: E a lingerie? — pergunto.
Isa: Tem uma conhecida minha que vende, eu peço pra ela mandar as opções e a gente escolhe. Ela faz entrega. — concordo vendo as duas animadas, enquanto eu só pedia a Deus pra dar tudo certo.
[...]
Chego em casa e já se passavam das oito horas da noite, depois de passar o dia todo fora de casa. Realmente eu fiz tudo, fiz unhas do pé e da mão, no pé minha famosa francesinha e nas mãos fiz em gel, dei uma escova no meu cabelo e aproveitei pra refazer minha sobrancelha e meus cílios. Por último, comprei a lingerie que chegou lá na casa da Isadora e fiz o bronze.
Entro dentro de casa respirando fundo, desejando por tudo que ele não estivesse lá dentro. Passo o meu olhar pela a sala, vendo a minha mãe lavando os pratos na cozinha. Ela fecha a torneira e limpa as mãos no pano de prato. Ela se vira para mim e me olha de cima a baixo.
Andréa: De onde você arrumou dinheiro pra fazer isso tudo? — vou até o fogão, vendo macarrão com salsicha dentro de uma panela — Responde, Jadynna.
Jade: Fiz os meus corres, graças ao seu marido. — falo ironicamente. Não adianta eu esconder, melhor ela saber por mim que agora eu vou ter que começar a fazer visitas íntimas pra pagar a dívida do marido dela.
Andréa: O que você vai fazer? — pego um prato e coloco o macarrão dentro do prato.
Jade: Visita íntima pra pegar a dívida do meu querido pai. — sorriu fraco, indo até a geladeira e abrindo ela. Pego a jarra de suco e ponho o prato em cima da mesa. Coloco o suco dentro do copo e volto com a jarra para a geladeira. Minha mãe não abre a boca em nenhum momento, eu apenas pego o prato e o meu copo de suco e sento na mesa, começando a comer, sendo observada por ela.
Andréa: Você não deveria ter aceitado isso. — nega com a cabeça.
Jade: Ou eu aceitava, ou ele morria. — levo o garfo com o macarrão até a boca e doendo a mastigar.
Andréa: O que o Jorge se tornou... — fala com decepção em sua voz. — Começa quando? — termino de engolir e abro a boca.
Jade: Amanhã. — ela arregala os olhos — Algumas quartas todos domingos, até quitar a dívida. Também vou ganhar um dinheiro por fora, vai dar pra pagar os boletos atrasados.
Andréa: Me desculpa, filha. — eu olho para ela, que tinha os seus olhos cheios de lágrimas.
Jade: Não é você que me deve desculpas mãe, é ele. — ela limpa a lágrima que escorria pelo o seu rosto.
Andréa: Mas não era pra eu deixar você fazer isso, estragar a sua vida por causa dele e não poder fazer nada. — nego com a cabeça.
Jade: É só por um tempo, depois eu não vou precisar mais fazer isso. — levo outra garfada até a boca.
Andréa: E o seu trabalho? — senta na cadeira a minha frente.
Jade: Eu vou falar com o seu Joás, dizer pra ele que vou vou fazer um curso, vou inventar alguma história. Quando eu chegar das visitas, ou antes de ir fazer, eu cumpro o meu horário normal. — ela concorda com a cabeça — Espero que ele me entenda.
Eu termino de comer com ela tirando as suas dúvidas e pergunto se o meu pai veio aqui hoje, ela disse que ele não deu as caras. Sinceramente, espero que ele não esteja fazendo mais dívidas, pois eu não quero estar fazendo isso em vão.
Eu tomo banho e coloco minha roupa de dormir, entro no meu quarto e tranco a porta como de costume. Vou até a janela e fecho ela, escutando o som do baile rolar solto. As menina forma, mas como eu disse, não tenho pique para ir.
Eu me deito em minha cama e me aconchego, fechando os olhos e deixando o cansaço me vencer.

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Através das Grades [M]
Fanfiction+16| a visita íntima era apenas um detalhe em um jogo maior, o jogo do amor.