Lothalóme - Reino das Arvores

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O caminho dos sobreviventes anões foi longo e silencioso até o Reino de Galathrendil. Cada passo parecia pesar sob a tristeza e o cansaço de seus corpos, mas, ao se aproximarem dos portões dourados, uma nova sensação os envolveu. O brilho suave das torres reluzentes e o aroma das árvores milenares preenchiam o ar com uma nota de acolhimento. Era como se o próprio reino os convidasse a descansar e a se recuperar.

Os portões se abriram, revelando o esplendor das construções élficas em meio ao bosque. A rainha élfica surgiu à frente, trajando um manto esvoaçante que refletia as cores do sol poente. Seus olhos, profundos e sábios, pareciam carregar uma compaixão imensurável, como se ela entendesse a dor que os anões carregavam. Com passos graciosos, ela se aproximou, e sua voz ecoou suave:

"Sejam bem-vindos ao nosso lar, amigos. Vocês encontrarão abrigo e paz aqui, e poderão permanecer pelo tempo que precisarem. Enquanto estiverem sob nossas árvores, estarão seguros."

O líder dos anões, um guerreiro de olhar duro, agora revelava uma expressão mista de alívio e tristeza. Aproximou-se da rainha e fez uma reverência, a barba grisalha quase tocando o chão. Quando ergueu o rosto, os olhos brilhavam com uma gratidão genuína.

"Majestade... as palavras não conseguem expressar o que sentimos. Não esqueceremos sua generosidade," disse ele, com a voz embargada.

A rainha fez um gesto para seus guerreiros elfos, que prontamente se curvaram em sinal de respeito e se afastaram, prontos para preparar uma área isolada onde os anões pudessem construir um novo lar temporário. Ali, entre as árvores, os anões sentiriam o calor de um refúgio, algo que, mesmo sem ser seu lar de pedra, os reconfortaria.

Conforme eram guiados, o líder dos anões ergueu o olhar para o céu entre as copas das árvores douradas. O perfume suave das folhas e o som de riachos ao longe trouxeram-lhe um vislumbre de esperança em meio ao peso da tragédia que ainda o consumia.

Nas Montanhas Distantes

Enquanto isso, em um ponto remoto nas montanhas, o grupo de Karathiel havia encontrado um abrigo entre rochas e árvores densas, onde se protegeriam até a noite cair. No entanto, Borin não encontrava paz. Sua respiração estava pesada, e, pela primeira vez, seu semblante revelava uma angústia profunda, algo muito diferente da força brincalhona que sempre demonstrava.

Karathiel observava em silêncio, sentindo o quanto o amigo sofria. Aproximou-se com passos leves, sentando-se ao seu lado e pousando uma mão gentil em seu ombro.

"Está tudo bem?" ela perguntou, a voz suave, como quem oferece um consolo silencioso.

Ele olhou para o horizonte, mas era como se enxergasse apenas sombras, sem conseguir ver nada além da inquietação em seu peito.

"Sinto algo errado... como um peso aqui dentro" respondeu ele, pressionando o punho contra o peito. "É meu povo. Meu coração sabe que eles estão em perigo, mas não posso ver... não posso saber."

Kara ficou em silêncio por um instante, compreendendo a gravidade do pedido que ele fez a seguir.

"Kara, você tem o dom da visão ampliada. Pode... olhar por mim? Pode me dizer o que está acontecendo lá?"

Ela hesitou. A visão, para ela, era uma ferramenta que muitas vezes trazia revelações dolorosas. Mas o desespero nos olhos do amigo a fez acenar, aceitando o pedido. Ela fechou os olhos por um instante, respirou fundo, e quando os abriu o focou em direção ao reino de seu amigo anão.

Ela viu as portas do reino anão destruídas, as muralhas manchadas de fuligem e fumaça subindo como um lamento silencioso. O cheiro de cinzas e metal queimado invadiu seus sentidos, e o eco de vozes distantes, gritos abafados pela destruição, a cercou.

Guardiãs da Luz - KarlenaWhere stories live. Discover now