Capítulo 11

268 34 9
                                    

Yara

Na manhã seguinte, Erik não compareceu no café da manhã, nem no almoço e muito menos no jantar. Nos horários de refeição, via Alfred indo e voltando com uma bandeja de comida. Não que esperasse uma reação diferente dele, Erik havia deixado claro que não me queria por perto.

Mas não foi isso que pareceu quando ele me imprensou contra a parede e me beijou como se a vida dele dependesse disso.

Minha mente estava me traindo. Não, aquilo só aconteceu porque ele estava bêbado. Apenas um pequeno deslize, eu não deveria pensar mais nisso. E foi isso que tentei fazer durante os dias que se seguiram, com sorte Erik me evitaria e com o tempo esqueceremos o que aconteceu e tudo voltará a ser frio e monótono como sempre.

━━━━━━━ ⟡ ━━━━━━━

Não conseguia parar de pensar em Erik, aquele homem estava atormentando minha mente. Não estava prestando a mínima atenção em nada do que Alfred tentava me explicar. O mordomo estava me dando "aulas de etiqueta", se assim podemos dizer, sobre a máfia. O baile anual aconteceria em dois dias e eu precisava estar preparada para o evento. Mas, naquele momento, eu pouco me importava com as famílias mafiosas que mandavam no país, quais celebridades estariam no evento ou qualquer político corrupto que iria para fazer alguma média; eu só conseguia pensar no toque de Erik, do seu hálito quente com sabor de vodka e seu corpo perigosamente próximo do meu e...

— Senhora? — A voz de Alfred trouxe-me de volta à realidade.

— Sim? — respondi, tentando soar atenta.

Ele me olhou com um semblante calmo, Alfred não era tolo, e sua perspicácia era quase desconcertante às vezes.

— Como estava dizendo, a senhora deve estar ciente de que, durante o baile, cada movimento seu será observado. A postura, o modo como interage... Tudo será analisado por olhos que não costumam perdoar deslizes. — Ele fez uma pausa, talvez para avaliar minha expressão, que imagino ainda carregava vestígios da minha distração anterior. — É importante que esteja preparada, não só para manter as aparências, mas para... sobreviver.

A última palavra fez com que eu endireitasse a postura, a realidade me atingindo como um soco. Sobreviver. No fundo, eu sabia que não estava sendo apenas apresentada como esposa de Erik, mas também testada. E falhar em um teste não era uma opção viável.

Respirei fundo, tentando afastar os pensamentos sobre o toque de Erik e focar no que importava agora.

— O senhor Romanov estará ao seu lado, claro — continuou Alfred. — Porém, deve demonstrar segurança. Os que estarão lá são experientes em farejar o medo, e, com tudo que está em jogo, a última coisa que deseja é ser vista como uma fraqueza.

A palavra "fraqueza" ecoou em minha mente. Eu nunca quis parecer fraca, pelo contrário, eu queria provar a todos que mesmo nas condições em que me encontrava, eu seria forte, mesmo que isso significasse aprender a caminhar sobre o fio da navalha.

— Eu entendi, Alfred. — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava.

Ele sorriu de maneira quase imperceptível, talvez satisfeito com minha reação, ou talvez apenas aliviado por finalmente ter capturado minha atenção.

— Excelente, senhora. Sugiro que descanse. Continuamos com a lição amanhã.

Assenti, observando Alfred se afastar com a habitual elegância.

— Alfred, espere. — disse antes que ele pudesse sair pela porta. — Erik não está na mansão? — Nos últimos dias notei que ele não levava mais refeições para Erik.

Mafioso MascaradoOnde histórias criam vida. Descubra agora