Cinco longos e tortuosos dias tinham passado desde o tal incidente com o psicopata do Zayn. Quem é que ele achava que era? Quem é que ele achava que eu era?
Eu tentava, sem grande sucesso e desesperadamente, afundar a minha cabeça em trabalho, mas desde que fui expulsa do liceu, o ballet é a única coisa que me ocupa o tempo. E digamos que não é o trabalho mais exigente, ou talvez seja, mas sai-me tão naturalmente! Ultimamente, não sinto como se fosse um trabalho, sequer. É respirar o ar marinho pela primeira vez ou abraçar alguém que amamos... É um alívio.
Dizer que o Louis andava a transbordar de secretismo é um eufemismo colossal. Ele estava constantemente fechado em casa ou, as poucas vezes que eu o conseguia encontrar pelo centro recreativo, a evitar-me. Ele estava obviamente a pesquisar sobre o Zayn, sobre mim, a procurar uma ligação, etc. E obviamente não estava a encontrar as respostas que pretendia. O Louis era excelente a encontrar pessoas, informação, qualquer coisa, digamos. Tinha altas qualificações em informática e em geral, um ótimo instinto, além de ser bastante esperto. Ou seja, isso não só o fazia um excelente aluno, mas também um dos mais experientes e avançados dotados das trevas da nossa geração, provavelmente. Mas nem isso parecia ser o suficiente para perceber o Zayn.
No fundo, talvez ele estivesse só a gozar connosco, a manipular-nos. Ele dá definitivamente um novo significado a ser um dotado da luz.
O Zayn estava a manter a sua distância, pelo menos. A irmã dele não aparecia nas minhas aulas á uns dias, a sua figura não era vista no liceu há algum tempo e mesmo qualquer feitiço de localização da Johanna tinha acabado por se revelar infrutífero. Sem nenhum outro familiar próximo, parecia que eles tinham desaparecido, que se tinham evaporado simplesmente.
Não que isso me importasse, mas tinha me tornado bastante interessada no que o Zayn queria de mim, o que ele sabia, já que atualmente desconheço maior parte da minha história. Não sei quem é o meu pai, pelo menos nada além de que era francês e que me deixou uma pequena fortuna, algo que me ajuda a viver, já que não tenho um grande salário. A minha mãe foi atriz e bailarina, bastante conhecida e desde que eu nasci vivíamos em Nice, ela a fazer espetáculos, eu a estudar, investindo sempre no ballet clássico, o que a orgulhava principalmente. Da parte da minha mãe não tenho família, só a Johanna, já que elas costumavam ser amigas na antiga Academia de New York de Dotados. Infelizmente a minha mãe morreu há cerca de 4 anos, sem nunca me falar nada do meu pai e daí ter sido obrigada a mudar-me para os Estados Unidos, inicialmente para casa dos Tomlinson, por causa do seu testamento. Mas será que era possível ele saber mais sobre mim do que eu?
E será que se ele soubesse, eu queria saber? De qualquer das maneiras, a curiosidade matar-me-ia.
A manhã já ia a meio. Por impulso, tinha começado a bater com o lápis na capa dura dum livro dos muitos que estavam dissipados na minha cama, enquanto estudava algumas das características dos dotados da luz. Há que conhecer o inimigo, certo? Estava na quinta página, já coberta de rabiscos, quando o nome do Louis apareceu no ecrã do meu telemóvel. Deslizei o meu dedo pela superfície rapidamente, em confusão.
"Ol-"
"Em minha casa, 10 minutos." Ele interrompeu-me, desligando o telemóvel rapidamente. A sua breve voz transparecia excitação, por isso não demorei a estar pronta. Guardei algum dinheiro, o telemóvel e a chave, depois de ter trancado a porta. A casa dos Tomlinson ficava a umas centenas de metros do meu apartamento, num dos limites da floresta que circunda a nossa pequena cidade, portanto decidi ir a pé.
Cheguei num quarto de hora, ou seja, atrasada, a sua casa, com o vento fresco do outono a revoltar o meu cabelo. Mal bati à porta, ouvi os passos de quem eu achava ser Louis a correr para abrir-ma. Ele cumprimentou-me, e, muito apressadamente, arrastou-me para a cave. O lugar estava em pantanas, livros espalhados pela mesa, um portátil na eminência de cair, folhas e folhas e folhas, umas soltas e escrevinhadas, outras amassadas pelo chão. Um desastre.

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swan || z.m.
Fanfiction"Sentia-me a escamar. Todos os dias perdia mais um pouco de mim, cada camada a ameaçar ser a gota de água necessária para me derramar. Já não sei quem sou e duvido ser quem queria ser. Tudo o que quero é o que ele quer porque sinto que o tenho de re...